Bovespa cai 2% pressionada por Bradesco e Fed
Por Priscila Jordão
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa brasileira caiu mais de 2 por cento nesta quinta-feira, em dia de agenda intensa, pressionado pelo forte recuo das ações do Bradesco e com o mercado ainda digerindo o comunicado de política monetária do Federal Reserve na véspera.
O Ibovespa recuou 2,38 por cento, a 45.628 pontos, menor nível de fechamento desde 1o de outubro. Foi a quinta sessão consecutiva de queda. O giro financeiro somou 5,4 bilhões de reais.
O mercado continuou digerindo comunicado do Federal Reserve na véspera, no qual o banco central dos EUA deixou a porta aberta para uma alta de juros já em dezembro.
"Ainda temos algum impacto negativo em função da maior probabilidade que o mercado deu a um movimento em dezembro pelo Fed. Isso com certeza é pior para emergentes, principalmente os mais frágeis, com balanço de riscos mais desfavorável, que é o caso do Brasil", disse o analista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira.
O Departamento do Comércio dos EUA informou nesta quinta que o crescimento econômico norte-americano desacelerou com força no terceiro trimestre, para 1,5 por cento na taxa anualizada, mas a demanda doméstica sólida pode encorajar o Fed a elevar a taxa de juros em dezembro.
O noticiário doméstico também não encorajou o mercado. Os esperados números do setor público brasileiro mostraram déficit primário de 7,318 bilhões de reais em setembro, desempenho melhor que o projetado pelo mercado, mas favorecido principalmente pelo adiamento do pagamento da primeira parcela do 13º salário a aposentados.
O desembolso ficou para outubro, enquanto no ano passado foi realizado em setembro. "Com certeza o resultado não convence", disse o analista da Whatscall Pedro Galdi.
DESTAQUES
=BRADESCO caiu 4,5 por cento nas preferenciais e exerceu a maior pressão de baixa no índice. O banco divulgou lucro levemente acima do previsto pelo mercado no terceiro trimestre, mas aumento nas despesas para calotes, em meio a elevação no índice de inadimplência acima de 90 dias. Na véspera, as ações do banco tinham subido 2,56 por cento.
=JBS recuou 4,82 por cento, após a Pilgrim's Pride, empresa de alimentos norte-americana da JBS, divulgar resultado fraco na noite da véspera. Além disso, o Conselho da JBS aprovou empréstimos adicionais por sua subsidiária JBS USA no valor de até 1,2 bilhão de dólares, em um momento de avanço da moeda norte-americana ante o real.
=OI subiu quase 7 por cento nas preferenciais, em meio à notícia do jornal O Globo de que o Conselho de Administração da operadora teria aprovado, com ressalvas, proposta do fundo LetterOne de fazer um aporte de até 4 bilhões de dólares na empresa para permitir uma fusão com a TIM PARTICIPAÇÕES, cuja ação subiu 3,26 por cento. O jornal cita uma fonte não identificada, afirmando que foram pedidas mudanças quanto ao tempo de conclusão da oferta de fusão e às garantias.
=USIMINAS caiu 3,44 por cento, depois de registrar o quinto prejuízo trimestral seguido, com desempenho pior que o esperado, e de anunciar a paralisação "temporária" da produção de aço na usina siderúrgica de Cubatão, no litoral de São Paulo. A empresa disse que cortará o investimento pela metade em 2016, mas não espera que isso resulte em redução do nível de endividamento nos próximos trimestres. A siderúrgica CSN, que ainda não divulgou resultado, caiu 6,51 por cento, no embalo da rival.
=SANTANDER BRASIL viu suas units caírem 3 por cento, apesar do resultado do terceiro trimestre, quando elevou margens nas operações de crédito e manteve as despesas e inadimplência sob controle para alcançar lucro acima das projeções no terceiro trimestre.
=VIA VAREJO, que está fora do Ibovespa, caiu 4,14 por cento, com a divulgação de prejuízo no terceiro trimestre. Analistas do BTG Pactual mantiveram a visão cautelosa sobre a empresa após o balanço. "Embora amplamente esperados, os números confirmam o fraco momento operacional para a Via Varejo", escreveram em relatório.
=MULTIPLAN caiu 4,63 por cento após seu resultado mostrar queda de 14 por cento do lucro no terceiro trimestre, com receita menor e fraco desempenho de lojas já maduras.
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