Soja intensifica recuo na CBOT com alta do dólar no exterior; no Brasil, preços sem direção comum

Publicado em 23/10/2015 10:09

O mercado internacional da soja voltou a recuar de forma mais intensa na sessão desta sexta-feira (23) na Bolsa de Chicago. Após buscar registrar perdas mais amenas e procurar manter a estabilidade, as cotações já perdiam mais de 5 pontos entre as posições mais negociadas. Com isso, o vencimento novembro/15 era cotado a US$ 8,94 por bushel. 

Apesar de estar com sua atenção dividida entre os fundamentos, o mercado trabalha de forma bastante técnica, respeitando seus patamares de suporte e resistência, com os US$ 9,00 por bushel sendo uma referência ainda forte e bastante importante. Na sessão anterior, o novembro/15 chegou a bater na máxima de US$ 9,13. 

Além disso, contribui para uma pressão sobre os preços não só da soja, mas das commodities negociadas nas bolsas americanas de uma forma geral, a alta do dólar no cenário internacional, como explica o analista de mercado Bob Burgdorfer, do site internacional Farm Futures.

"Ontem já tivemos o quantitative easing na Europa, mais dinheiro no mercado, hoje, a China cortando juros, mais dinheiro no mercado. Com isso, o dólar se valoriza e as commmodities cedem", explicou o consultor em agronegócios, Ênio Fernandes. "Em minha análise, a queda foi mínima, poderemos ver mais baixas, mas não devemos romper níveis de suporte", completa. 

No Brasil, a moeda norte-americana opera com intansa volatilidade frente ao real nesta sexta-feira e, depois de superar os R$ 3,90, voltou a cair e, por volta das 13h (Brasília), perdia 0,60% e era cotado a R$ 3,884. Assim, o dia era, novamente, de falta de uma direção definida para os preços. 

No terminal de Rio Grande, a soja disponível subia 1,41% para ser cotada a R$ 86,20 por saca, enquanto a da nova safra, com entrega por volta de maio/16, valia R$ 83,30, com recuo de 1,07%. 

Fundamentos e financeiro em Chicago

No quadro internacional os traders mantêm em seus radares às novidades tanto da conclusão da safra dos Estados Unidos - com quase 80% da área já colhida - e o início da nova safra da América do Sul. E após semanas consecutivas de tempo quente e seco, as previsões de chuvas para importantes regiões produtoras do país vem pesando sobre as cotações desde a sessão desta quinta-feira (22).

Ao mesmo tempo, há mais novidades sobre a demanda nesta sexta-feira. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe mais um anúncio de venda de soja, neste caso de 208 mil toneladas da safra 2015/16 para a China, além de informar a troca do anúncio desta quinta (22) - de 236 mil toneladas - de destinos não revelados para a nação asiática. 

Outro fator que poderia ser observado, ainda nesta sexta-feira, é o rebaixamento da taxa de juros na China pela sexta vez desde novembro pelo Banco Central. A medida tem como objetivo estimular a economia e faz parte de um pacote de um ciclo de afrouxamento de política monetária adotado pelo governo do país. O índice foi reduzido em 0,25 ponto percentual para 4,35%. 

Para Camilo Motter, analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, tanto o corte nos juros quanto na taxa de depósito compulsório caminham dentro de medidas que possam trazer mais liquidez ao mercado, podendo favorecer os investimentos e o consumo. 

"Em condição CETERIS PARIBUS, ou seja, analisando esta medida isoladamente em relação à demanda, ela é positiva. Agora, a economia é uma ciência social, depende, portanto, do comportamento dos agentes econômicos", diz. 

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Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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