Presidente da CNA diz que só uma política econômica específica para o Nordeste reduzirá os desequilíbrios regionais
O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, considera que somente a adoção de uma nova política de desenvolvimento econômico específica para o Nordeste poderá resolver problemas crônicos da região e permitir um crescimento contínuo e sustentável, com distribuição de renda. Um dos problemas, que se arrasta há décadas, é a incapacidade financeira dos pequenos produtores rurais de quitarem os financiamentos contratados junto aos bancos para o plantio, além de investimento e também o crédito emergencial.
“É preciso um modelo econômico específico para a região, tendo em vista que medidas pontuais como a renegociação da dívida dos produtores, medida necessária e urgente para atender os agricultores, não resolvem mais o problema”, assinalou Martins. A questão do endividamento dos produtores nordestinos junto aos bancos, especialmente no caso do Banco do Brasil e do Nordeste, foi discutida nesta semana durante encontro do presidente da CNA com o deputado estadual pelo PSDB da Paraíba, Tovar Correia Lima.
João Martins informou ao parlamentar paraibano que a CNA está elaborando documento contendo proposta, a ser encaminhada ao Governo Federal, com subsídios para solucionar, em definitivo, questões essenciais que se arrastam há décadas e impedem o crescimento sustentado da economia regional.
Na opinião do presidente da CNA é preciso um esforço conjunto de toda a classe política nordestina, com seus representantes no Congresso Nacional atuando de maneira firme e consensual. Essa atitude, segundo ele, seria o caminho capaz de garantir a aprovação de leis com tratamento “diferenciado ao produtor nordestino, sempre colocado em segundo plano em relação às regiões desenvolvidas do país”.
Números preocupantes - Durante a audiência, o assessor parlamentar da CNA, Nelson Vieira Fraga Filho, apresentou um resumo dos estudos que estão sendo feitos e o nível de comprometimento dos pequenos produtores rurais junto aos bancos cujos valores já foram incluídos na dívida ativa da União.
Os números indicam, segundo dados da CNA, que, em 2008, existiam 35 mil produtores inscritos na dívida ativa, correspondendo a R$ 8 bilhões. Sete anos depois o número de agricultores subiu para 150 mil e o volume da dívida atingiu R$ 15 bilhões, levando-se em conta dados consolidados da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), sendo a maioria de pequenos produtores rurais com dívidas de até R$ 50 mil.
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