Dólar recua e encosta em R$ 3,90 com alívio externo, após quatro altas seguidas
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava ante o real nesta quinta-feira, após quatro dias seguidos de avanço, refletindo o alívio nos mercados emergentes de câmbio diante de expectativas de que a política monetária continue expansionista nos Estados Unidos e a zona do euro.
Por outro lado, operadores continuavam preocupados com a situação política e econômica do Brasil. A perspectiva de que a Selic não suba no curto prazo também deixava os investidores com um pé atrás, uma vez que reduz a atratividade do país.
Às 12:04, o dólar recuava 0,59 por cento, a 3,9196 reais na venda, após acumular alta de 3,75 por cento nas quatro sessões anteriores em meio a pressões internas e externas.
"O dólar subiu bastante nos últimos dias e hoje o cenário externo está um pouco mais tranquilo, é de se esperar que o mercado aqui também fique um pouco mais sossegado", disse o operador de uma corretora internacional.
Uma rodada recente de dados mistos sustentou apostas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, não elevará os juros neste ano, enquanto declarações do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, alimentaram expectativas de que o BCE pode manter seus estímulos por mais tempo do que o previsto.
A recuperação das bolsas chinesas nesta quinta-feira também contribuía para o bom humor. Nesse contexto, o dólar tinha queda contra moedas como o peso mexicano e o rand sul-africano.
O dólar chegou a operar em alta durante a manhã, atingindo 3,9647 reais na máxima da sessão, refletindo a preocupações dos investidores com o quadro doméstico difícil, mas anulou o avanço em linha com outros mercados emergentes ao longo do discurso de Draghi.
No Brasil, porém, a moeda norte-americana seguia pressionada pelas incertezas políticas e econômicas que vêm elevando as cotações recentemente. A perspectiva de eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e a crescente deterioração das contas públicas brasileiras deixavam os investidores apreensivos.
Além disso, investidores evitavam vender dólares após o BC manter a Selic nos atuais 14,25 por cento e desistir da missão de trazer a inflação para o centro da meta no ano que vem, adiando o objetivo para 2017. Operadores entenderam a decisão como sinal de que as chances de os juros básicos voltarem a subir no curto prazo são pequenas, apesar de o BC ter prometido vigilância.
"O BC indicou que os juros não devem subir, o que deixa o país menos atraente para estrangeiros", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.
Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou 7,680 bilhões de dólares, ou cerca de 75 por cento do lote total, que corresponde a 10,278 bilhões de dólares.
(Por Bruno Federowski)
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