VEJA (EXCLUSIVO): Baiano relata em detalhes sua atuação a serviço do PT no assalto à Petrobras
No fim de junho o ex-presidente Lula se reuniu com os líderes do PT e do PMDB, em Brasília. O encontro ocorreu na casa de Renan Calheiros, presidente do Senado. Acossado pelo petrolão, o maior escândalo de corrupção da história do Brasil, Lula saiu-se com a tática que sempre adotou, com sucesso, nesses casos: arrastar mais gente para o seu lado, na tentativa de tornar o grupo maior do que a boca do abismo que o ameaça.
Lula disse aos presentes que toda a primorosa investigação da Polícia Federal secundada pelo trabalho implacável dos procuradores federais e de juízes de diversas instâncias não passa de uma "campanha para desmoralizar a classe política". Lula chamou de arbitrários o juiz Sergio Moro e os demais responsáveis pela Operação Lava-Jato.
-- "O país foi sequestrado pelo Moro. Temos de reagir no Supremo Tribunal Federal", concordou José Sarney, o ex-presidente cuja filha, Roseana, é investigada no caso.
Obviamente o objetivo da reunião na casa de Renan não foi arrancar o país das garras do arbítrio e devolvê-lo à normalidade democrática. O objetivo foi encontrar um jeito de restaurar a velha ordem da impunidade para os poderosos da República que a Lava-Jato ameaça contrariar pela primeira vez em nossa história.
Em comum, muitos dos participantes da reunião tinham, além do fervor republicano, o fato de estarem na boca dos delatores da Lava-Jato como beneficiários do dinheiro desviado da Petrobras. Até mesmo Delcídio Amaral, líder do governo no Senado, que participou da reunião, acabou enlaçado no escândalo. Lula, Renan e Delcídio foram listados como beneficiários do petrolão pelo lobista Fernando Soares, o Fernando "Baiano".
Em sua delação premiada ao Ministério Público, Baiano declarou ter pago a José Carlos Bumlai, compadre de Lula, 2 milhões de reais em propina, cujo destinatário final seria uma nora do ex-presidente.
Comparsa de petistas e peemedebistas, Baiano narrou minuciosamente como intermediou propina para as lideranças dos dois partidos. Tudo custeado pelos cofres da Petrobras. Tudo registrado em um documento de dezesseis páginas obtido por VEJA, no qual o delator, condenado a dezesseis anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, relata em detalhes sua atuação a serviço do PT e aliados no assalto à Petrobras.
Delator acusa líder de Dilma no Senado de ter recebido propina duas vezes; estão na lista Renan, Jader e ex-ministro de Lula
Pois é, pois é… Paulo Roberto Costa já havia incluído o nome do senador Delcídio Amaral (PT-MS) entre os beneficiários do petrolão. O STF mandou arquivar uma investigação contra ele por falta de evidências. A situação do agora líder do governo no Senado voltou a se complicar.
Fernando Soares, o Fernando Baiano, delator tido como operador principalmente do PMDB, afirmou em depoimento que repassou a Delcídio US$ 1,5 milhão referente à compra da refinaria de Pasadena.
Delcídio também teria sido beneficiário de propina relativa a aluguel de navios-sonda, junto com Renan Calheiros, Jader Barbalho e o ex-ministro Silas Rondeau.
A revelação de parte do conteúdo da delação de Baiano foi feita pelo Jornal Nacional desta sexta. Leiam. Volto em seguida.
*
O delator da Operação Lava Jato Fernando Baiano citou o nome de mais um parlamentar como beneficiário do esquema. O senador Delcídio Amaral, do PT, teria recebido propina quando a Petrobras comprou a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Em março, o Supremo Tribunal Federal não viu motivos para investigar o senador Delcídio Amaral, do PT do Mato Grosso do Sul, e arquivou o caso em que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa citou Delcídio na delação.
Ele disse que “ouviu dizer”, que Delcídio teria recebido propina quando era diretor de Gás e Energia da Petrobras, de 2000 a 2002. Mas agora o nome de Delcídio Amaral voltou a ser citado, desta vez na delação premiada de Fernando Baiano.
Ele contou que Delcídio recebeu US$ 1 milhão ou US$ 1,5 milhão. Dinheiro desviado do contrato da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O delator disse que o dinheiro foi repassado para pagar a campanha de Delcídio ao governo do Mato Grosso do Sul, em 2006.
A compra da refinaria de Pasadena causou prejuízo de mais de US$ 790 milhões, segundo o Tribunal de Contas da União. Essa é a primeira vez que um delator cita Delcídio como beneficiário de propina no contrato de Pasadena. Delcídio teria indicado Nestor Cerveró para diretoria Internacional da Petrobras, responsável pelo contrato de Pasadena, o que ele nega.
As revelações estão sendo investigadas por delegados e procuradores. O nome de Delcídio também citado em outro contrato da Petrobras, de navios-sonda. Baiano revelou um acerto envolvendo Delcídio, o presidente do Senado, Renan Calheiros, o senador Jader Barbalho e o ex-ministro Silas Rondeau, os três do PMDB.
E US$ 4 milhões desse contrato da Petrobras seriam desviados para pagá-los. As negociações avançaram e o valor final foi de US$ 6 milhões.
Baiano disse que o operador desses pagamentos foi o lobista Jorge Luz.
O senador Delcídio Amaral disse que considera um absurdo o nome dele ser citado. Que ele conheceu Fernando Soares na década de 1990 e que depois não teve mais contato com ele.
O senador Jader Barbalho disse que não conhece Fernando Soares e que na época da denúncia não era senador. O presidente do Senado, Renan Calheiros, negou as acusações. Também negou que conheça Fernando Soares. Disse ainda que não autorizou ninguém a falar em nome dele em nenhuma circunstância.
Nós não conseguimos contato com o advogado de Jorge Luz, nem com o ex-ministro Silas Rondeau.
Retomo
Dizer o quê? É uma pena, claro!, que, nesses casos, a investigação certamente não vá avançar com tanta celeridade, não é mesmo?
Aliás, o escândalo de Pasadena é um troço que ficou meio solteiro, largado pelo caminho, no meio dessa confusão. É claro que tudo isso tem de ser investigado e que não se trata de decretar a culpa e a condenação dos citados.
Mas resta evidente que parece haver menos interesse da turma quando “governistas governistas” são atingidos pelas delações. A predileção mesmo é pelo “governista oposicionista”.
Por Reinaldo Azevedo
Lula recebeu R$ 4 milhões da Odebrecht
Viagens do Brahma eram sucedidas por concessões de empréstimos do BNDES
Lula recebeu R$ 4 milhões da Odebrecht, segundo os documentos obtidos por Época.
“No papel, dinheiro para ‘palestras’. Na prática, dinheiro para alavancar os negócios da empreiteira no exterior.”
O “Palestrante” (grafado desse jeito nos papéis da empresa) foi mobilizado para atuar em locais onde a Odebrecht enfrentava pepinos em seus contratos, como na Venezuela.
Em outros casos, como enumero abaixo, “as viagens de Lula eram sucedidas por concessões de empréstimos do BNDES para obras de infraestrutura no país.”
A Odebrecht também bancou os gastos de R$ 3 milhões com as viagens (em aeronaves fretadas).
Esses gastos incluem transporte e hospedagem em hotéis “5 estrelas ou superior”, além de bebidas alcoólicas em alguns casos (fora do contrato).
Eis um resumo do suposto tráfico de influência do Brahma, com base nas informações da revista.
1) Venezuela
Cachê: R$ 330 mil.
Junho de 2011:
Lula dá “palestra” na Venezuela sobre “Avanços alcançados até agora pelo Brasil”.
“Lula se encontra com o empresário Emílio Odebrecht, pai de Marcelo Odebrecht, hoje preso em Curitiba, e com o então presidente venezuelano, Hugo Chávez, morto em 2013.
Era um momento de tensão entre o governo venezuelano e a empreiteira, que cobrava uma dívida de US$ 1,2 bilhão.
Telegramas sigilosos do Itamaraty sugerem que Lula e Chávez trataram sobre a dívida.”
Quatro dias depois:
Chávez se encontrou com Dilma em Brasília.
A dívida com a Odebrecht já estava acertada.
2) Angola
Cachê: R$ 158 mil + R$ 479 mil.
a) 30 de junho e 1o de julho de 2011:
Lula foi contratado pela Odebrecht para dar uma palestra na Assembleia Nacional em Luanda sobre “O desenvolvimento do Brasil – modelo possível para a África”.
“Em seguida, Lula se reuniu por 40 minutos com o presidente do país, José Eduardo dos Santos.
Após a conversa, Lula se encontrou com Emílio Odebrecht e com diretores das empreiteiras Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.”
28 de julho de 2011:
“BNDES liberou um empréstimo de US$ 281 milhões (R$ 455 milhões, em valores da época), tão aguardado pela Odebrecht, para a construção de 3 mil unidades habitacionais e desenvolvimento de infraestrutura para 20 mil residências em Angola.”
b) 6 de maio de 2014:
“Lula e Emílio Odebrecht voltaram a se encontrar em Angola.
Na manhã do dia seguinte, Lula teve uma reunião de cerca de uma hora com o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.
Nesse encontro, discutiram, entre outros assuntos, a linha de crédito do BNDES para a construção da hidrelétrica de Laúca, segundo telegramas do Itamaraty.”
Dezembro de 2014 (7 meses após a visita de Lula):
“O ministro de finanças de Angola, Armando Manuel, assinou o acordo de financiamento com o BNDES.”
Maio de 2015:
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, parceiro de Lula no Foro de São Paulo, deu o último aval para a liberação de um empréstimo que pode chegar a US$ 500 milhões (R$ 1,5 bilhão).
3) Cuba:
a) Entre 28 de janeiro e 3 de fevereiro de 2013:
Lula vai com Alexandrino Alencar para Cuba e República Dominicana.*
Naquela ocasião, Lula visitou o Porto de Mariel, parceria entre a Odebrecht e o governo cubano, que recebeu US$ 832 milhões do BNDES.
4 meses depois:
“BNDES liberou a quinta parcela do financiamento do projeto, de US$ 229,9 milhões (R$ 482,7 milhões), que estava represada devido ao atraso nos pagamentos e à falta de garantias para a operação.”
4) República Dominicana
* Cachê: R$ 373 mil.
31 de janeiro:
“Lula desembarcou na República Dominicana, onde se encontrou com o presidente Danilo Medina.
E lá foi o líder petista visitar, novamente, outro canteiro de obras da Odebrecht.”
6 meses depois:
“A Odebrecht conseguiu mais US$ 114 milhões (R$ 228 milhões) do BNDES para desenvolver o corredor Viário Norte-Sul no país.”
****
Como mostrei em vídeo de 5 de outubro, a velha cumplicidade de Lula e Luciano Coutinho é mesmo recheada de “coincidências”.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
A degeneração da política chegou a tal ponto que declarações, negociações e acordões que deveriam provocar repulsa são feitos à luz do dia (por André Petry)
Nem Cícero, cuja prosa esplêndida ajudou a elevar uma língua de alcoviteiros às glórias de um idioma épico, foi capaz de convencer os romanos da pureza permanente de seus propósitos. Na sua disputa fatal com Marco Antônio, mesmo Cícero usou seu latim para fazer o que todos os políticos fazem desde os primórdios da civilização - esconder, enganar, despistar e selar negociações, trocas e acordos que, examinados à luz do dia, causam embaraço e constrangimento. Por isso, profissionais e amadores concordam: a política é o território do cinismo. Mas, na semana passada, exacerbando uma tendência que se agiganta ano após ano, a política brasileira atingiu um patamar de descompostura capaz de impressionar os bárbaros e escandalizar os romanos.
Em encontro com sindicalistas da CUT, a presidente Dilma Rousseff fez seu discurso mais contundente contra a ameaça de impeachment e atacou seus adversários chamando-os de "moralistas sem moral". Referia-se ao fato de que, nas fileiras da oposição, há flor mas também há pântano, a começar pela aliança sempre envergonhada com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acusado de manter quatro contas secretas na Suíça. O raciocínio fazia sentido: querem limpar o governo com faxineiros enlameados? Ocorre que, antes do discurso moralista, Dilma deu uma demonstração daquela moral de conveniência que tanto desacredita os políticos: autorizou seus ministros a negociar um acordo de salvação mútua com o mesmo Eduardo Cunha das contas secretas na Suíça.
0 comentário
Arthur Lira acena para avanço de projetos sobre “Reciprocidade Ambiental”
CMN amplia prazo para vencimento de crédito rural em cidades do RS atingidas por chuvas
Ibovespa fecha em alta à espera de pacote fiscal; Brava Energia dispara
Macron e Biden dizem que acordo de cessar-fogo no Líbano permitirá retorno da calma
Fed cita volatilidade e dúvidas sobre taxa neutra como motivos para ir devagar com cortes, diz ata
Gabinete de segurança de Israel aprova acordo de cessar-fogo com o Líbano