Seca ameaça safra de café do Brasil pelo 3º ano consecutivo
SÃO PAULO (Reuters) - Os cafezais do Brasil poderão registrar perdas de produtividade pela seca pelo terceiro ano consecutivo, se a chuva não chegar nas próximas semanas, frustrando um bom começo para a florada e diminuindo ainda mais os estoques globais da commodity, disseram especialistas nesta terça-feira.
Após uma primeira florada muito boa no meio de setembro, as chuvas necessárias para garantir o desenvolvimento dos pequenos frutos ainda precisam se materializar.
Meteorologistas esperam precipitações generalizadas no cinturão de café a partir da próxima semana, na melhor das hipóteses. Mas uma massa de ar quente e seco na região produtora, que bloqueia a chegada das frentes frias, apresenta um risco para as esperanças de chuva.
José Braz Matiello, agrônomo do grupo de pesquisa Procafé, disse que não houve perdas significativas registradas até agora. Mas adicionou que os pequeno frutos podem começar a cair das árvores entre 80 e 100 dias após a florada, se as chuvas forem irregulares.
"As preocupações do mercado miram não só o déficit hídrico atual, mas, principalmente, a questão do El Niño, que projeta pouca chuva nas áreas cafeeiras e muita no Sul, o que vem se confirmando", disse Matiello.
Ele acrescentou que as altas temperaturas também são um risco para cafezais, enquanto as chuvas continuarem irregulares.
Os contratos futuros do café arábica têm subido constantemente nas últimas semanas em Nova York, ganhando 18 por cento ante o mês passado, para 1,34 dólar por libra-peso, com os participantes do mercado esperando estoques reduzidos antes do início da próxima safra brasileira, no começo de 2016.
"Nós precisamos de chuvas para que as folhas cresçam e façam sombra aos pequenos frutos, para que eles se sustentem nos ramos", disse o corretor Adelson Costa, em Varginha (MG).
(Por Reese Ewing; reportagem adicional de Roberto Samora)
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