Mato Grosso altera novamente vazio sanitário da soja-- que passa para 15/06 a 15/09

Publicado em 02/10/2015 04:22
Plantio será permitido até 31 de dezembro; e colheita não poderá ultrapassar 5 de maio.

O Vazio Sanitário da soja, medida fitossanitária de combate e controle da ferrugem asiática, tem nova data em Mato Grosso. De 15 de junho a 15 de setembro de cada ano, fica proibido o plantio e a existência de plantas vivas de soja nas propriedades do estado. A nova data foi definida pela Instrução Normativa Conjunta 02/2015, assinada pelo Instituto Nacional de Defesa Agropecuária em Mato Grosso (Indea) e pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec).

A medida foi recebida com cautela pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). “A definição da nova data foi um avanço para o agricultor, pois recuperamos o prazo de 90 dias de proibição, como vinha sendo até 2014. Trabalhamos ativamente há mais de um ano para rever também outros pontos, mas não tivemos sucesso absoluto. Chegamos então ao limite da negociação, uma vez que as demais alterações propostas pela entidade não encontraram amparo na pesquisa e esse é o limite imposto pelos órgãos”, analisa o presidente da associação, Ricardo Tomczyk.

Além do novo período, a instrução normativa define, pela primeira vez, um prazo limite para o plantio de soja em Mato Grosso: 31 de dezembro. A colheita também é delimitada para até 5 de maio de cada ano.

A sucessão da cultura – soja sobre soja – mantém-se proibida em Mato Grosso, assim como permanece a exigência de que o agricultor mantenha atualizado seu cadastro junto o Indea. A obrigatoriedade de pelo menos duas aplicações de fungicidas na propriedade também continua prevista e é item de fiscalização rotineira pelos órgãos competentes.

A instrução normativa conjunta foi baixada na quarta (30), mas teve um aditivo hoje (01/10) em sua redação (01/10). Suas determinações entram em vigor a partir dessa data. 

DEFESA AGRÍCOLA

Aprosoja alerta para uso de fungicidas de diferentes modos de ação durante plantio

Utilização contínua de um mesmo ativo faz com que a eficácia seja proporcionalmente reduzida

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) alerta aos produtores rurais do Estado que seja feito durante o plantio da safra de soja 2015/2016 o uso de fungicidas de diferentes modos de ação. Também conhecido como rotação de fungicidas, a prática é fundamental para o controle de doenças durante este período.

Como explica o departamento técnico da entidade, é a partir da rotação que a eficácia dos fungicidas pode ser melhorada. “Em razão natural da pressão de seleção, qualquer agente de controle de doenças pode ficar menos efetivo ao longo do tempo. No caso da ferrugem da soja, a preocupação é ainda maior pelo número limitado de modos de ação dos fungicidas disponíveis, associado às populações de esporos menos sensíveis, e à baixa eficiência destes ativos isoladamente”, explica Eduardo Vaz, analista de Defesa Agrícola da Aprosoja.

Também devido ao uso de fungicidas com diferentes modos de ação, a vida útil dos produtos utilizados tende a ser ampliada. “Por meio da rotação, a vida útil pode ser prolongada com a adoção de boas práticas culturais de manejo, como respeitar o tempo ideal de aplicação, a dose e os intervalos recomendados no receituário agronômico”, diz Vaz.

Controle eficaz – Apesar de alertar para o uso de fungicidas de diferentes modos de ação, a Aprosoja recomenda que todo produtor consulte, sempre que possível, profissionais da área, que poderão fazer diagnósticos específicos, com base na realidade de cada local.

Os diagnósticos precisos também são fundamentais para que outras possibilidades de controle sejam apontadas. “Demais métodos de controle poderão ser utilizados, como resistência genética, controle cultural, biológico, fungicidas protetores, dentro do programa de Manejo Integrado de Doenças (MID), quando disponíveis e apropriados.  Além disso, em função de condições sazonais, genética de planta e pressão da doença, é necessário sempre consultar um Engenheiro Agrônomo para recomendações específicas e melhor controle da doença”, afirma Eduardo Vaz.

EMBRAPA: Sistemas integrados facilitam o manejo de plantas daninhas em sistemas produtivos

A monocultura e a sucessão das mesmas culturas nos sistemas produtivos têm contribuído para tornar cada vez mais complexo o manejo de plantas daninhas. Para evitar o uso excessivo de herbicidas, encarecendo a produção, uma boa alternativa é a rotação de culturas e a utilização de sistemas integrados de produção como a integração lavoura-pecuária.
 

Durante o I Simpósio Nacional sobre Plantas Daninhas em Sistemas de Produção Tropical, realizado nos dias 29 e 30 de setembro em Sinop (MT),  foram apresentados alguns resultados de pesquisa que mostram a eficiência da manutenção de cobertura viva e de palhada no solo para a redução da população de plantadas daninhas. Plantas como as crotalárias, as braquiárias, o milheto e os consórcios com milho exercem uma competição com as espécies indesejadas e ainda as suprimem devido ao sombreamento e à palhada que formam.

Exemplos mostrados pelo professor da Universidade Federal de Goiás, Paulo Timossi, evidenciam como é possível reduzir altas infestações de plantas daninhas como a buva, por exemplo, utilizando outras culturas.

De acordo com ele, a integração lavoura-pecuária é uma das principais estratégias a serem utilizadas pelos produtores, pois além de suprimir as plantas invasoras, possibilitam a geração de renda com a pecuária.

Pastagem

A integração lavoura-pecuária também foi apontada como importante ferramenta a ser utilizada quando se trata de pastagens degradas. De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Moacyr Dias-Filho, além de reduzir os custos com a recuperação da pastagem, a integração possibilita a recuperação da fertilidade do solo e, consequentemente, reduz-se a possibilidade de reinfestação de plantas daninhas na pastagem restaurada.

Ele explica que as plantas daninhas não são a causa da degradação de pastagens, mas sim uma consequência visível da degradação.

"Apenas o controle de planta daninha não resolve o problema de degradação. É preciso combater a causa. É como combater uma febre sem saber o que está a causando", exemplifica.

Este combate de plantas daninhas em pastagens, no entanto, nem sempre é fácil. Sobretudo quando se tratam de gramíneas como o capim-navalha e o capim capeta. O pesquisador da Embrapa Acre Carlos Maurício de Andrade destacou a falta de produtos seletivos para essas plantas com registro para uso em pastagens. Ele ressalta a necessidade de mais pesquisas nessas áreas e maior articulação junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para que produtos já testados tenham seu uso liberado nessas condições.

Enquanto esses herbicidas não são liberados, os pecuaristas podem lançar mão, além da integração com lavoura, de formas de controle manuais e com a utilização de aplicadores seletivos, como as enxadas químicas. Porém, a adoção de cada estratégia varia de acordo com as características da infestação das plantas daninhas e também com a disponibilidade de maquinário, mão-de-obra e com as condições de logística da fazenda.

Embrapa Agrossilvipastoril

Problema de resistência a herbicidas passa por desinformação de técnicos e produtores

O relato de casos de plantas daninhas resistentes a herbicidas tem aumentado nos últimos anos no Brasil e em outros países produtores de grãos. O uso incorreto de tecnologias transgênicas e a falta de rotação de moléculas são os principais causadores deste problema. De acordo com especialistas, o maior responsável por este cenário é a desinformação de técnicos, produtores e até mesmo de professores nas universidades.

Esse tema foi alvo de discussão em uma mesa redonda durante o I Simpósio Nacional sobre Plantas Daninhas em Sistemas de Produção Tropical, que começou nesta terça-feira, dia 29, em Sinop (MT).

Conforme apresentação do professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR)Michelangelo Trezzi, em várias regiões brasileiras já foram encontradas plantas daninhas como o capim amargoso, o capim pé-de-galinha e três espécies de buva com resistência a diferentes tipos de herbicidas. Além de trazer aumento nos custos de produção para o controle, a resistência pode ocasionar a perda de produtividade das lavouras.

Preocupação maior ainda é com o surgimento de resistência dupla, quando uma planta adquire resistência a mais de um tipo de molécula.

De acordo com Trezzi, em todos os casos, o manejo correto do sistema produtivo, com uso de plantas de cobertura e formação de palhada são uma técnica importante na prevenção do surgimento das plantas daninhas. A rotação de herbicidas com diferentes princípios de ação também é fundamental para evitar a seleção de indivíduos resistentes.

Para o professor da Unesp/Botucatu e presidente do Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), Edivaldo Velini, é preciso maior conscientização técnica dos usuários das tecnologias, para que possam fazer o manejo correto.

De acordo com ele, das 23 solicitações de liberação comercial de eventos transgênicos que tramitam naCTNBio, 14 são referentes a eventos de soja, milho e algodão resistentes a diferentes tipos de herbicidas. Entretanto, ele alerta que o lançamento de novas tecnologias não é uma solução para o problema das plantas daninhas resistentes.

Para que os novos materiais e os herbicidas aos quais são resistentes tenham longevidade é preciso investir em conhecimento.

"Hoje toda vez que você faz uma inovação, imediatamente você tem que desenvolver as políticas de preservação desta inovação. As políticas de longevidade em geral são educacionais. Não faz muito sentido trazer inovações muito complexas e muito eficazes se não tiver agregado a isso as políticas de ensino aos produtores, de ensino aos técnicos e até aos professores de como proteger a longevidade delas", ressaltaVelini.

Amaranthus palmeri

Outra planta daninha que já apresenta resistência a determinado tipo de herbicida é o Amaranthus palmeri. Apesar de ter relato da presença dela em apenas uma região em Mato Grosso, os exemplares encontrados eram resistentes ao glifosato.

O relato deste evento também foi apresentado durante o Simpósio. Entretanto, de acordo com o agrônomo do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) Edson Ricardo de Andrade Junior, a ocorrência da planta daninha se deu em apenas três fazendas vizinhas em uma região isolada do estado. De acordo com ele, o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea) tomou as providencias necessárias de controle e combate e está monitorando a região.

Amaranthus palmeri é a principal planta daninha das lavouras norte-americanas e até este ano nunca havia sido encontrada no Brasil.

Lançamento de livros

Na noite desta terça-feira, durante programação social do Simpósio, a Sociedade Brasileira de Ciência das Plantas Daninhas promoveu o lançamento, com sessão de autógrafos, de dois livros.

Organizado por Miniram Inoue, Rubem Oliveira Jr., Kassio Medes e Jamil Constantin, "Manejo deAmaranthus" reúne textos de 24 autores de diferentes instituições que discutem os aspectos biológicos e de controle deste gênero em diversas culturas.

Já o livro "Aspectos biológicos e econômicos do uso de herbicidas à base de 2,4-D no Brasil", escrito pelos pesquisadores Robinson Osipe e Jethro Osipe , apresenta uma análise completa sobre a molécula no controle de plantas daninhas. A obra reúne dados que comprovam a segurança, eficácia e importância do 2,4-D no controle de plantas daninhas nas culturas da soja, milho, cana, trigo, arroz e café no Brasil.

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Fonte:
Aprosoja MT/EMBRAPA

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