Preço da soja em dólar recua 26% em um ano e Farsul alerta para os cuidados com a negociação da próxima safra

O aumento da produção de soja em países como os Estados Unidos e o Brasil desencadeou uma elevação nos estoques mundiais do grão, mesmo com a demanda forte nos últimos anos, puxada principalmente pela China.

Com isso, os preços da soja na Bolsa de Chicago sofreram uma desvalorização de 26,70% no último ano. De acordo com levantamento da Farsul (Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul), o preço da soja em dólares no início de setembro de 2014, estava em US$ 25,00 por saco de 60 kg, contra US$ 18,32/bushel praticado atualmente.

No entanto, a forte valorização do dólar frente ao real ajuda na composição dos preços no mercado interno dando uma dimensão distorcida sobre a efetiva cotação do grão. "Isso quer dizer que dos mais R$ 70,00 que os produtores estão recebendo, R$ 30,00 é correspondente a câmbio, que é uma variável que não tem controle", explica o economista da Farsul, Antônio da Luz.

A queda dos preços da soja tem preocupado seriamente os produtores de quase todo o mundo inteiro, sendo a única exceção os produtores brasileiros, considera Luz. Ainda assim, as incertezas políticas e econômicas estão trazendo grande volatilidade no mercado, e a indefinição do cenário político impede uma projeção precisa sobre a taxa cambial no médio e longo prazo.

Essas indefinições interferem nos investimento dos agricultores brasileiros que podem fazer neste momento seus custos com um dólar alto, e comercializar com um câmbio menor no próximo ano. A recomendação é "que com o dólar recorde e os preços da soja recorde, pode ser um bom momento para travar contratos de opção na bolsa", avalia o economista.

O contrato de opção de venda é uma modalidade de seguro que dá ao produtor rural a possibilidade de travar através do preço ou o câmbio e é indicado em momentos de alta volatilidade.