'Financial Times' cita senador e compara Brasil com 'doente terminal'
"Se o Brasil fosse um paciente internado, os médicos da UTI já o teriam diagnosticado como doente terminal", afirma editorial do jornal britânico "Financial Times", especializado na cobertura de temas econômicos, usando a descrição de um senador petista sobre o país.
O jornal não diz quem é o senador, mas complementa sua avaliação com observações igualmente duras.
"A economia está uma bagunça"; "as contas públicas estão uma confusão", segue o texto da publicação, afirmando que, no entanto, foi a crise política e não a econômica que levou a agência de classificação de risco Standard & Poor's a rebaixar a nota de investimento do país, na última semana.
Leia a notícia na íntegra no site Folha de S.Paulo.
Leia na íntegra editorial do 'Financial Times' sobre a crise no Brasil
Em editorial, o jornal britânico "Financial Times", especializado na cobertura de temas econômicos, usa a descrição feita por um senador petista cujo nome não foi revelado para equiparar o Brasil a um doente em estado terminal.
Lembrando a crise política, a impopularidade de Dilma Rousseff e um sistema político "notadamente podre", a publicação diz que, com o quadro atual, é "praticamente impossível" para a presidente solucionar os problemas.
Apesar de tudo, a saída de Dilma representaria um "político medíocre substituído por outro" –o vice, Michel Temer, ou os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.
Leia abaixo a íntegra do texto "A terrível queda do Brasil do êxtase econômico".
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Se o Brasil fosse um paciente em um hospital, os médicos da emergência o diagnosticariam como em estado terminal. Os rins falharam; o coração parará em breve.
Esta, de qualquer forma, é a opinião de um senador do Partido dos Trabalhadores, partido que governou o Brasil por 13 anos, supervisionando tanto sua ascensão no cenário global quanto, agora, sua terrível queda.
A economia está uma bagunça. A pior recessão do Brasil desde a Grande Depressão levará a economia a encolher em até 3% neste ano e 2% em 2016.
As finanças públicas estão em desordem: neste mês, o governo, pela primeira vez desde o início da democracia no país, previu que teria um deficit fiscal primário, o saldo orçamentário antes do pagamento de juros.
O deficit orçamentário real já chegou a impressionantes 9% da produção do país. Como resultado, o endividamento público está crescendo novamente.
Esta é a razão imediata por trás da surpreendente decisão da Standard & Poor's na semana passada de rebaixar a dívida brasileira para "lixo".
Se outra agência de rating seguir a decisão da S&P, muitos investidores estrangeiros terão de vender suas aplicações no Brasil, tornando as coisas piores; cerca de um quinto da dívida do Brasil é de propriedade estrangeira.
Dado o ambiente externo difícil –desaceleração da economia chinesa, o colapso nos preços das commodities e o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos–, o Brasil está sofrendo o começo de um estresse econômico extremo.
Ironicamente, porém, não são os problemas econômicos crescentes do Brasil que motivaram a decisão da S&P, mas a evidente crise política.
Dilma Rousseff, a presidente, não é mais amada pelo próprio partido e sofre de rejeição profunda em todos os demais lugares: é a presidente mais impopular da história do Brasil.
Isso faz com que seja praticamente impossível para ela responder adequadamente à crise econômica.
Especialmente quando o Congresso está mais focado em salvar a própria pele da investigação de um esquema de corrupção que desviou US$ 2 bilhões da estatal Petrobras.
O sistema político brasileiro é notadamente podre. Agora também não está funcionando.
Uma renovação política profunda é uma solução. Infelizmente, há pouca chance de que isso aconteça antes das eleições de 2018.
A impopularidade de Rousseff é razão insuficiente para tirá-la do cargo: se fosse suficiente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que estabeleceu as bases da estabilidade econômica desperdiçada agora pelo Brasil, não teria durado em seu segundo mandato.
Pelo sistema presidencial brasileiro, Rousseff também não pode dissolver o Congresso e convocar novas eleições.
Conhecida por sua teimosia cabeça-dura, Dilma tem insistido que não irá renunciar. Também não há qualquer evidência de que ela, pessoalmente, tenha lucrado com o esquema na Petrobras.
É verdade que ela ainda pode sofrer um impeachment por outras razões, como a contabilidade falsa usada pelo governo.
Mas isso só resultaria num político medíocre substituído por outro. Na linha sucessória há Michel Temer, o vice-presidente, Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, ou Renan Calheiros, o presidente do Senado. Os dois últimos enfrentam acusações de corrupção.
É uma situação de instabilidade crescente. Todos concordam que não pode durar, mas não há caminho claro a seguir.
A situação com os ministros é tão ruim quanto.
Joaquim Levy, o ministro da Fazenda linha-dura de Rousseff, tem liderado as tentativas de cortar o inchado setor público brasileiro. Mas ele tem sido minado por outros que acreditam erroneamente que o Brasil pode voltar a gastar para escapar de seus problemas.
Tendo, segundo relatos, ameaçado renunciar, o rebaixamento pela S&P pode enfraquecê-lo.
Se ele for [embora], os investidores adotarão uma visão sombria da capacidade do governo de endireitar as contas públicas. Depois disso, muito possivelmente, virá o tipo de terreno financeiro acidentado pelo qual o país já viajara. A jornada terminou mal daquela vez e terminaria mal novamente agora.
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