Unica avalia que financiamento do BNDES para renovar estoques de etanol não atende às necessidades do setor
Anunciada na última semana, a renovação do Programa de Apoio ao Setor Sucroalcooleiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES PASS), destinado ao financiamento para a estocagem de etanol, foi recebida pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) com preocupação e cautela.
A entidade acredita que as altas taxas oferecidas provocarão um custo final acima do esperado, o que, certamente, dificultará o acesso dos produtores menores ao crédito, bem como fará com que as grandes empresas procurarem outros programas de financiamento.
Uma das principais alterações da nova versão do programa é a elevada taxa de juros, composta de custo financeiro misto de 25% baseado em TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) e 75% em referenciais de mercado, acrescido de 1,775% ao ano para o BNDES (1,375% no caso das MPMEs – Micro, Pequenas e Médias Empresas) e da remuneração da instituição financeira, a ser negociada livremente entre o cliente e o banco repassador do crédito.
“A linha anunciada pelo BNDES é importante para o setor, mas havia a expectativa que as condições de financiamento fossem muito mais viáveis que as oferecidas. O custo final do empréstimo diante das taxas apresentadas será muito alto e pode não compensar os investimentos necessários à operação de estocagem”, diz Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da UNICA.
Segundo Padua, não é todo produtor que tem a garantia de pleitear e conseguir um financiamento de grande porte em uma instituição. “Os pequenos irão ter muitas dificuldades e os grandes buscarão alternativas mais vantajosas que o BNDES”, ressalta o diretor.
Para a UNICA, as incertezas da próxima safra aumentam as dúvidas sobre a efetividade da linha de crédito para a formação de um volume de etanol que atenda ao período da entressafra. “O programa poderia ter melhor alcance com taxas de juros menores que as oferecidas atualmente, mesmo com um volume menor de recursos a serem oferecidos”, completa o executivo.
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