Com recorde de exportações, frigoríficos contratam 30% mais no PR
Enquanto a economia brasileira encolhe, a indústria de carnes do Paraná bate recorde de produção, exportações e geração de emprego. No primeiro semestre, os frigoríficos do Estado contrataram 30% mais na comparação com igual período do ano passado, chegando a um saldo positivo de 5.491 postos de trabalho.
Os dados se referem ao abate de aves, suínos, reses e pequenos animais e são de um levantamento do realizado pelo Observatório do Trabalho do Paraná da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social com base nos números do Ministério do Trabalho e Emprego.
"O agronegócio paranaense, de uma forma geral, está reagindo positivamente à retração da economia. E o setor de carnes, em particular, mostra uma pujança que não nos surpreende, pois em grande parte ela resulta dos investimentos recentemente realizados por empresas, produtores e coooperativas", declarou o governador Beto Richa.
Segundo Richa, "é essencial que o Estado continue atuando em duas frentes distintas para apoiar o desenvolvimento da agropecuária: o investimento na infraestrutura, que reduz os custos de produção, e a intensificação do processo de industrialização, impulsionado pelo programa Paraná Competitivo". "O que fará a diferença, em favor do nosso produtor, é que a agroindústria amplie cada vez mais o valor agregado de sua produção, seja aquela voltada ao mercado interno ou aquela destinada às exportações", disse ainda o governador.
A região Oeste, com forte atuação na avicultura voltada para exportação, foi a que mais gerou emprego no setor, com 47,5% das contratações no primeiro semestre. A região Noroeste ficou com 18,7% das vagas. Em terceiro lugar veio o Norte Central, com 9,76%.
A previsão de empresas do setor é que o segundo semestre continue com ritmo forte de contratações nos frigoríficos. Pelo menos três empresas do setor já programam a contratação de 1,5 mil pessoas no interior do Estado.
“Políticas públicas bem planejadas, investimento em oportunidades e a energia e confiança do setor abrem o caminho do emprego e de negócios de sucesso”, diz a secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social, Fernanda Richa. “A consequência é o impacto social positivo nessas regiões, onde a distribuição de renda chega a todos as áreas.”
O Paraná é hoje o maior produtor e exportador de frango do País, responsável por 34% dos embarques da avicultura brasileira. “O setor vai a galope em um momento que a economia brasileira vive um cenário cinzento”, diz Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar). A previsão, de acordo com ele, é que, dentro de cinco anos, o Paraná responda por 50% das exportações brasileiras de frango.
COMPETITIVO - De acordo com Júlio Suzuki Júnior, presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), o Paraná tem a vantagem, frente a outros Estados, de ser muito competitivo em um segmento intensivo em mão de obra como o de carnes. “A avicultura paranaense ganhou espaço ao combinar a farta produção de grãos, que se transformam em insumos, com uma indústria eficiente e que investe em tecnologia para alcançar os mercados internacionais”, diz Júlio.
A cadeia paranaense da avicultura abate cerca de 1,6 bilhão de aves por ano. O Valor Bruto da Produção (VBP) do frango de corte foi de R$ 10,2 bilhões em 2014. O setor gera 50 mil empregos diretos e cerca de 500 mil indiretos
Na suinocultura, o Paraná é o terceiro maior produtor brasileiro e quarto colocado na exportação, com a produção de 611,2 mil toneladas em 2014 e geração de 200 mil empregos diretos.
“O que se observa é uma concentração da geração de vagas em municípios cuja produção é voltada para exportação”, diz Juliano Antonio Rodrigues Padilha, economista do Observatório do Trabalho. Municípios como Cafelândia, Palotina e Matelândia, no Oeste do Estado, foram destaque na geração de empregos.
PARANÁ BATE MAIS UM RECORDE NA PRODUÇÃO DE FRANGO
Os frigoríficos do Paraná abateram 152,4 milhões de cabeças de aves em julho, recorde do setor e 9,5% mais do que no mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Sindicato das Indústrias de Produtos Agrícolas do Paraná (Sindiavipar). No acumulado de 2015, o abate totalizou 953,2 milhões de cabeças, alta de 6% na mesma base de comparação.
Com o Real desvalorizado em relação ao dólar, a venda de carne de frango no exterior somou US$ 1,4 bilhão nos primeiros sete meses do ano. A receita foi 10% acima da registrada no mesmo período de 2014.
Em volume, foram 853 mil toneladas, 22% mais na mesma base de comparação, de acordo com dados do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar).
Além do câmbio, barreiras sanitárias impostas aos Estados Unidos por conta de um surto de gripe aviária tem aberto espaço para o frango paranaense. Os frigoríficos têm aumentado embarques para a Ásia e também para o México, de acordo com o presidente do Sindiavipar, Domingos Martins. O frango paranaense é exportado para aproximadamente 155 países.
CONSUMO - Além do crescimento das exportações, o setor se beneficia da migração do consumo da carne bovina para a de frango no mercado interno. Com inflação alta, o consumidor está optando por carnes mais baratas, como de frango e de porco, de acordo com Roberto Carlos Andrade Silva, especialista do setor no Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento (Seab).
A previsão do Sindiavipar é que o atual ciclo de crescimento da avicultura paranaense se mantenha nos próximos anos, com o avanço do consumo de carne de frango. Uma previsão da Organização das Nações Unidades para a Agricultura e Alimentação (FAO) indica que até 2023 a preferência pela carne de frango deve superar a de suíno no mundo.
VENDAS DE CARNE SUÍNA AO EXTERIOR CRESCERAM 35%
A retomada das importações da Rússia impulsionou as exportações de carne suína do Paraná nos primeiros setes meses do ano, com alta de 35%, para US$ 71,6 milhões. Em volume, foram 18 mil toneladas, 48% mais do que no mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
As vendas para a Rússia, que caíram a 23 toneladas nos primeiros sete meses do ano passado, passaram para 5.423 toneladas no mesmo período de 2015. Os russos ocupam a terceira colocação entre os maiores importadores dos Paraná – atrás de Hong Kong e Uruguai.
De acordo com Edmar Gervásio, analista do setor do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento (Seab), os produtores estão ampliando as granjas, o que têm ajudado na geração do emprego na agropecuária.
O Paraná tem 31 mil produtores de suínos. A cadeia está sendo estimulada pelo aumento dos investimentos das cooperativas. Um exemplo é o da Frisia Cooperativa Agroindustrial, que inaugurou nesse mês sua nova Unidade Produtora de Leitões (UPL), em Carambeí, na região dos Campos Gerais. Com capacidade para alojar 5 mil matrizes, a nova unidade pode chegar a uma produção semanal de 2.900 leitões.
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