Dólar sobe e vai acima de R$3,45 por BC e preocupações políticas
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu quase 1 por cento nesta segunda-feira, chegando a 3,45 reais, após o Banco Central sinalizar que não vai aumentar suas intervenções no câmbio mesmo após a moeda norte-americana saltar às máximas em doze anos, e com temores diante da cena política após a prisão do ex-ministro José Dirceu na nova fase da operação Lava Jato, que aproxima-se cada vez mais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O dólar subiu 0,87 por cento, a 3,4545 reais na venda, renovando o maior patamar em 12 anos na terceira alta seguida, acumulando valorização de 3,76 por cento neste período. Na máxima da sessão, a divisa atingiu 3,4618 reais.
Só em julho, o dólar subiu pouco mais de 10 por cento sobre o real, acumulando valorização de quase 30 por cento no ano.
"A prisão (de Dirceu) pode reverberar no Planalto e aumenta ainda mais a sensação de incerteza aqui", disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.
Nesta sessão, o cenário político teve forte peso após a Polícia Federal prender Dirceu, apontado como um dos "líderes principais" que instituiu o esquema bilionário de corrupção na Petrobras ainda durante o período em que ocupava o cargo no Palácio do Planalto, levando a operação Lava Jato diretamente ao centro do governo do ex-presidente Lula.
Em meio a isso, operadores ressaltaram que o término do recesso parlamentar no Brasil deve alçar de volta ao centro das atenções os atritos entre o Legislativo e Executivo na aprovação de medidas que integram os esforços do governo para resgatar a credibilidade da política fiscal do país, motivando cautela nas mesas de operação.
A perspectiva para o curto prazo segue de dólar em alta, com o cenário político interno no centro das atenções. "As tensões políticas têm pesado muito e devem continuar assim", disse o especialista em câmbio da Icap Corretora, Italo Abucater, para quem o dólar pode subir a 3,80 reais no curto prazo.
"Não temos nada no horizonte para favorecer uma queda do dólar", disse.
Pesou ainda sobre o dólar o sinal do BC de que não pretende ampliar sua atuação no mercado. A autoridade monetária deu início nesta sessão à rolagem dos swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares, que vencem em setembro, vendendo a oferta total de até 6 mil contratos. O volume correspondeu a 289,6 milhões de dólares, ou cerca de 3 por cento do lote para o mês que vem, que equivale a 10,027 bilhões de dólares.
Se mantiver esse ritmo e realizar leilões até o penúltimo pregão do mês, como tem feito, o BC rolará 60 por cento do lote total, fatia aproximadamente igual à rolagem dos contratos para agosto. Alguns operadores acreditavam que o BC poderia aumentar o ritmo da rolagem diante da escalada do dólar, que tende a pressionar a inflação ao encarecer importados.
"O BC deixou claro que não vale a pena brigar contra a alta do dólar", disse o superintendente de câmbio da corretora TOV, Reginaldo Siaca.
O mercado de câmbio brasileiro também tem sido pressionado pelo cenário externo, com apreensão sobre a desaceleração da economia chinesa diante do tombo das bolsas do país e pela perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos, que podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados no mercado local.
(Reportagem adicional de Flavia Bohone)
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