Taxa de desemprego sobe a 6,9% em junho, sexta alta e maior nível em 5 anos
Por Caio Saad e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de desemprego no Brasil subiu pelo sexto mês seguido e atingiu 6,9 por cento em junho, nível mais alto em cinco anos, devido à forte procura por trabalho e corte de vagas diante da fraquejante situação econômica do país.
O resultado da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) de junho, após taxa de 6,7 por cento em maio, é o maior desde julho de 2010, quando também foi de 6,9 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
O resultado também é o mais alto para o mês de junho desde aquele ano, quando foi de 7,0 por cento. Em junho de 2014, a taxa foi de 4,8 por cento.
A leitura igualou a expectativa em pesquisa da Reuters, cuja mediana apontava taxa de 6,9 por cento.
O desemprego sobe no Brasil em visível deterioração do mercado de trabalho, como um reflexo desde o início do ano da fraqueza da economia, inflação alta, medidas de ajuste fiscal e aperto monetário, que dificulta a abertura de postos de trabalho.
"A ocupação cai e há uma pressão sobre o mercado de trabalho que aumenta de uma maneira bastante significativa", disse a coordenadora da pesquisa no IBGE, Adriana Berenguy.
"A taxa de desemprego aumenta principalmente entre a população de 18 a 24 anos. Jovens estão exercendo uma pressão maior no mercado de trabalho", completou ela. Segundo Adriana, a taxa nesse grupo que estava em 12,3 por cento em junho de 2014 agora está em 17,1 por cento.
Os números apontam ainda que a população desocupada, que inclui pessoas sem trabalhar mas à procura de uma oportunidade, subiu 3,3 por cento sobre o mês anterior e teve alta de 44,9 por cento ante o mesmo período do ano passado, para 1,686 milhão de pessoas.
Já a população ocupada recuou 0,1 por cento sobre maio, chegando a 22,761 milhões de pessoas, e caiu 1,3 por cento ante o mesmo período do ano anterior. O levantamento abrange as regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
Por outro lado, a renda média real em junho teve avanço de 0,8 por cento sobre maio, mas queda de 2,9 por cento na comparação com um ano antes, a 2.149,00 reais.
O emprego com carteira assinada no setor privado registrou perda de 0,3 por cento na comparação com o mês anterior, ou 39 mil vagas a menos. E em relação a junho de 2014 teve queda de 2,0 por cento, o que significa perda de 240 mil postos de trabalho.
Entre os setores que mais fecharam vagas destaca-se o de construção, com queda 3 por cento sobre maio, mas também de serviços domésticos, com recuo de 1,7 por cento também na comparação mês a mês.
"Antes vocês tinha um processo de dispensa mais na indústria e na construção, e agora começa a ter processos de dispensa em setores que não estavam dispensando tanto", disse Adriana.
Em junho, segundo o Ministério do Trabalho, o Brasil fechou 111.199 vagas formais de trabalho, no pior resultado para junho desde pelo menos 1992.
No trimestre até maio, a taxa de desemprego brasileira subiu a 8,1 por cento, a mais alta da séria histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua iniciada em 2012.
O Brasil caminha para registrar neste ano a primeira contração do Produto Interno Bruto (PIB) desde 2009. Se confirmada a expectativa de economistas na pesquisa Focus do Banco Central de recuo de 1,70 por cento, será a pior leitura para a atividade em 25 anos. Já a inflação deve encerrar 2015 acima de 9 por cento.
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