Petrobras enfraquece e endossa queda da Bovespa por bancos e cena externa
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou em queda nesta terça-feira, renovando mínima em quase quatro meses, após as ações da Petrobras perderem o fôlego com o enfraquecimento do petróleo e Wall Street firmar-se no vermelho.
Nesse contexto, prevaleceu a pressão negativa infligida por papéis de bancos e o Ibovespa fechou em queda de 0,24 por cento, a 51.474 pontos, revertendo ganhos da primeira etapa da sessão, quando chegou a subir 0,77 por cento no melhor momento.
O giro financeiro totalizou 4,9 bilhões de reais.
Em Wall Street, o índice S&P 500 fechou em baixa de 0,43 por cento, após os resultados trimestrais de IBM e United Tech esfriarem o otimismo com a temporada de balanços corporativos.
No caso do petróleo, os preços terminaram em alta, amparados na debilidade do dólar, mas longe das máximas do dia, em sessão volátil marcada pelo vencimento do contrato de agosto da commodity negociada nos Estados Unidos. Na máxima, o petróleo nos EUA subiu 1,7 por cento.
O índice de commodities da Thomson Reuters também mostrou volatilidade, oscilando próximo da estabilidade no final da sessão depois de avançar 0,7 por cento na máxima.
Do front local, também esteve no radar pesquisa CNT/MDA mostrando que avaliação do governo Dilma Rousseff sofreu nova queda devido principalmente à piora do quadro econômico, além de aumento do percentual de entrevistados favoráveis ao impeachment da presidente.
DESTAQUES
=PETROBRAS fechou com as ações preferenciais em queda de 0,2 por cento, após avançar mais de 4 por cento no melhor momento, acompanhando os preços do petróleo. Analistas do HSBC destacaram em relatório que investidores locais têm dado muita importância a questões como crescimento da produção, preços de combustíveis, redução de investimento, o que também consideram guias relevantes para as ações. Porém, os analistas destacaram que a companhia tem mostrado uma forte correlação com os preços do petróleo desde o final de 2014.
=KROTON recuou 2,92 por cento, em nova sessão de perdas no setor de educação. O BTG Pactual disse, em nota a clientes, acreditar que o movimento de queda dos últimos dias pode ser uma antecipação de um resultado fraco de captação de alunos no segundo semestre.
=BM&FBovespa caiu 2,26 por cento, em meio a relatório do BTG Pactual cortando a recomendação da empresa para "neutra", diante de volumes negociados nos mercados cada vez mais fracos e aumento de aversão a risco pela piora dos cenários político e econômico. A recomendação do Bank of America Merrill Lynch (BoA ML) de compra de Cetip e venda de BM&FBovespa via opções corroborou a pressão negativa.
=CETIP, por sua vez, avançou 3 por cento, após os analistas do BofA ML Mario Pierry e Gustavo Schroden elevarem a recomendação para a ação da empresa para "compra" ante "neutra", com preço-alvo a 40 reais. Em relatório no qual cortou rating de BM&FBovespa, o BTG Pactual também afirmou preferir Cetip neste momento.
=BRADESCO cedeu 0,89 por cento, em sessão de fraqueza no setor bancário, com agentes atentos à notícia de que o banco iniciou conversas exclusivas para adquirir a unidade brasileira do HSBC. Uma fonte com conhecimento direto da transação disse à Reuters que a oferta avalia o HSBC Brasil em cerca de 12 bilhões de reais, ou 1,2 vez seu valor contábil. Para o BTG Pactual, qualquer número acima de 1 vez o valor contábil pode ser recebido de forma negativa pelo mercado em um primeiro momento. O Morgan Stanley corroborou o viés baixista dos bancos, com relatório ajustando para baixo os preços-alvos de várias instituições e citando que espera aceleração na inadimplência das empresas nos balanços do setor no segundo trimestre. ITAÚ UNIBANCO caiu 0,84 por cento.
=CSN caiu 6,24 por cento, em sessão marcada por dados fracos do setor siderúrgico, com os distribuidores de aços planos no Brasil registrando no primeiro semestre o pior volume de vendas desde 2009 e prevendo que a previsão de queda da comercialização neste ano deve piorar nos próximos meses. USIMINAS caiu 2,78 por cento. Fora do Ibovespa, também chamou a atenção o recuo de quase 13 por cento do papel ordinário da Usiminas, que tem menor liquidez que a ação preferencial.
=VALE terminou com alta de quase 1,5 por cento, ao encontar suporte em novo aumento dos preços à vista do minério de ferro na China.
=CIELO avançou 0,77 por cento, ajudando a contrabalançar a pressão negativa, com o relatório do Morgan Stanley sobre o setor financeiro como um todo avaliando que a desaceleração no crescimento dos volumes da empresa de meios de pagamento no segundo trimestre deve ser compensada por melhor precificação e números fortes de descontos de recebíveis.
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