A redução da sensibilidade da ferrugem a fungicidas e a estratégia antirresistência, por Erlei Melo Reis
A ferrugem da soja é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Essa ferrugem, de origem asiática, foi detectada no continente americano, no Paraguai, pela primeira vez em 2001 e logo a seguir, em 2002, foi confirmada sua presença na Argentina e no Brasil. Hoje, ocorre em todas as lavouras de soja nas Américas.
O controle químico da ferrugem teve início com a epidemia ocorrente a partir da safra agrícola de 2002/003, período em que vários fungicidas foram utilizados, uns de curta e outros de longa duração, permanecendo em uso até hoje. Para melhor entendimento da origem da falha de controle, na safra 2014/15, uma área de soja de 31 milhões de hectares foi tratada com média de três aplicações/ha, com fungicidas isolados e em misturas. Tal situação resultou em falha no controle, onde o produtor observou que, quando comparada a safras anteriores, a eficiência do fungicida havia sido alterada.
Passadas quatro safras (a partir da 2002/03) de uso dos triazóis, foi relatada a falha de controle em Goiás, na safra 2006/07, para o ciproconazol, flutriafol e tebuconazol. A partir da safra 2005/06, observou-se redução da eficácia do flutriafol, no Mato Grosso, e na safra seguinte, 2007/08, produtores reclamaram da falha de controle no Mato Grosso.
Cedo ou tarde, durante os anos de uso comercial de um fungicida, pode surgir uma linhagem do fungo alvo do controle que não seja mais suficientemente sensível para ser controlado satisfatoriamente por aquela substância química. Esta é a redução da sensibilidade (RS) de Phakopsora pachyrhizi a fungicidas.
Em geral, a RS surge em resposta ao uso repetido de um fungicida com o mesmo mecanismo de ação (sítio específico), numa grande área e com várias aplicações no ciclo da cultura. A primeira evidência dessa alteração é observada pelo produtor, que reclama de “falha de controle”.
O uso isolado de fungicidas com mecanismo de ação em sítio específico – as estrobilurinas – na safra 2008 atingiu 0,45% da área cultivada com soja e, na safra 2012, 3,66% (de 27 milhões de ha). Seu uso isolado em um curto espaço de tempo, em uma grande área, provavelmente aumentou a pressão de seleção sobre o fungo no sentido da seleção direcional de mutantes com sensibilidade reduzida a esses fungicidas.
Os dados científicos mostram que, no período de oito anos (da safra 2004/05 a 2012/13), a eficácia do controle que era sustentada pelas estrobilurinas sofreu redução drástica, mas não abrupta como esperado.
Por exemplo, de 90% de eficiência da azoxistrobina, foi havendo uma redução gradativa de tal maneira que na última safra (2013/14) atingiu uma eficiência de apenas 16%, ou seja, houve grande redução da eficiência do controle da ferrugem da soja.
Estratégia antiresistência: uma lição do passado - Uma das doenças mais destrutivas da agricultura é a requeima ou míldio da batateira e do tomateiro causada pelo estramenópila (ex-fungo) Phytophthora infestans. Fungicidas altamente eficientes e específicos foram desenvolvidos para seu controle e, no início de seu uso, foram recomendadas aplicações desses fungicidas isolados.
Nas primeiras safras, houve sucesso, por serem extremamente potentes. Porém, em pouco tempo, o fungo desenvolveu resistência, ameaçando a vida útil de compostos tão importantes. Para salvá-los, imediatamente, foi adotada a prática de adição a eles de um fungicida de largo espectro e de ação multissítio, como o etilenobisditiocarbamato de manganês (EBDCM) + Zn, ou mancozebe. Ainda não há relatos de fungos desenvolverem resistência a esse fungicida. E a grande novidade é que este pode ser também uma importante ferramenta de estratégia antirresistência para prolongar a vida dos fungicidas usados em soja que apresentam redução da eficiência. Os resultados obtidos nas últimas duas safras são animadores.
Pela adição do fungicida Unizeb Gold, da UPL, todas as misturas de triazóis com estrobilurinas aumentaram a potência contra a ferrugem. Além destas vantagens, a mais importante é reduzir o risco da resistência à semelhança da estratégia antiresistência usada no controle da requeima da batateira e do tomateiro.
A lição apreendida no passado com a requeima da batateira e do tomateiro pode contribuir para a reverter a situação atual de controle da ferrugem da soja pela adição de fungicida multissítio as misturas de triazóis + estrobilurinas e de estrobilurinas com carboxamidas.
SOBRE UNIZEB GOLD
Com o objetivo de contribuir para cultivos de soja, milho e algodão mais eficientes e sustentáveis, a UPL lançou o primeiro fungicida protetor, o Unizeb Gold. Com amplo espectro de ação e eficácia comprovada no controle de diversos patógenos, o produto promete alavancar a produtividade de soja do Brasil, proporcionando o alcance de 100 milhões de toneladas. Por controlar doenças através de vários modos de ação, é considerado “Multi Site”, sendo também um aliado potente para o manejo de resistência.
O novo posicionamento vai de encontro à opinião da comunidade científica, que recomenda o uso de produtos protetores alternados ou junto aos sistêmicos. E é esse conceito de manejo de espécies resistentes que vem orientando os avanços da UPL, como a reunião anual do Eagle Team que, há três anos, reúne os mais renomados fitopatologistas do Brasil para debater alternativas de programas de manejo de resistência, sempre com o intuito de proteger as plantas cultivadas de perdas ocasionadas por doenças, pragas e plantas daninhas resistentes.
FAZENDO CADA VEZ MELHOR
Especializada em pesquisa, manufatura, marketing, vendas e distribuição de agroquímicos, a UPL está presente ao redor do mundo com fábricas na Índia, Argentina, China, Colômbia, Espanha, França, Holanda, Itália, Reino Unido e Vietnã. No Brasil, a meta é atingir um faturamento de US$ 1 bilhão até 2018, reforçar a atuação em culturas onde ela já tem forte presença no mercado brasileiro, como soja e milho, e ampliar o seu atual portfólio para culturas nas quais a sua participação ainda é recente, como cana-de-açúcar, arroz, café, citros, algodão e hortifruti.
SOBRE A UPL
A UPL é uma empresa de atuação global, presente entre o grupo das 10 maiores empresas do ramo no mundo e engajada em pesquisa, manufatura, marketing, vendas e distribuição de agroquímicos e especialidades químicas em todo o mundo. Fundada em 1969, atualmente seu faturamento ultrapassa US$ 2 bilhões, com ações na Bolsa de Mumbai.
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