Pesquisa identifica provável causa da soja louca 2
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) identificaram a provável causa da soja louca 2, distúrbio que faz com que a planta não produza vagens, o que a impede de concluir seu ciclo. O nematoide Aphelenchoidessp. foi apontado em estudos como agente causador do problema e essa descoberta será apresentada no dia 24, às 15h, no VII Congresso Brasileiro de Soja, promovido pela Embrapa, em Florianópolis (SC).
As perdas nas áreas afetadas pela soja Louca 2 têm sido caracterizadas pela redução da produtividade em função do elevado índice de abortamento de flores e vagens e do alto percentual de desconto no valor da soja, devido a presença de impurezas, ou seja, pedaços de tecido verde e grãos podres, que propiciam apodrecimento da massa de grãos.
A incidência de soja louca 2 aumentou significativamente a partir da safra 2005/2006, principalmente nas regiões produtoras mais quentes do Brasil, nos estados do Maranhão, Tocantins, Pará e Mato Grosso. Os maiores índices de ocorrência da doença foram em anos com maior frequência de chuvas, na entressafra e início de safra.
Desde 2011, a Embrapa Soja (Londrina-PR) implementou um projeto de pesquisa multidisciplinar em parceria com várias outras instituições, com o objetivo de investigar as possíveis causas da doença e dar suporte ao monitoramento da ocorrência do problema no Brasil.
Essa pesquisa, identificou a presença sistemática do nematoide Aphelenchoides sp. nas amostras analisadas de tecidos de plantas com sintomas de soja louca 2, com maior concentração em nós reprodutivos e folhas sintomáticas.
O pesquisador da Embrapa Soja Maurício Meyer explica que os sintomas desta doença foram reproduzidos em plantas sadias, inoculadas com Aphelenchoides sp., indicando que a presença do nematoide tem implicações na manifestação do problema.
Segundo Maurício, após exaustivos estudos da doença, foram descartadas as hipóteses de possíveis causas por ácaros ou vírus. "Ainda não foi confirmada nenhuma das causas abióticas estudadas, tais como desequilíbrio nutricional, efeito de herbicidas e efeito de ambiente", ressalta. O estudo observou ainda que sistemas de cultivo com rigoroso controle de plantas invasoras, em pré e pós semeaduras, têm revelado maiores reduções da incidência de soja louca 2.
De acordo com a pesquisadora da EPAMIG Luciany Favoreto, amostras da parte aérea das plantas com sintomas de Soja louca 2 foram analisadas no laboratório de Nematologia da EPAMIG, em Uberaba, no período de março a junho de 2015. Segundo a pesquisadora, estes resultados foram muito importantes para a continuidade dos estudos. "Com uma população pura do nematoide foi possível realizar o estudo conhecido como 'Postulado de Koch', que preconiza que o patógeno vindo de uma cultura pura deve ser inoculado em plantas sadias da mesma espécie ou variedade na qual apareceu, e deve provocar a mesma doença nas plantas inoculadas.
Luciany explica que o patógeno puro foi enviado para o Maurício Meyer, que inoculou em plantas de soja sadias e observou que após 12 dias, as plantas começaram apresentar os mesmos sintomas das plantas doentes. "Estas plantas doentes foram-nos enviadas, e em análise em nosso laboratório, observou-se uma expressiva quantidade deste nematoide. Desta forma, provou-se que o Aphelenchoides sp. é o provável agente causador da Soja louca 2", diz a pesquisadora. Ela acrescenta que as populações puras, que estão sendo multiplicadas no laboratório de Nematologia da EPAMIG, em Uberaba, serão úteis para estudos posteriores sobre a patogenicidade e a taxonomia.
Segundo os pesquisadores, o próximo passo será implementação de novos estudos voltados para investigação dos aspectos da biologia do nematoide tais como as formas de sobrevivência, plantas hospedeiras alternativas, colonização e infecção na soja, para definir claramente as medidas de controle a serem preconizadas.
1 comentário
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Manoel Albino Coelho de Miranda Campinas - SP
Há uma pressão muito grande para se achar um agente patológico para a ocorrência da anomalia denominada "Soja Louca 2". Na vez anterior foi o ácaro preto, agora o MAPA reconheceu este distúrbio como uma nova doença. Os descritores desta pseudo-patologia espelharam-se no trabalho: Aphelenchoides besseyi Christie (Nematoda: Aphelenchoididae), agente causal del amachamiento del frijol común de Chaves et al. (2013) que mostra a mesma sintomatologia vista em soja só que no feijão.
Na minha opinião, trata-se de distúrbio fisiológico decorrente de condições climática e nutricionais, que limitam momentaneamente a absorção do B (boro). A deficiência de B interfere no controle hormonal principalmente das auxinas como é caso dos nematoides de vida livre. Na literatura fica evidente que a presença do nematóide esta relacionada com o aumento de auxina nos tecidos. O boro protege o sistema IAA-oxidase, por formar complexos com os inibidores do sistema IAA-oxidase. Assim, o acúmulo de auxinas e de compostos fenólicos deve ser a causa primária da presença de Aphelencóides. Szczygie e Giebel (1970), em morango, verificaram níveis mais elevados de compostos fenólicos nos folhas-botões de variedade suscetível do que na de uma variedade resistente. Extratos de folha-broto de ambas as variedades inibiu a degradação do ácido indol-3-acético (IAA), mas a inibição foi maior com extratos da variedade suscetível. Sugeriram que compostos fenólicos inibem a degradação do IAA e dessa foram habilitam o nematódeo a utilizar melhor esta auxina em sua reprodução. O Aphelenchoides besseyi é um parasita que muitas vezes provoca sintomas de ponta-branca em plantas de arroz. O ecto-nematóide exibe comportamento que combina taxa de infecção, com desenvolvimento das plantas de arroz. Poucos estudos têm analisado de como a sua migração é influenciada por estímulos químicos do hospedeiro. Os autores Feng et al. enfocam os efeitos das auxinas sobre migração e propagação do nematóide. A exposição de A. besseyi a um gradiente de auxina, criado por um gel Pluronic F-127 resultou na agregação de nematóides na maior concentração de auxina testada, 100 ?m. Inoculação no cultivar suscetível Ningjing1 resultou maior número de nematóides do que sobre o cultivar resistente Tetep, estando estes dados correlacionados com os níveis de auxina endógena. Panículas jovens tratadas com ácido 1-naftalenoacético produziram mais grãos e mais nematoides, entretanto considerando plantas tratadas com o inibidor do transporte de auxina, ácido 2,3,5-triiodobenzoic, levou a menos nematóides nas sementes. Além disso, A. besseyi raramente migra e se multiplica nas plantas macho-estéreis cv. Zhenshan97A, que tinha nível de auxina insuficiente no pólen e, portanto, não foi possível gerar qualquer grão na maioria das panículas. No entanto, um grande número de nematóides foi observado em sementes de CV Zhenshan97A que tinha recebido pólen do mantenedor CV Zhenshan97B. Os resultados indicam que a auxina pode desempenhar um papel fundamental na migração e propagação de A. besseyi. Manoel MirandaHe! He! (risos). Não vai ser difícil alguma "bayer da vida" apresentar o resultado de experimentos, assinados por "pesquisadores" que a pulverização com GARDENAL resolve o problema !!!
Jabaculê faz milagres. Aparece cada resultado de pesquisa...