Em Guarapuava (PR), temperaturas despencam e geada forte atinge lavouras e pastagens
As temperaturas despencaram no Sul do Brasil com a influência de uma massa de ar polar. Em várias localidades do estado do Paraná, as temperaturas ficaram negativas, como é o caso de Palmas, que registrou -2,2º C. Na região de Guarapuava, os termômetros marcaram -1,0º C e houve a formação de geada forte, que acabou atingindo, principalmente as lavouras de aveia e pastagens de verão.
O presidente do Sindicato Rural do município, Rodolpho Botelho, sinaliza que, essas plantações deverão ser as mais atingidas, uma vez que, os produtores ainda estão iniciando os trabalhos com o trigo e a cevada. “Para essa época do ano é normal o acontecido de geadas na nossa região. Contudo, frente às chuvas no final de semana, as plantas estavam encharcadas e o dano acaba sendo maior”, explica o presidente.
Paralelamente, a configuração de um El Niño para esse ano já preocupa os produtores, já que o fenômeno significa mais chuvas para o Sul do Brasil. Com isso, o inverno e a primavera deverão apresentar mais precipitações. “Os produtores devem ter cuidado, pois a umidade ocasiona um fluxo maior de doenças fúngicas na cultura”, alerta Botelho.
Custos de produção
Os produtores rurais já sentiram o aumento nos custos de produção nesta temporada. Primeiramente, o presidente ressalta a dificuldade no acesso a recursos oficiais, financiamentos. “Tanto para a safra de inverno, como o pré-custeio para a próxima safra de verão. Os bancos não disponibilizaram os recursos”, diz.
Além disso, com o dólar mais alto, os fertilizantes também ficaram mais altos, assim como todos os produtos químicos. Isso sem contar, os custos com a mão-de-obra e o combustível. Em contrapartida, os preços do trigo giram em torno de R$ 630,00 a tonelada do produto, no interior do estado. Já o cereal importado chega ao Porto de Paranaguá, com valores entre R$ 800,00 até R$ 900,00 a tonelada.
“E também temos muito trigo da safra passada para ser negociada na nossa região, porém, os agricultores têm dificuldades em comercializar a aceitar os preços mais baixos”, acredita Botelho.
Safra de trigo
Devido a todo esse cenário, a perspectiva é que haja uma redução na área semeada com o trigo na localidade, assim como em outras regiões pelo país. “As estimativas iniciais apontam para uma produção próxima de 3 milhões de toneladas no estado, mas acreditamos que isso não deva se confirmar, temos uma redução na área e na tecnologia empregada. Temos custos mais altos e a interrogação é em relação à produtividade e qualidade do trigo. Muitas vezes, o produtor perde, falta uma política agrícola definida para o grão”, destaca Botelho.
Diante desse quadro, o presidente ainda orienta que, os produtores tenham cautela, pois esse é um ano complicado, de custos elevados. “O produtor tem que saber gerenciar a atividade, não é um ano de fazer investimentos”, ratifica.
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