Dólar sobe 0,30% ante real por preocupações com Grécia, apesar de fluxo positivo
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta ante o real nesta segunda-feira, após trocar de sinal diversas vezes ao longo do dia ao sabor de fluxos de recursos, em meio a persistentes preocupações com a possibilidade de calote da Grécia.
A divisa norte-americana avançou 0,30 por cento, a 3,1273 reais na venda, após atingir 3,1396 reais na máxima e 3,0922 reais na mínima do dia. Nos mercados externos, o dólar operava no terreno positivo em relação às principais moedas emergentes, como os pesos mexicano e chileno.
Operadores lembraram também que há expectativas de ingresso de capitais externos no país diante da perspectiva de altas da Selic. Nesta sessão, houve ainda entradas de recursos após recentes captações corporativas, evitando que a divisa se firmasse em alta durante toda a sessão. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 800 milhões de dólares.
"O cenário externo é negativo com Grécia e quarta-feira temos a reunião do Fed. Por mais que não mude o juro, é um momento político e econômico difícil", afirmou o especialista em câmbio da corretora Icap, Italo Abucater.
A Grécia e seus credores endureceram suas posições nesta segunda-feira após o colapso das negociações para evitar o calote e a possível saída do país da zona do euro. Nesse contexto, investidores adotaram cautela e evitaram ativos de maior risco, como aqueles denominados em real.
A postura mais defensiva foi explicada também pela proximidade da reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, que, na quarta-feira, divulga sua decisão sobre a taxa de juros e, em seguida, a chair Janet Yellen dará entrevista coletiva.
Analistas do grupo financeiro Brown Brothers Harriman (BBH) esperam que o Fed reconheça o ímpeto econômico da economia e que Yellen mantenha o foco nos dados econômicos. Segundo eles, o cenário mais provável é uma alta de juros em setembro.
Esses fatores, no entanto, foram parcialmente compensados por expectativas de entradas de recursos devido à alta da Selic e pelo fluxo de ingresso de capitais na parte da manhã.
Nos mercados de juros futuros, investidores apostam que a taxa básica de juros subirá pelo menos mais 0,75 ponto percentual, a 14,50 por cento ao ano, diante da retórica austera do Banco Central no combate à inflação. O aumento da taxa aumenta a atratividade de papéis brasileiros para investidores estrangeiros.
"Mesmo com aversão a risco por causa da Grécia, o Brasil ainda oferece juros muito altos", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Além disso, um fluxo relevante de entrada de recursos ajudou a manter o dólar em queda entre a manhã e o início da tarde, segundo diversos operadores. Uma operadora de um importante banco nacional lembrou que empresas como Petrobras, Embraer e Oi emitiram dívidas no exterior recentemente.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de swaps cambias, que equivalem a venda futura de dólares, para rolagem dos contratos que vencem em julho. O BC já rolou o equivalente a 3,315 bilhões de dólares, ou cerca de 38 por cento do lote total, que corresponde a 8,742 bilhões de dólares.
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