Leite: Manacá deve mais de R$ 35 milhões a mil produtores goianos
Com uma dívida bem superior a R$ 35 milhões a mais de mil produtores goianos, o Laticínio Manacá foi tema de reunião na última sexta-feira (12), na sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), em Goiânia. Representantes de mais de 20 municípios e, pelo menos, 10 cooperativas e associações, se uniram aos departamentos técnico e jurídico da Faeg para estudar possibilidades de solucionar o impasse que já dura mais de três meses. Entre as possibilidades analisadas na reunião está a de os produtores assumirem a administração da empresa, alegando má gestão. Uma nova reunião será realizada nos próximos dias.
O encontro contou com a presença do presidente da Faeg. José Mário Schreiner, que apoiou os produtores e disponibilizou os técnicos da Federação para auxiliarem nas negociações. “É inadmissível que os produtores trabalhem, entreguem o leite que é comercializado e não recebam por isso. Não gostamos de ter que discutir esses assuntos, mas faz parte do nosso ofício. Precisamos nos organizar mais ainda para nos prepararmos para situações como esta, na qual, sem dúvidas, houve problemas de gestão na indústria”, pontuou.
As dívidas da empresa com o setor produtivo começaram em março deste ano, quando cooperativas, associações, produtores e até mesmo funcionários q deixaram de receber. A Manacá já solicitou, inclusive, na justiça, o processo de recuperação judicial, uma medida que tenta evitar a falência de uma empresa quando ela perde a capacidade de pagar suas dívidas. O parecer, entretanto, não foi dado ainda pelo Poder Judiciário.
No total, mais de 50 municípios produzem leite para a empresa, sediada em Rianápolis, município localizado a 140 km de Goiânia. Entre as cidades envolvidas estão: Ceres, Uruana, Goianésia, Itapuranga, Mozarlândia, Nova Crixás, Araguapaz e Porangatu, entre várias outras.
Edmar José Figueiredo, representante do Sindicato Rural de Campinorte, participou da reunião e representava 27 produtores que trabalham de forma independente na região. De acordo com ele, juntos, os produtores ofereciam uma média de 8.500 litros de leite por dia à Manacá. Sem receber pelos meses de março e abril, eles decidiram por interromper o fornecimento desde o último dia 1º de maio. A dívida está em mais de R$ 500 mil.
Presidente da Cooperativa Agropecuária dos Produtores Rurais e Agricultores Familiares de Uruana e Região (Cooperuruana), José Antônio de Melo afirma que no total, 149 cooperados produzem leite para a empresa e estão sem receber mais de R$ 400 mil, desde março. No último dia cinco de maio eles cortaram o fornecimento. No mesmo mês, a Associação dos Pequenos Produtores de Leite da Fazenda Lagoa Alegre (Apefla) também suspendeu o fornecimento de leite já que a empresa estava com um débito de pelo menos R$ 400 mil.
Manifestação
Na última quarta-feira (10), cerca de 300 produtores realizaram uma manifestação contra a empresa bloqueando, por mais de duas horas, um trecho da BR-153, no perímetro urbano de Rianápolis. Na ocasião, houve queima de pneus e a passagem de veículos foi impossibilitada gerando um congestionamento de aproximadamente seis quilômetros nos dois sentidos. O movimento começou no início da tarde e a pista só foi liberada por volta das 17h30, com auxílio do Corpo de Bombeiros e da Polícia Rodoviária Federal.
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