Excesso de chuvas no Sul do Brasil ainda não prejudica lavouras recém plantadas do trigo; mas quadro similar preocupa nos EUA
Mesmo com o excesso de chuvas no Sul do país, as lavouras recém cultivadas no Rio Grande do Sul, ainda não sofreram os impactos das intensas precipitações.
Segundo o fisiologista, Elmar Floss, nas regiões mais frias do estado, a semeadura do trigo é atrasa para evitar os períodos de geada, e são justamente essas lavouras semeadas no mês de junho que ainda não preocupam. No entanto, a perspectiva de um ciclo com a presença de El Niño deixa os produtores em alerta.
"O excesso de chuvas depois do espigamento traz vários problemas", pois de acordo com Floss a planta precisa de luz solar para desenvolver o grão, e o excesso de chuvas além de inibir o sol também deixa o solo encharcado, o que impede a absorção de nutrientes.
Além disso, as condições de muitas chuvas favorecem o aparecimento de patógenos como a gibberella, "que é uma doença que se instala a partir da floração, e quando as condições são propicias ao seu desenvolvimento, não tem condições de controlar", explica Floss.
Para os cereais de inverno o clima favorável é quando há presença de La Niña no ciclo, porém não é esse cenário que se configura para esse ano, por isso é importante que os produtores invistam em tecnologia para garantir qualidade e produtividade.
"Por exemplo, escolher cultivares com diferentes ciclos e semear também em diferentes épocas, para que tenhamos a floração em diferentes períodos. São mecanismos para tentar minimizar os efeitos, porque usando apenas um cultivar ele vai florescer e espigar na mesma época, e se naqueles dias tiver o azar de ter chuva, eles terão muita dificuldade de controlar a gibberella", afirma o fisiologista.
Safra de grãos EUA
Também no Meio-Oeste americano, o excesso de chuvas têm prejudicado o desenvolvimento da cultura do milho, e impedido as atividades nas lavouras de soja.
Segundo Floss, as plantas - especialmente soja - precisariam de um período de tempo aberto para garantir nutrientes no desenvolvimento das raízes. No entanto, "os solos mais profundos e bem estruturados, como tem os americanos, rapidamente quando para de chover há a drenagem da água e a planta volta a receber os nutrientes", explica.
Portanto, ainda é cedo para afirmar que essas condições climáticas podem causar perdas significativas na safra dos Estados Unidos.
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