Em VEJA: Barbosa diz que esforço fiscal durará pelo menos 2 anos

Publicado em 01/06/2015 15:21
Na VEJA.com:


O esforço fiscal perseguido pelo Brasil vai durar pelo menos dois anos, afirmou o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, nesta segunda-feira. Durante seminário de política fiscal na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EESP), Barbosa procurou argumentar que o ajuste é gradual, tanto que a meta de superávit primário para este ano foi reduzida para 1,2% (que depois virou 1,1% com a revisão no PIB promovida pelo IBGE), ante o inicialmente previsto pelo governo ano passado.

“Estamos em um momento em que medidas adicionais de estímulo não teriam efeito expansionista. Precisamos restabelecer o equilíbrio fiscal e combater a inflação para recuperar o crescimento econômico, por mais paradoxal que pareça”, afirmou. Mesmo assim, o ministro deixou claro que a estratégia do governo não se restringe a isso. “É uma condição essencial, mas não suficiente” para o crescimento, explicou, citando ações para estimular investimentos e ganhos de produtividade.

Ele também contextualizou o esforço de consolidação fiscal no Brasil em relação a outros países. O ministro lembrou que o mundo inteiro vem promovendo um esforço de ajuste fiscal passada a crise financeira internacional de 2008, mas em diferentes velocidades. “O Brasil está elevando gradualmente seu resultado primário para garantir estabilidade macroeconomia e viabilizar a recuperação do crescimento de modo sustentável.”

Sobre o contingenciamento promovido pelo governo no Orçamento deste ano, de 69,9 bilhões de reais, Barbosa o classificou como não linear. “Procurou-se fazer um esforço fiscal em que todos contribuem, mas não da mesma forma, não é linear. Procuramos preservar investimentos e gastos prioritários”, argumentou.

PIB
Mesmo após a queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), no 1º trimestre deste ano, Barbosa voltou a afirmar que o governo espera uma retomada do crescimento a partir do fim deste ano. O ministro também comentou que a inflação ficará um pouco mais alta em 2015, mas cairá no ano que vem.

Barbosa lembrou que é possível atuar sobre a produtividade tanto pelo âmbito da oferta como pela ótica da demanda. “Se você aumenta investimento, isso também eleva a demanda”. Ele afirmou que a taxa de investimento deve cair abaixo de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, mas voltará a superar essa marca em 2017 e possivelmente até antes. “Com o plano de concessões a recuperação do investimento pode ser um pouco mais rápida”.

Bolsa Família - O ministro admitiu que pode estar ocorrendo atraso no repasse de recursos da União para Estados e municípios para o pagamento do Bolsa Família. O assunto foi tema de reportagem daFolha de S. Paulo nesta segunda-feira. Segundo ele, estão previstos repasses não só para pagamentos dos benefícios, mas também para o sistema de monitoramento dos demais programas sociais.

“Isso foi levantado hoje numa reportagem e o Ministério de Desenvolvimento Social já falou sobre isso. Então é mais uma questão de tempo de liberação dos recursos. Talvez, as liberações para alguns recursos podem estar mais atrasados, mas os recursos estão previstos no Orçamento deste ano”, disse.

 

Mercado eleva previsão da inflação pela sétima semana

Analistas ouvidos pelo BC aumentaram projeção do IPCA de 8,37% para 8,39% e da Selic de 13,75% para 14%. Economistas também apostam em retração maior do PIB em 2015

 

 

 

 

Supermercado
Analistas do mercado financeiro preveem para 2015 a maior inflação em doze anos(iStockphoto/Getty Images)

Os analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central na última semana projetaram uma piora no quadro da economia brasileira neste ano, com inflação e juros mais elevados e uma maior contração do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o boletim semanal Focus, divulgado pelo BC nesta segunda-feira, o mercado voltou a elevar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 8,37% para 8,39% em uma semana. Trata-se da sétima semana consecutiva em que o indicador é ajustado para cima.

Se a estimativa for confirmada, a inflação estourará o teto da meta, de 6,5%, em 2015, e registrará o maior índice desde 2003, quando chegou a 9,3%.

Com o IPCA nas alturas, os economistas preveem que o governo federal tentará segurar os preços com o aumento da taxa básica de juros, a Selic. Na última semana, a previsão é que ela ficaria em 13,75% neste ano. Nesta segunda-feira, a taxa foi reajustada para 14%. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá nesta semana para decidir sobre a elevação da Selic.

O relatório também projeta uma retração de 1,27% no resultado do PIB deste ano. Na semana passada, a estimativa era de um recuo de 1,24%. Se for concretizado, este será o pior desempenho da economia brasileira desde 1990, quando caiu 4,35%.

Na última sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIBrecuou 0,2% no primeiro trimestre deste ano. Segundo o IBGE, o consumo médio das famílias, os investimentos, a indústria e o setor de serviços puxaram o resultado para baixo, enquanto que o desempenho da agropecuária e as exportações cresceram, impedindo que o PIB caísse ainda mais.

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(Da redação)

 

Em ano de ajuste fiscal, investimentos em infraestrutura devem cair 19%

 

Segundo consultoria, contingenciamento vai levar o governo a investir 25 bilhões de reais a menos do que no ano passado em obras de logística

 

Movimentação na altura do KM 75 da Rodovia Carvalho Pinto, na altura de São José dos Campos, SP, neste sábado
Corte de aportes em rodovias deve ser maior, de 26,9%, aponta consultoria(Nilton Cardin/Futura Press)

Após terem ficado estáveis de 2013 para 2014, os investimentos em infraestrutura deverão tombar 19% neste ano. O principal motivo é o corte dos gastos públicos causado pelo ajuste fiscal. Segundo especialistas, a menos de dez dias do anúncio do novo pacote de concessões do governo federal, a projeção reforça a importância do capital privado para esses investimentos.

Segundo estudo da consultoria Inter.B, a projeção para os aportes em infraestrutura neste ano é de 105,7 bilhões reais, 25,2 bilhões de reais a menos do que em 2014. Com isso, o investimento no setor cairia para 1,78% do Produto Interno Bruto (PIB), nível idêntico ao de 2007. Caso o número se confirme, o país só terá tido resultado pior em 2003, quando o aporte em infraestrutura somou 1,46% do PIB. A série histórica da Inter.B foi iniciada em 2001.

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Embora diversas empresas do setor sejam atingidas pelas investigações da Operação Lava Jato, o ajuste fiscal é o principal vilão em 2015, diz o presidente da Inter.B, Cláudio Frischtak. "O ajuste pega muito o investimento público", afirma. A economista Luísa Azevedo, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), explica que os gastos de custeio, muitas vezes obrigatórios, são mais difíceis de cortar.

No primeiro trimestre, o investimento público da União, sem contar estatais, caiu 30%, para 15,6 bilhões de reais, segundo dados compilados pelo economista Mansueto Almeida. Como o setor público responde por cerca de metade dos aportes no setor de transporte, ele é o mais afetado, explica Frischtak. No total, a Inter.B projeta queda de 20,9% neste ano, para 42 bilhões de reais. Em rodovias, o corte pode ser de 26,9%.

Nem o apetite chinês por investimento em logística, sinalizado na recente visita do primeiro-ministro Li Keqiang, pode ser suficiente. Integrante da comitiva, Yu Weiping, vice-presidente da CNR, que fornece trens para o Metrô do Rio, foi reticente quanto a novos investimentos no país. Disse que tudo dependerá de novos projetos. É justamente este o problema, segundo a InterB., já que os aportes em mobilidade urbana deve cair 20,2%.

Outra forma de promover o investimento são as parcerias público-privadas (PPPs), diz Gustavo Gusmão, diretor da área de infraestrutura da consultoria Ernst & Young. O problema, segundo o consultor, é que a contrapartida dos governos nas PPPs também fica ameaçada com o ajuste fiscal. Para ele, novo modelo de concessões será uma sinalização importante sobre a possibilidade de êxito da estratégia de usar a infraestrutura para impulsionar o "pós-ajuste". "O mercado quer notícias boas, mas quer ver as coisas na mesa", comenta Gusmão.

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(Com Estadão Conteúdo)

 

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Fonte:
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