Boletim Focus: Mercado eleva previsão de inflação, baixa de PIB e vê nova alta dos juros
SÃO PAULO (Reuters) - Economistas de instituições financeiras elevaram pela segunda semana seguida a perspectiva para a Selic ao fim deste ano, mantendo a expectativa de que a taxa básica de juros será elevada em 0,5 ponto percentual nesta semana.
De acordo com a pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira, os especialistas consultados mantiveram a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai elevar a taxa básica de juros nesta semana a 13,75 por cento.
Eles também passaram a ver que a Selic encerrará 2015 a 14,0 por cento, ante 13,75 por cento na pesquisa anterior.
Em relação à atividade, eles pioraram também pela segunda semana seguida o cenário, projetando agora recuo do Produto Interno Brito (PIB) em 2015 de 1,27 por cento, contra queda de 1,24 por cento estimada anteriormente.
O IBGE informou na sexta-feira que a economia brasileira encolheu 0,2 por cento de janeiro a março ante os últimos três meses do ano passado, com os investimentos caindo novamente e registrando a maior sequência negativa da série histórica.
Barbosa diz que esforço fiscal durará pelo menos 2 anos
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O esforço fiscal perseguido pelo Brasil vai durar pelo menos dois anos, afirmou o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, nesta segunda-feira. Durante seminário de política fiscal na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EESP), Barbosa procurou argumentar que o ajuste é gradual, tanto que a meta de superávit primário para este ano foi reduzida para 1,2% (que depois virou 1,1% com a revisão no PIB promovida pelo IBGE), ante o inicialmente previsto pelo governo ano passado.
“Estamos em um momento em que medidas adicionais de estímulo não teriam efeito expansionista. Precisamos restabelecer o equilíbrio fiscal e combater a inflação para recuperar o crescimento econômico, por mais paradoxal que pareça”, afirmou. Mesmo assim, o ministro deixou claro que a estratégia do governo não se restringe a isso. “É uma condição essencial, mas não suficiente” para o crescimento, explicou, citando ações para estimular investimentos e ganhos de produtividade.
Ele também contextualizou o esforço de consolidação fiscal no Brasil em relação a outros países. O ministro lembrou que o mundo inteiro vem promovendo um esforço de ajuste fiscal passada a crise financeira internacional de 2008, mas em diferentes velocidades. “O Brasil está elevando gradualmente seu resultado primário para garantir estabilidade macroeconomia e viabilizar a recuperação do crescimento de modo sustentável.”
Sobre o contingenciamento promovido pelo governo no Orçamento deste ano, de 69,9 bilhões de reais, Barbosa o classificou como não linear. “Procurou-se fazer um esforço fiscal em que todos contribuem, mas não da mesma forma, não é linear. Procuramos preservar investimentos e gastos prioritários”, argumentou.
PIB
Mesmo após a queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), no 1º trimestre deste ano, Barbosa voltou a afirmar que o governo espera uma retomada do crescimento a partir do fim deste ano. O ministro também comentou que a inflação ficará um pouco mais alta em 2015, mas cairá no ano que vem.
Barbosa lembrou que é possível atuar sobre a produtividade tanto pelo âmbito da oferta como pela ótica da demanda. “Se você aumenta investimento, isso também eleva a demanda”. Ele afirmou que a taxa de investimento deve cair abaixo de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, mas voltará a superar essa marca em 2017 e possivelmente até antes. “Com o plano de concessões a recuperação do investimento pode ser um pouco mais rápida”.
Bolsa Família - O ministro admitiu que pode estar ocorrendo atraso no repasse de recursos da União para Estados e municípios para o pagamento do Bolsa Família. O assunto foi tema de reportagem da Folha de S. Paulo nesta segunda-feira. Segundo ele, estão previstos repasses não só para pagamentos dos benefícios, mas também para o sistema de monitoramento dos demais programas sociais.
“Isso foi levantado hoje numa reportagem e o Ministério de Desenvolvimento Social já falou sobre isso. Então é mais uma questão de tempo de liberação dos recursos. Talvez, as liberações para alguns recursos podem estar mais atrasados, mas os recursos estão previstos no Orçamento deste ano”, disse.
(VEJA.COM)
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