Grãos: Clima colabora e Paraná pode colher nova safra recorde
A produção paranaense de grãos nesta safra 2014/15 tem potencial para ser uma das maiores dos últimos anos, podendo alcançar um volume total de 37,4 milhões de toneladas. Do total, cerca de 22 milhões de toneladas são da safra de verão, que já foi colhida. Outros 15 milhões de toneladas são da segunda safra de milho e da safra de grãos de inverno, que estão em campo e, portanto, ainda dependem do comportamento do clima daqui para a frente.
A projeção está no relatório de abril feito pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento, divulgada nesta segunda-feira (27). O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, afirmou que as condições climáticas estão favoráveis ao desenvolvimento das lavouras, com chuvas regulares etemperaturas amenas. “Mas existe o risco de perdas com a chegada do inverno e quedas abruptas de temperatura”, disse ele.
Soja e milho - A produção total de grãos está sendo impulsionada por nova safra recorde de soja, já colhida, que atingiu volume de 16,9 milhões de toneladas, cerca de 16% maior que a anterior. A área plantada na safra 2014/15 cresceu 4%, chegando a 5,07 milhões de hectares, quase toda a área agricultável do Estado nesse período do ano.
Além da soja, está colaborando para uma grande produção o plantio da segunda safra de milho, cuja expectativa de produção é de 10,04 milhões de toneladas, um pouco abaixo da anterior, mas ainda assim acima de 10 milhões de toneladas, e a safra de trigo, que tem potencial para produzir 4,07 milhões de toneladas. “A lavoura de milho está em campo e o plantio do trigo está iniciando. Assim, ainda dependem do clima para que as expectativas sejam concretizadas”, diz o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni.
Trigo - O trigo já começou a ser plantado no Paraná e deve ocupar uma área de 1,36 milhão de hectares, o que representa um leve recuo de cerca de 2% em relação ao ano passado. Para o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho, essa cautela é reflexo do desestímulo do produtor com a queda nos preços do trigo.
No ano passado, nessa mesma época, o produto atingiu a cotação de R$ 42,00 a saca e recuou para R$ 31,21 em março de 2015, período em que o produtor faz suas opções para o plantio de inverno. Na última semana, a cotação do trigo evoluiu para R$ 35,15 a saca, mas ainda abaixo do preço praticado no ano passado.
Segundo Godinho, a valorização do dólar frente ao real até ajudou a melhorar o clima de comercialização do trigo, que depende de importação para suprir a demanda no mercado interno. “Apesar da influência positiva, a valorização não é garantia que vai fazer a diferença daqui para frente”, disse Godinho, ao explicar o comportamento cauteloso do produtor.
Milho safrinha - A lavoura de milho da segunda safra está se desenvolvendo bem, com condições climáticas adequadas até o momento. Apesar de expectativa de safra levemente inferior a do ano passado, o fato é que as projeções de produtividade estão boas tanto no Paraná, como em outras regiões produtoras, o que pressiona os preços para baixo e desanima o produtor.
Por conta desse quadro, o produtor vem acelerando as vendas futuras de milho da safrinha, sendo que no Paraná cerca de 13% da segunda safra já foi vendida, o que reflete a pressa do produtor em travar o preço que está com tendência de queda - oscilando entre R$ 21,00 e R$ 20,50 a saca.
De acordo com o administrador de empresas Edmar Gervásio, as vendas antecipadas já realizadas até agora, representam um aumento de 130% em relação à média de vendas futuras das ultimas três safras.
Feijão - O feijão de segunda safra apresenta boa qualidade de produção devido à estabilidade do clima. A safra deverá alcançar 410 mil toneladas, cerca de 2% acima da produção do ano passado (de 401,8 milhões de toneladas). Segundo o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Salvador, o destaque dessa safra de feijão fica por conta do aumento da produtividade que esse ano alcançou 1.899 quilos por hectare, uma elevação de 25% em relação ao ano passado. “É a melhor produtividade dos últimos 8 anos e isso se deve basicamente ao clima”, avaliou o técnico.
Comercialização - Em relação a comercialização, houve recuo nos preços, mas os atuais patamares ainda estão sendo considerado bons. O feijão de cores está sendo vendido em torno de R$ 113,00 a saca e o feijão preto, por cerca de R$ 105,00 a saca.
A safra de soja, já encerrada está com 48% da produção vendida, apesar da retração de cerca de 8% nos preços – de R$ 62,00 a saca no ano passado para os atuais R$ 57,00 a saca. Segundo o chefe da conjuntura do Deral, Marcelo Garrido, a elevação do câmbio compensou um pouco ao produtor a defasagem no preço de venda da soja, mas o que conta é que esse produtor está capitalizado, vindo de quatro safras boas.
A expectativa agora recai sobre o comportamento do mercado de câmbio para saber como os outros 50% do volume de produção será comercializado e escoado. Daqui para a frente, a formação do preço da soja depende do início do plantio do grão nos Estados Unidos, cuja primeira expectativa de produção será confirmada no mês que vem. “O produtor de soja está de olho na safra norte-americana e será esse o mercado que vai ditar as regras daqui para frente”, disse Garrido.
0 comentário
Semeadura do feijão está concluída na maior parte do Rio Grande do Sul
Produção de gergelim cresce 107% na safra de 2023/24 no Brasil
Ibrafe: Acordo do Gergelim abre caminho para o Feijão com a China
Arroz/Cepea: Preços são os menores em seis meses
Arroz de terras altas se torna opção atrativa de 2ª safra entre produtores do norte de Mato Grosso
Ibrafe: Feijão-carioca por um fio