Cientistas desenvolvem sementes de arroz transgênico com anticorpo anti-HIV
Mais de 35 milhões de pessoas em todo o mundo vivem atualmente com o HIV/Aids, segundo dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). A maioria da população infectada vive na África Subsaariana, onde a doença causou mais de 1,8 milhão de mortes em 2012. Apesar de o número de mortes causadas por HIV/Aids ter diminuído ao longo dos últimos anos devido à implantação de medicamentos antirretrovirais, o vírus continua a se espalhar, pois não há vacinas eficazes e a prevenção continua dependendo de ações de baixa adesão como métodos de barreira ou abstinência. Medicamentos microbicidas que contêm antirretrovirais e/ou anticorpos neutralizantes do HIV podem ser potencialmente utilizados para prevenir a transmissão do vírus, desde que a sua produção e fornecimento sejam em quantidades suficientes para proteger a população em situação de risco.
A alternativa foi descrita recentemente em artigo intitulado "Endosperma de arroz produz forma potente de anticorpo monoclonal neutralizante de HIV", publicado no site do Plant Biotechnology Journal nesta quarta-feira, dia 07/04/2015 ( Volume 13, Edição 3 - Abril 2015). Os pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (uma das 46 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa) André Melro Murad e Elíbio Leopoldo Rech são coautores da publicação juntamente com um seleto grupo de cientistas da Universidade de Lleida (Lleida, Espanha), da TRM Ltd. (York, Reino Unido), da Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida (Viena, Áustria), da Universidade de St. George de Londres (Reino Unido) e do Instituto Catalão de Pesquisa e Estudos Avançados (ICREA/Barcelona, Espanha).
O artigo relata o desenvolvimento de plantas de arroz transgênico que expressam o anticorpo monoclonal 2G12, neutralizante do vírus do HIV, em seu endosperma (tecido nutritivo presente nas sementes da maioria das angiospermas, formado pela fusão de um gameta masculino e dois núcleos polares femininos, que fornece ao embrião substâncias como amido, celulose, proteínas, óleos e gorduras). "As plantas produzidas sob condições de contenção constituem biofábricas eficientes para a produção economicamente viável de medicamentos. Sementes de cereais como o arroz são particularmente de interesse, pois permitem a produção de proteínas farmacêuticas em larga escala", afirma o pesquisador Elíbio Rech.
Os experimentos de imunolocalização em sementes de arroz mostraram também que os anticorpos se acumulam predominantemente nos vacúolos utilizados para o armazenamento de proteínas em plantas, um indicativo de que a origem dos anticorpos pode estar numa estrutura chamada retículo endoplasmático, que é a parte da célula responsável pela síntese de proteínas e lipídeos. O impacto dos resultados obtidos sobre a produção de anticorpo profilático do HIV em sementes de arroz também é discutido no trabalho.
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