Pecuária traz possibilidades de um futuro melhor
O crescimento da renda e da população fará com que o consumo de carne aumente no mundo, principalmente em países em desenvolvimento, na Ásia e na América Latina. A conclusão está no Agricultural Outlook publicado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e pela OECD (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Porém, existe a crença de que a pecuária usa espaço demais e também emite muitos gases de efeito estufa pelo que entrega.
Mas, de acordo com o diretor-executivo da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Fernando Sampaio, a pecuária não é o problema e sim uma aliada na solução destes problemas. Ele explica que a pecuária é capaz de transformar biomassa não comestível em um alimento de altíssimo valor nutricional, além de poder ocupar terras que não são adequadas à agricultura.
“A criação de animais é essencial para a vida de cerca de um bilhão de pessoas no mundo. Pastagens podem ser enormes sumidouros de carbono. O próprio índice usado para converter metano em equivalente carbono tem sido contestado por pesquisadores do porte de Gylvan Meira Filho, do Instituto de Estudos Avançados da USP e ex-vice-presidente do IPCC. A mudança neste índice modificaria completamente a leitura da participação da pecuária nas emissões globais”, afirma.
Novas tecnologias foram sendo incorporadas ao campo visando o aumento da sua eficiência: melhoria genética; pastagens mais produtivas; inovações em manejo sanitário e nutricional; integração entre lavoura, pecuária e floresta. Para Sampaio, a produtividade sempre avançou na pecuária brasileira, a reboque da inovação, e acelerou-se nos últimos 15 anos pela estabilização da economia e pela inserção do país no mercado global de proteína.
“Nesse período, a pecuária passou a reduzir a área que ocupa, e ainda assim continua a aumentar sua produção. Entre os concorrentes, segundo estudo da Faculdade de Zootecnia da Universidade de São Paulo, o Brasil foi o que mais reduziu as emissões de metano para cada quilo de carne produzida nos últimos 20 anos, reflexo do aumento da eficiência. Ao mesmo tempo, um alimento antes caro e escasso passou a ser acessível à imensa maioria da população brasileira e a nossos clientes lá fora”, garante.
Vale ressaltar que tanto o setor público como o privado vem tomando iniciativas visando o desenvolvimento de uma pecuária sustentável. Do lado governamental, o novo Código Florestal e seus instrumentos, o CAR (Cadastro Ambiental Rural) e o PRA (Programa de Regularização Ambiental) estão ajudando a vencer o desafio da gestão territorial.
Já a indústria, representada pela ABIEC, por sua conta, assumiu a responsabilidade de controlar sua cadeia de fornecimento, estabelecendo critérios socioambientais na compra de gado e usando a mais avançada geotecnologia para criar o maior monitoramento privado do mundo na origem de sua matéria-prima, o que contribui diretamente para a redução do desmatamento na Amazônia.
“Produzir mais com menos. É o que o Brasil tem feito. E este é um lema que tem levado os diferentes atores envolvidos com a pecuária a trabalharem juntos em busca de soluções para o grande desafio de conciliar produção, preservação e mudanças climáticas”, destaca Sampaio.
Para o diretor-executivo, hoje existe um sistema agroindustrial que evolui com o Brasil, assim como o Brasil evoluiu com a pecuária. Um sistema que criou um modelo de desenvolvimento cada vez mais eficiente no uso de recursos naturais e, portanto, cada vez mais capaz de associar produção à preservação. “A recuperação de áreas degradadas prevista na lei ambiental brasileira, aliada à eficiência no campo e à agroenergia, transformará o Brasil em credor no mercado de carbono mundial, um líder no setor e um exemplo para o mundo. No caminho do boi, os desafios existem, assim como existem iniciativas que querem fazer da pecuária uma solução, e não simplesmente apontá-la como causa dos problemas”, finaliza Sampaio.
Sobre a ABIEC – www.abiec.com.br
Criada em 1979, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) reúne 25 empresas do setor no país, responsáveis por 95% da carne negociada para mercados internacionais. Sua criação foi uma resposta à necessidade de uma atuação mais ativa no segmento de exportação de carne bovina no Brasil, por meio da defesa dos interesses do setor, ampliação dos esforços para redução de barreiras comerciais e promoção dos produtos nacionais. Atualmente, o Brasil produz 10,2 milhões de toneladas de carne bovina, 19,5% são negociados para dezenas de países em todo o mundo, seguindo os mais rigorosos padrões de qualidade. Na última década, o país registrou crescimento de 185% no valor de suas exportações, atingindo o recorde histórico de US$ 7,2 bilhões em faturamento em 2014 e consolidando a posição de maior exportador mundial de carne bovina.
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