Soja fecha semana com saldo positivo no Brasil e produtores garatindo boas margens de lucro
O dólar despencou nesta sexta-feira (20) e fechou a semana com uma baixa acumulada de 0,58% frente ao real. Nesta sessão, a moeda norte-americana caiu mais de 2% e acabou anulando os ganhos registrados na semana, principalmente depois da disparada da quinta-feira (19), quando chegou a bater em R$ 3,31, maior valor em 12 anos. Assim, a divisa fechou em R$ 3,2302, acumulando, na semana, uma queda de 0,58%. Nas três semanas anteriores, o dólar vinha registrando balanços semanais positivos.
Em contrapartida, os preços da soja dispararam na Bolsa de Chicago neste pregão. Os ganhos no fechamento foram de pouco mais de 10 pontos entre os principais vencimentos, com o maio/15 terminando o dia com US$ 9,73 - e batendo em US$ 9,83 na máxima da sessão - e o agosto/15 fechou com US$ 9,77 - depois da máxima de US$ 9,83.
"O mercado está sobrevendido e caiu além do que deveria", explica o consultor de mercado Liones Severo, do SIM Consult. E a baixa do dólar foi ums dos principais movimentos de estímulo para as cotações. Com isso, o balanço semanal dos preços em Chicago foi positivo - de pouco mais de 0,4% entre as posições mais negociadas, o que trouxe uma manutenção para as cotações da soja no mercado brasileiro.
Nos portos brasileiros, a semana foi bastante agitada e os valores se consolidaram em patamares importantes, o que motivou muitos negócios com a oleaginosa brasileira, inclusive da safra 2015/16. Em Paranaguá, o útimo preço ficou em R$ 72,50, mesmo valor do início da semana, em Santos foi registrada uma alta de 0,69% para R$ 72,50 por saca. Em Rio Grande, a soja para maio/15 teve uma ligeira baixa na semana - de 0,15% - passando de R$ 73,50 para R$ 73,40.
No interior do país, os preços também não apresentaram oscilações muito forte no fechamento da semana. Nas principais praças de comercialização, as variações oscilaram entre 0,25 e 1,85%.
Porém, a semana foi bastante agitada para o mercado brasileiro da soja e muitos negócios foram registrados nessa semana. "Houve um bom volume de negócios, e os produtores aproveitaram para fazer caixa, pagar suas dívidas, ou comprar insumos para a nova safra", afirma Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
Além disso, os produtores já garantiram também preços de R$ 74,00 a R$ 74,50 para a safra 2015/2016, garantindo uma margem de 15% a 20% de lucratividade para o próximo ano. "Os produtores provavelmente vão usar parte dessa margem de lucro para adquirir insumos à vista nessas próximas semanas", completa.
Dólar
Algumas boas notícias vindas do mercado financeiro internacional e também diante das intervenções do Banco Central no Brasil - com a oferta de até 2 mil swaps cambiais somente nesta sexta-feira, que equivalem à venda futura de dólar, com vencimentos em 1º de dezembro de 2015 e 1º de março de 2016, também estimularam uma baixa do dólar.
Paralelamente, o foco ainda mantém sua atenção em cima da cena política do Brasil. Um dos fatores de "alívio" citado pelos analistas ouvidos pela Folha de S. Paulo foi a notícia de que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) manteve, nas últimas semanas, contatos com membros dos dois principais partidos de oposição do país, o DEM e o PSDB, tentando melhorar sua articulação política.
Ainda segundo a Folha, Temer esteve com Fernando Henrique Cardoso em uma conversa sobre mudanças na legislação eleitoral, mesmo assunto discutido com o senador José Serra.
Bolsa de Chicago
E essa baixa do dólar tem sido um dos principais fatores de estímulo para as cotações da soja no cenário internacional, já que acabam deixando os preços do produto norte-americano mais competitivos. Há ainda, prêmios positivos pagos para a soja dos EUA, que variam de 63 a 65 centavos de dólar sobre as cotações de Chicago para os contratos de março, abril e maio, meses de referência para a comercialização.
E a demanda para soja norte-americana segue aquecida, com as vendas para exportação quase alcançando a projeção do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para todo o ano comercial - de 48,72 milhões de toneladas - e o volume embarcado também bastante elevado, passando de 43 milhões de toneladas, ou quase 90% da estimativa para a safra 2014/15.
"Nunca houve tão pequena diferença entre o vendido e o embarcado pelos Estados Unidos. Não é correto quando falam sobre enormes estoques", afirma Severo.
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