Safra de 43 milhões de sacas de café no Brasil deixa quadro de oferta mundial apertado. Sem estoques e com demanda crescente, atuais preços em NY entre US$1,30 e US$1,40/lbp não traduzem realidade do mercado
A cada ano a Femagri (Feira de Máquinas, Implementos e Insumos Agrícolas), realizada na cidade de Guaxupé (MG) tem um acréscimo de participantes e negócios. Em 2013 a feira contou com a visitação de 23 mil pessoas, rendendo um faturamento de 53 milhões. Neste ano, a organização do evento espera receber 25 mil pessoas, movimentando 60 milhões.
Para Carlos Paulino, Presidente Cooxupé (Cooperativa de Cafeicultores) a tecnologia tem se mostrado necessária em todas as atividades e na cafeicultura não é diferente. O produtor já está consciente desta realidade, pois "mesmo que o cafeicultor não venha até a feira para fazer negócio, ele quer tomar conhecimento das inovações e talvez adquirir um equipamento mais tarde", explica.
A concorrência no mercado do café é muito grande, e a inovações contribuem para o melhor desempenho das lavouras. Mesmo o Brasil sendo líder na produção e exportação mundial de café, outros países também vem se aprimorando.
"Amanhã teremos alguns visitantes da Colômbia, que querem tomar conhecimento das inovações e equipamento, verificar as lavouras e o espirito dos produtores. Eles estão atentos e querendo conquistar mais mercados", ressalta.
Segundo Paulino, o produtor está esperançoso com melhoras de rendimentos para as próximas safras. Mas neste ano a previsão da Conab calculou uma produtividade de 45 milhões de saca e Procafé 42 milhões.
De qualquer forma, Paulino considera que a produção deve ficar abaixo da necessidade de consumo interno e exportação, que no ano passado ficou em 56 milhões e neste ano estima-se 53 milhões de sacas. Com isso, o suprimento do grão em 2016 deve ficar comprometido.
Além disso, os preços praticados não são remuneradores ao produtor. Em NY a comercialização está em torno de U$ 1,30 a R$ 1,40 cents/lb. No mercado interno os preços são praticados a R$ 450 a R$ 470 a saca. Dessa forma, "é preciso garantir uma boa produtividade", afirma Carlos.
Entretanto, os insumos - necessários no desenvolvimento da cultura - também tem subido de preço, pressionados pela valorização do dólar frente o real.
"Esses insumos, eu tenho a impressão que são estoques remanescentes, quando entrar produto novo o preço deve subir ainda mais", considera.
Paulino alerta que os cafeicultores devem ficar atentos a comercialização, realizar as recomendações técnicas, e vender seus produtos conformes suas necessidades, não segurando muito estoque, mas também não precipitando suas vendas.