Apenas 7% dos brasileiros com direito ao voto consideram bom ou ótimo o governo de Dilma Rousseff

Publicado em 11/03/2015 10:49
blogs de veja.com.br

Pesquisas mostram aprovação de Dilma despencando a um dígito, segundo Veja e Globo

SÃO PAULO - De acordo com informações de colunistas da Veja e do jornal O Globo, pesquisas internas do governo mostram que a aprovação do governo Dilma Rousseff teve uma drástica queda e chegou a menos de um dígito.

De acordo com o colunista Merval Pereira, do O Globo, as medições diárias indicam que o índice de avaliação boa/ótima despencou, sendo que é "menor do que o índice de popularidade do ex-presidente Collor seis meses antes de a Câmara dos Deputados autorizar o processo de impeachment". Collor chegou a 15% de avaliação positiva naquela época depois de ter tido no início do seu governo a expectativa de 71% da população de que faria um governo bom/ótimo.

Já segundo Joise Hasselman, da Veja, as pesquisas internas indicam que a aprovação de Dilma chegou aos 7%, o que teria acendido a "luz vermelha e não mais a amarela" no Palácio do Planalto, até por conta das pesquisas terem sido feitas antes das manifestações anti-Dilma de 15 de março.

Leia a notícia na íntegra no site da InfoMoney

O recorde de impopularidade estabelecido por Dilma é mais espantoso que completar a prova dos 100 metros rasos em 7 segundos

Apenas 7% dos brasileiros com direito ao voto consideram bom ou ótimoo governo de Dilma Rousseff, constatou a pesquisa monitorada diariamente pelo Palácio do Planalto. Nunca antes neste planeta um governante eleito nas urnas despencou para um índice tão desastroso ainda nos primeiros 100 dias de mandato. É mais que um recorde mundial de impopularidade. É uma marca de tal forma impressionante que só a própria campeã parece capaz de superá-la.

Cinco observações comprovam que os 7% de Dilma equivalem a completar a prova dos 100 metros rasos em 7 segundos:

1. Pela primeira vez desde a invenção da pesquisa de popularidade, a taxa de aprovação do chefe de um governo em seu começo coube num algarismo só.

2. Para descer a um dígito, Dilma teve de reduzir a taxa de bom ou ótimo em 40 pontos percentuais num período inferior a quatro meses.

3. A presidente reeleita no fim de outubro com mais de 54 milhões de votos não iria além de 10 milhões neste começo de março.

4. Os 51 milhões que votaram contra o PT no segundo turno vão chegando a 70 milhões.

5. Às vésperas do impeachment, Fernando Collor desceu a 15% de bom ou ótimo ─ mais que o dobro da marca da nova recordista.

Se o regime fosse parlamentarista, o poste fabricado por Lula teria caído fora do Planalto duas semanas depois da posse. Se o Código do Consumidor fosse incorporado à legislação eleitoral, milhões de iludidos pela propaganda enganosa estariam exigindo aos berros a devolução do voto desperdiçado num produto de quinta categoria. Como nestes trêfegos trópicos vigora o presidencialismo imperial, Dilma e o PT sonham com mais quatro anos de tapeação.

Apavorados com o sucesso do programa Minha Cara, Minha Vaia, insones com as manifestações de rua que ampliarão a campanha pelo impeachment ou pela renúncia da presidente, os farsantes no poder vão decerto fingir que esses 7% são consequência da crise econômica internacional. Nada a ver com a incompetência sem precedentes, nem com a roubalheira monumental do Petrolão. É dura a vida de quem enfrenta a elite golpista.

Os jornalistas estatizados juraram até ontem que toda demonstração de hostilidade a Dilma é coisa de gente rica, que usa panela francesa, tem a barriga cheia e odeia a presença de ex-miseráveis em aeroportos. Segundo o coro dos colunistas contentes, o que há é uma guerra movida pelos endinheirados contra os desvalidos e os humildes, que continuam apaixonados por Lula e sua afilhada.

Se é assim, a imprensa oficial logo enxergará o lado bom do recorde desmoralizante: visto de perto, é uma prova que o lulopetismo cumpriu a promessa de acabar com os pobres. Pelos números da pesquisa, entre os brasileiros que votam restam só 7%

(por Augusto Nunes)

 

Quando vão investigar o BNDES?

Tenho dedicado vários artigos ao BNDES, por compreender que o banco foi o grande instrumento do abuso de poder do PT no governo, o ícone do nefasto “capitalismo de estado”, um veículo para o “orçamento paralelo” e para a “seleção dos campeões nacionais”. Nomes como o de Eike Batista, que desejava ser um “empresário do PT”, e da Friboi, que recebeu bilhões do banco, vêm à mente.

Enfim, o BNDES sob Luciano Coutinho é a grande marca do fracasso do governo petista. Não obstante, Dilma decidiu mantê-lo no comando da instituição, o que é temerário e anula o efeito positivo e ortodoxo da presença de Joaquim Levy na Fazenda.

Desembolsos do BNDES em bilhões de reais. Fonte: o próprio banco.

Neste fim de semana, em artigo publicado no GLOBO por três autores, entre eles o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, a opacidade do BNDES foi o tema abordado. Os autores demandavam maior transparência na divulgação dos dados relativos aos bilionários empréstimos concedidos, muitas vezes com base em critérios que só podem ser políticos. Eles queriam saber o básico: qual o resultado efetivo das políticas de subsídios do BNDES? Ninguém sabe ao certo. Um absurdo. Escrevem:

Políticas públicas são financiadas por impostos e é obrigação do governo prestar contas de seu uso aos cidadãos que os pagam. Não menos importante, os recursos são escassos e as necessidades da população virtualmente ilimitadas; os recursos escassos deveriam, então, ser aplicados às políticas que gerem maior benefício à sociedade. Por essas razões, toda e qualquer política pública deveria ser criteriosamente avaliada, com cômputos e apresentação à sociedade de seus custos e benefícios.

[...]

A principal justificativa para a atuação de um banco de desenvolvimento é a existência de projetos cujos benefícios sociais sejam maiores que os benefícios privados. Numa situação dessas, os agentes privados não conseguirão se apropriar de todos os benefícios gerados. Assim, ausentes a atuação do banco e alguma forma de subsídio, esses projetos não seriam levados a cabo, com consequências negativas para a sociedade. Isso ocorre, por exemplo, em projetos que geram o que os economistas chamam de externalidades positivas, isto é, quando um projeto gera ganhos sociais para além daqueles que se beneficiam diretamente dele.

A sociedade tem o direito de julgar se os benefícios da concessão de empréstimos subsidiados compensam os custos. Afinal, não faltam outros problemas que podem ser mitigados com esses recursos, como as filas do SUS ou a falta de vagas em creche, para citar apenas duas de uma longa lista de carências. Para fazer a avaliação, é indispensável que a sociedade tenha acesso às informações. Por exemplo, sendo o empréstimo subsidiado, quais são a taxa efetiva, o prazo e o indexador? Como isso se compara com os juros o governo paga? Para empresas abertas, como o financiamento do BNDES se compara à taxa média de financiamento da empresa no mercado? O indexador é diferente? E como se compara às debêntures que a empresa possa ter? Na ausência dessa informação — o que ocorreria para empresas fechadas — como os termos se comparam com termos que empresas abertas comparáveis enfrentam?

São perguntas legítimas, que levam os autores a concluir que “é hora de abrir a caixa preta”. Por que tanto mistério em relação aos empréstimos feitos pelo banco? O argumento de sigilo bancário não se aplica, pois estamos falando de recursos públicos, provenientes de nossos impostos. Quem quer o subsídio deve, como contrapartida, aceitar total transparência, pois a sociedade tem o direito de saber como esses recursos estão sendo aplicados, qual o retorno deles para quem paga a conta.

Para piorar, o BNDES andou financiando empresas brasileiras e governos em projetos de países com regimes ditatoriais, como Cuba. Qual a justificativa? Como sustentar que faz sentido bancar uma obra de um porto de um bilhão de dólares em Cuba, mesmo tocada por uma empreiteira brasileira (ligada ao petrolão, aliás), quando se tem tantos projetos necessários no país parados? Não faz o menor sentido, e é natural suspeitar de um esquema de corrupção nisso tudo.

Circula pelas redes sociais, inclusive, uma foto que captura bem o que pode estar por trás dessa cortina opaca que impede a população de conhecer melhor os dados do BNDES. Eis a imagem:

BNDES iceberg

Obras como o porto de Mariel em Cuba, as hidrelétricas de San Francisco e de Manduruacu no Equador, a hidrelétrica de Chaglla no Peru, o metrô do Panamá, as linhas novas do metrô de Caracas, um aeroporto em Moçambique, e tantos outros projetos suspeitos, milionários, e com a presença de empreiteiras como a Odebrecht e a OAS, ligadas ao escândalo do Lava-Jato. O que pode emergir disso tudo após investigações sérias?

Só saberemos se elas ocorrerem. É isso que venho cobrar aqui. O Ministério Público precisa colocar o BNDES no radar, para que a simbiose entre governo e empreiteiras seja esmiuçada. O banco tem sido o grande instrumento dessa parceria abjeta, desse “capitalismo de laços” que mistura o público e o privado.

Desde os tempos em que Roberto Campos ajudou a criar o banco, muita coisa mudou, e para pior nesse sentido. Campos teria vergonha de ver no que o BNDES se transformou hoje, e sem dúvida faria coro ao pedido de investigação. Pode ser que o petrolão, que já fez o mensalão ir para a vara de pequenas causas, acabe visto como roubo de galinha também. Para descobrir, é preciso investigar!

Rodrigo Constantino

 

 

Carta aberta a Juca Kfouri

Nota do blog: muitos leitores me cobraram uma resposta ao artigo do colunista de esportes Juca Kfouri sobre o “panelaço”. Não o fiz, pois não queria dar trela para militante petista que simula imparcialidade. Não vale a pena chafurdar na lama. Certas figuras não querem debater de fato, não estão abertas aos argumentos. Suspeito que muitos façam o que fazem a soldo do partido, inclusive. Dito isso, Kfouri merecia uma resposta, não diretamente a ele, pois está blindado contra a razão, mas para os leitores terem conhecimento de seu engodo. Ou seja, era necessário desmascará-lo sem dó nem piedade, como fez meu amigo Mauad nessa devastadora carta que vai abaixo. Até quando vamos aturar o monopólio das virtudes dessa gente? Até quando vamos fingir que eles falam realmente em nome dos mais pobres?

Por João Luiz Mauad, publicado no Instituto Liberal

Prezado senhor,

O que me traz é um artigo de sua lavra, a mim enviado por um amigo petista que, coitado, tem-se agarrado a tudo que possa amenizar um pouco o imenso constrangimento por que tem passado depois de ajudar a eleger a sua “presidenta” para mais um mandato de 4 anos.

Não tenho qualquer pretensão de convencer este meu amigo do seu (dele) mau julgamento político, pois o infeliz se encontra absolutamente contaminado pelo que os americanos chamam de “partidarismo”.  Ele torce e defende o PT como quem torce e defende um clube de futebol, completamente cego a argumentos ou fatos que possam “contaminar” a sua (dele) paixão.

Tampouco pretendo convencê-lo de nada, Sr. Kfouri.  Minha intenção é tentar demonstrar aos demais que nos lêem o quanto seus argumentos e diatribes estão equivocados, bem como defender-me de algumas acusações que o senhor faz aos brasileiros em geral, e às elites, em particular.  Para tanto, separei alguns trechos do seu artigo (em vermelho) para comentar:

“Nós, brasileiros, somos capazes de sonegar meio trilhão de reais de Imposto de Renda só no ano passado. Como somos capazes de vender e comprar DVDs piratas, cuspir no chão, desrespeitar o sinal vermelho, andar pelo acostamento e, ainda por cima, votar no Collor, no Maluf, no Newtão Cardoso, na Roseana, no Marconi Perillo ou no Palocci.”

Fale por si, seu Juca.  Não generalize, por favor.  Não sei da sua vida, mas esse “nós, brasileiros” me é ofensivo.  Não sou nenhum santo que jamais avançou um sinal ou nunca andou em velocidade maior que a permitida, mas não sonego impostos, não compro DVDs piratas, não cuspo no chão e não votei nessa turma que o senhor elenca, assim como nunca votei no Lula ou na Dilma.

“O panelaço nas varandas gourmet de ontem não foi contra a corrupção. Foi contra o incômodo que a elite branca sente ao disputar espaço com esta gente diferenciada que anda frequentando aeroportos, congestionando o trânsito e disputando vaga na universidade. Elite branca que não se assume como tal, embora seja elite e branca. Como eu sou”.

Em primeiro lugar, considero-me um membro da elite, sim, com muita honra.  Tive a sorte de poder estudar e formar-me em nível superior.  Leio mais de cinco livros por ano e minha renda é superior à média nacional.  Quanto a esse negócio de “elite branca”, trata-se de uma enorme bobagem, para não dizer de um clichê preconceituoso e boboca.  Ninguém deveria ser acusado ou cobrado por algo sobre o qual não tem qualquer ingerência.  Eu jamais o acusaria de ser feio, bonito, alto, baixo, branco preto, etc. São qualidades (ou defeitos, dependendo do ponto de vista), sobre os quais não podemos fazer nada.  Simplesmente, nascemos assim.  A propósito, tenho bons amigos negros que pensam muito parecido comigo.

O senhor diz que o panelaço não foi contra a corrupção.  Eu lhe digo que foi também contra a corrupção, mas foi principalmente uma reação das pessoas com algum senso moral ao imenso estelionato eleitoral de que o país foi vítima.  Durante meses escutamos a sua candidata repetir que, se o seu (dela) adversário vencesse, teríamos “tarifaço”, aumento de juros, tunga nos direitos trabalhistas, aumento de impostos, aumento dos combustíveis, etc. E o que tivemos depois que ela foi reeleita?  Tudo aquilo e mais um pouco. Ou seja: ela pode mentir e enganar as pessoas a vontade, e nós devemos permanecer quietos.  Certo?

Mas o panelaço foi também uma reação plenamente justificável aos atentados contra a nossa inteligência cometidos pela sua “presidenta” e seus marqueteiros.  Aquele negócio de dizer que a culpa pela corrupção generalizada do governo era do FHC, ou que a indizível roubalheira na Petrobrás só se tornou pública porque ela mandou apurar, é muita cara-de-pau.  Se o senhor gosta de ser chamado de idiota, é problema seu.  Mas não queira que todos tenhamos o mesmo (mau) gosto.

“Como Luís Carlos Bresser Pereira, fundador do PSDB e ex-ministro de FHC, que disse: “Um fenômeno novo na realidade brasileira é o ódio político, o espírito golpista dos ricos contra os pobres.”… Surgiu um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, a um partido e a um presidente.  Não é preocupação ou medo. É ódio. Decorre do fato de se ter, pela primeira vez, um governo de centro-esquerda que se conservou de esquerda, que fez compromissos, mas não se entregou. Continuou defendendo os pobres contra os ricos. O governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres.”

Vou confessar-lhe uma coisa: estou, sim, com ódio do PT.  Mas não por causa de um suposto espírito golpista contra os pobres.  Meu ódio é porque, ao contrário do que o senhor alega, o seu partido jogou fora doze anos de governo sem que tivesse feito quaisquer das reformas estruturais de que o país tanto precisa, e cujos principais beneficiados seriam justamente os mais pobres que o senhor se jacta de defender.

Seu partido está há doze anos no poder e nada fez para melhorar a educação pública básica.  Ao contrário, o fosso entre a educação de ricos e pobres só fez crescer.  Seu partido nada fez para melhorar a produtividade da nossa mão-de-obra, única forma comprovada de fazer crescer a renda real dos trabalhadores.  Nada fez para reduzir a enorme (e regressiva) carga tributária indireta, que afeta muito mais os pobres que os ricos.  Nada fez para melhorar o ambiente de negócios no país, para permitir que pequenos e médios empreendedores pudessem levar à frente os seus empreendimentos.

A única coisa que vocês fizeram pelos pobres foi aumentar o alcance do Bolsa Família, um programa que serve muito mais para torná-los dependentes do seu partido do que propriamente para tirá-los da pobreza.  Chega a ser um acinte que vocês comemorem como algo honroso o fato de termos quase metade da nossa população direta ou indiretamente dependente desse programa.  É pavoroso que vocês comemorem o aumento do número de brasileiros recebendo a Bolsa, e não a sua redução.

Ao mesmo tempo, o PT torrou rios de dinheiro com o “andar de cima” (para usar uma expressão de que a trupe petista tanto gosta).  Compare o volume dos empréstimos subsidiados do BNDES às grandes empresas com o volume de repasses do “Bolsa Família” durante todos esses anos e depois me diga quem são os principais beneficiários das políticas públicas petistas (em 2013, por exemplo, o governo desembolsou $13,8 bilhões para o Bolsa Família e $190 bilhões em empréstimos subsidiados para as empresas).  Sem falar dos bilhões e bilhões de dólares jogados no ralo por contratos superfaturados com mega empreiteiras e esquemas de corrupção como “nunca antes nesse país”.

“Nos dois últimos anos da Dilma, a luta de classes voltou com força. Não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita.  Quando os liberais e os ricos perderam a eleição não aceitaram isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho. E de repente, voltávamos ao udenismo e ao golpismo.”

Não, meu caro.  A luta de classes voltou pelo discurso raivoso do ex-presidente Lula.  São vocês que, quando acuados, só enxergam a saída do “nós contra eles”, do eterno Fla x Flu.  Até porque única e verdadeira luta de classes que existe atualmente é entre aqueles que pagam impostos e aqueles que os consomem, sem prestar minimamente os serviços que deveriam.  A propósito, como andam a segurança pública, a saúde e a educação?  Pelo visto, o senhor deve morar em outro país…

“Nada diferente do que pensa o empresário também tucano Ricardo Semler, que ri quando lhe dizem que os escândalos do mensalão e da Petrobras demonstram que jamais se roubou tanto no país. “Santa hipocrisia”, disse ele. “Já se roubou muito mais, apenas não era publicado, não ia parar nas redes sociais”.

O senhor, por acaso assistiu ao depoimento do réu confesso, Pedro Barusco, ontem na CPI da Câmara?  Provavelmente, não.  Mas foi estarrecedor.  O PT certamente não inventou a corrupção. O que este partido fez, como nenhum outro, foi torná-la uma política de Estado, uma instituição permanente, operada de cima para baixo, com o intuito de operar a perpetuação no poder.  A corrupção deixou de ser um assunto pessoal para tornar-se institucional.

“Sejamos francos: tão legítimo como protestar contra o governo é a falta de senso do ridículo de quem bate panelas de barriga cheia”.

Quer dizer então que elites, ou melhor, gente que não seja pobre ou de esquerda, não pode protestar ou reivindicar qualquer coisa?  Essas são prerrogativas exclusivas dos pobres?  Não sei quantos anos o senhor tem, mas eu vivi numa época em que as elites foram para as ruas pedir anistia.  Foram para as ruas pedir eleições diretas.  Foram para as ruas pedir o impeachment do Collor (não por acaso aliado atual do PT).  Naquela época as elites letradas faziam a sua parte, chamando a atenção do país em geral para as causas certas, né?  Hoje, como nossas causas são diferentes das suas, devemos ficar em casa e assistir inermes a esse espetáculo de roubalheira e hipocrisia?

Não, senhor.  Sou brasileiro como qualquer outro.  Rico, pobre, branco ou preto.  Pago tanto ou mais impostos do que o senhor e tenho todo direito de ir para a rua protestar contra esse descalabro em que se transformou o Brasil sob a sua “presidenta”.  Pelo bem dos meus (e dos seus) filhos e netos, tenho obrigação de ir para a rua bater panelas, tocar buzinas, enfim, demonstrar a minha contrariedade pela transformação do Estado brasileiro num antro de ladrões, demagogos e hipócritas.

Passe bem! (no blog de Ricardo Constantino)

 

 

Ricos contra pobres: a volta do velho discurso e as pesquisas que vem por aí

Panelaço: a volta do velho discurso

Panelaço:
a volta do velho discurso

Desde o domingo do panelaço, o PT e os que dão eco ao partido nas redes sociais passaram a repetir um mantra: o panelaço é coisa dos ricos; os pobres não se manifestaram no domingo.

Novamente, o PT bota em cartaz o velho filme dos ricos contra os pobres. É um discurso que costuma unir o PT. Já deu certo muitas e muitas vezes, apesar de mentiroso.

Agora, esse discurso será intensificado para tentar combater as manifestações do dia 15.

Beleza. Cada um tem sua arma.

A questão aqui é que dessa vez esse discurso tem um ingrediente muito diferente – e o Palácio do Planalto sabe disso. As pesquisas de opinião a que o Planalto tem tido acesso revelam que Dilma Rousseff é dona hoje um índice de confiança no seu governo que já um pouco abaixo do que Fernando Collor tinha em seu pior momento – e Collor,perto de ser apeado do poder teve os piores números de pesquisas entre todos os presidentes desde a o fim da ditadura.

Não dá, portanto, para dizer que o que se trava hoje é uma luta de pobres contra ricos com os números que se tornarão públicos no fim do mês, quando for divulgada a nova pesquisa CNI-Ibope.

Mas até lá, o PT vai insistir neste discurso. Depois, é melhor procurar outro.

Por Lauro Jardim

 

Ministro do Supremo diz que “não é desejável” Cunha e Renan à frente do Congresso

Anistia é esquecimento

Mello: preocupação

Em uma conversa na tarde de ontem, Marco Aurélio Mello disse que a permanência de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros, agora que são oficialmente investigados na Lava-Jato, não é ilegal, mas tampouco “é desejável”.

Disse Marco Aurélio:

- Não é o desejável. O desejável seriam pessoas sobre as quais não houvesse a menor sombra de dúvidas. Eles são apenas investigados, não são nem réus, logo não há uma implicância legal maior. Mas a leitura que o povo faz da permanência deles é ruim. Por isso que fragiliza as instituições.

Por Lauro Jardim

 

Vai falar?

dilma

Depende do dia 15

O Palácio do Planalto pensa em oferecer uma entrevista exclusiva de Dilma Rousseff a algum grande veículo de imprensa – mas prefere ver o que será a manifestação do dia 15 para resolver o que realmente fazer – e como.

Por Lauro Jardim

 

‘De olhos abertamente fechados’ e outras sete notas de Carlos Brickmann

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

CARLOS BRICKMANN

Uma multidão imensa protesta contra o Governo. Os governistas explicam: são os milionários. Mas tanto milionário assim? Não, claro que não: as senhoras estão levando a criadagem, os maridos obrigam os funcionários de suas empresas a comparecer. Mas, politicamente, isso não tem o menor significado: no fundo, é só a elite endinheirada paulista. Os governistas fingem que não veem.

Este diálogo é real e ocorreu durante as manifestações contra o Governo, num clima de terrível tensão. Muito temor: intervenção de forças estrangeiras, milícias de agricultores exigindo terras, corrupção, civis pedindo intervenção militar, ameaças de golpe oposicionista, ameaças de golpe governista. Data: 1964.

O panelaço contra Dilma foi imenso. Os governistas dizem que foram os milionários, a elite endinheirada paulista; que a criadagem teve de buscar as panelas Le Creuset, que foram todos para suas elegantes varandas gourmet em bairros nobres fazer o panelaço. Os fatos, pior para os fatos: Ricardo Kotscho, lulista desde quando não era chic ser lulista, secretário de Comunicação do Governo Lula, petista até seus últimos e raros fios de cabelo, diz que no Jardim João 23, periferia extrema de São Paulo, houve o mesmo panelaço que na cidade inteira. E houve também em outras cidades, em todo o país.

Mas é engraçado falar em Revolução Cashmere. É mais fácil do que pensar. É melhor fingir que não veem. A crise se agrava e há quem finja que não há crise. Sem acordo – e logo – o velho filme de horror pode ser reprisado.

Aquele em que, no fim, a gente morre.

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O verdadeiro pizzaiolo: Dias Toffoli pede transferência para julgar petrolão na vaga de Joaquim Barbosa

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Dias Toffoli e seu padrinho Lula

Para suprir a vaga deixada por Joaquim Barbosa, o ministro Dias Toffoli requereu a transferência da Primeira para a Segunda Turma do Surpremo Tribunal Federal, encarregada de julgar as ações penais do petrolão, como expliquei aqui.

Isto significa que os petistas que comandaram o maior esquema de corrupção da história brasileira serão julgados por um ex-advogado do PT.

Foi de Gilmar Mendes a sugestão de que um dos integrantes da Primeira Turma migrasse para a Segunda para evitar que os inquéritos da Operação Lava Jato começassem a ser analisados com o quórum reduzido, o que aumentaria as chances de empate.

Não sei se Mendes mordeu a isca da demora da presidente Dilma Rousseff em indicar um nome, mas o fato é que o PT agiu depressa para aproveitar a oportunidade.

Bacharel em direito pela Universidade de São Paulo, Toffoli advogou para a liderança petista na Câmara e foi advogado do partido em três campanhas presidenciais de Lula: 1998, 2002 e 2006.

Em 2003, foi levado para a subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, comandada pelo ex-ministro José Dirceu, hoje mais conhecido como o “Bob” da propina; e chegou à Advocacia-Geral da União em 2007,  a convite de Lula.

ToffoliIndicado mais uma vez por Lula, Toffoli chegou ao Supremo Tribunal Federal, onde votou pela absolvição de seu ex-chefinho José Dirceu no processo do mensalão, supostamente por julgar insuficientes as provas contra o mensaleiro.

Como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Toffoli permitiu toda sorte de ataques da campanha de Dilma a Marina Silva e a Aécio Neves no primeiro turno e no começo do segundo, e quando o tucano começou a reagir no debate do SBT, decidiu proibir os ataques dizendo que este jogo “não é civilizado, não é pedagógico, não é educativo para o povo brasileiro”.

Diante das revelações crescentes do petrolão do PT na imprensa, Toffoli revelou com todas as letras seu autoritarismo de dono da democracia, pregando em sessão do tribunal editada no vídeo abaixo uma intervenção que não está na Constituição, nem existe em qualquer país democrático do mundo:

“Tem que acabar com esse negócio de aparecer jornal e revista nos programas eleitorais.”

Foi o TSE comandado por esse tiranete que deu à campanha do PT direito de resposta no site de VEJA depois que a revista simplesmente divulgou o depoimento do doleiro Alberto Youssef à Polícia Federal, no qual ele afirmava que Lula e Dilma sabiam de tudo do petrolão.

A recente quebra do sigilo dos depoimentos revelou que VEJA estava certa, mas obviamente isto não muda o resultado eleitoral.

É mesmo “imparcialíssimo” esse tal de Toffoli, não? O “Bob” agradece.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

 

Toffoli defende Dilma. Uma prévia do petrolão

dilma_toffoliNa mesma terça-feira (10) em que pediu transferência para julgar o petrolão na vaga de Joaquim Barbosa, o (ex-)advogado do PT Dias Toffoli fez jus na Câmara à sua carreira no partido, relativizando o descalabro do governo de Dilma Rousseff sem citá-la nominalmente:

“Todos os presidentes da República ao longo da história do Brasil, todos, passaram por dificuldades de se manter no poder. Todos tiveram algum tipo de movimento [contra], quando não aqueles que realmente caíram, que sucumbiram.”

Detalhes: nenhum presidente ao longo da história do Brasil permitiu que seu partido roubasse 300 milhões de dólares da Petrobras, que sua campanha recebesse pelo menos 300 mil reais do esquema e que o rombo chegasse a mais de 88 bilhões de reais no balanço, ajudando a afundar o país em crise econômica. Mas advogado é advogado.

Segundo Toffoli, é grande “a dificuldade de presidir o Brasil, que gera essa ideia de fraqueza pessoal. Não é fraqueza pessoal, é a dificuldade de gerir uma nação complexa, a quarta maior democracia do mundo, a sétimo economia do mundo, inúmeros interesses.” Por isso, disse ele, estão errados aqueles “que acham que o presidencialismo no Brasil é muito poderoso”.

Para Toffoli, em suma: a culpa não é de Dilma. A culpa é do Brasil.

Estão vendo como o julgamento do petrolão promete?

Dilma Toffoli 2

Ei, delatores: sssssssshhhhhhhh

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

 

Cristovam Buarque, ex-filiado ao PT: ‘Falar de impeachment não é golpismo’

Cristovam Buarque: 'A presidente tem de construir pontes, o que parece que ela não gosta de fazer. Ela tem de reconhecer os erros' (Foto: Pedro França/Agência Senado)

Cristovam Buarque: ‘A presidente tem de construir pontes, o que parece que ela não gosta de fazer. Ela tem de reconhecer os erros’ (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O senador afirma que o PT perdeu o vigor e se acomodou com a chegada ao poder: ‘Age como se bastasse dar Bolsa Família’

Por Marcela Mattos, de Brasília, para VEJA.com

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), de 71 anos, é um dos políticos mais experientes do Congresso Nacional. Está há 13 anos no Senado, período só interrompido para atuar como ministro da Educação no início do governo Lula. Ex-governador do Distrito Federal e candidato à Presidência da República em 2006, Cristovam já presenciou uma série de turbulências políticas ao longo dos anos. Mas anda espantado nos últimos tempos: “A sensação é de que a presidente não lidera mais”.

Em entrevista ao site de VEJA, o senador repetiu o discurso que irritou a bancada petista nas últimas semanas: “Corre-se o risco de ingovernabilidade. Aí o impeachment termina sendo uma coisa natural”.

Como o senhor analisa a relação da presidente Dilma com o Congresso?

Sempre houve turbulência, mas o nível atual tem uma gravidade profunda. É a sensação de que a presidente não lidera mais. Ao não liderar, ela não está controlando. Por exemplo: o Lula tem de intervir de vez em quando e falar com o PT, a Dilma tem de dar pito no ministro da Fazenda.

Eu creio que um dos grandes problemas da presidente hoje é que ela tem um ministro que não gosta, mas que não pode demitir. O Joaquim Levy não parece ter o perfil que ela gostaria, mas, como ela não pode demitir, fica evidenciado que perdeu a liderança. E isso é o que caracteriza seu novo mandato.

Esse descontrole já estava anunciado antes da reeleição?

Sim, e por isso eu votei no Aécio Neves. As pessoas não entendiam por que eu, que sempre estive próximo à ala da esquerda, votei no PSDB. O PT não tem propostas transformadoras da sociedade. Mas os partidos ficaram todos iguais e, de repente, votei em alguém que estava do outro lado. Votei no Aécio porque era o novo.

A democracia cria a cada quatro anos a lua de mel entre o dirigente e o povo. Mas a Dilma já chegou sem lua de mel. Começa um casamento velho em que jogou muito dinheiro e cometeu infidelidade, já que disse uma coisa e agora faz outra. O melhor seria a novidade. Ela permitiria mudar os quadros dirigentes e colocaria as esquerdas na oposição para voltar a ter projetos e sonhos.

Não se consegue sonhar nos sofás dos palácios. Você se acomoda, se acostuma, fica preso naquele momento. Eu saí do PT quando o partido perdeu o vigor transformador e se acomodou. Age como se não precisasse fazer mudanças sociais – basta dar Bolsa Família. Qual foi a transformação social do PT? O PT tem coisas ótimas, mas transformação social não tem. Hoje, 52 milhões de pessoas não passam fome. Mas isso não é transformação. Isso é uma coisa assistencial. Transformação seria se o ensino tivesse sido modificado, e não foi.

E qual a consequência disso?

O povo está falando no impeachment. Tem direito de falar e não é golpismo, está na Constituição. Mas a proposta de impeachment não é boa. Pedagogicamente, o eleitor perde a convicção da importância do seu voto. Passa no inconsciente de que se não der certo, tira. Quando isso acontece ao longo da história da República uma ou duas vezes, tudo bem. Mas a gente só teve até aqui quatro presidentes eleitos. E para cada um se falou em impeachment, do Collor até a Dilma. É muito enfraquecedor, uma democracia doente.» Clique para continuar lendo e deixe seu comentário

Quem não chora não mama: caminhoneiros conseguem benefício e você paga a conta

Uma reportagem de Daniel Rittner no jornal Valor Econômico hoje afirma que o governo pretende autorizar reajustes extraordinários nos pedágios para compensar ajuda oferecida aos caminhoneiros após protestos. A autorização, que deverá ocorrer em meados de 2016 apenas, permitirá uma alta de até 20% nas tarifas, segundo estimativas preliminares de algumas autoridades. A isenção de cobrança de pedágio para os eixos suspensos de caminhões que rodam sem carga afetará o caixa das empresas que administram as rodovias, e por isso o governo deve autorizar o aumento do pedágio.

A Lei dos Caminhoneiros foi a reação do governo às manifestações que ameaçaram parar as estradas brasileiras nos últimos dias. O episódio é interessante para mostrar como funciona um modelo que concentra poder demais no estado. Na política, os benefícios são concentrados e os custos são dispersos. É assim que funciona, independentemente do partido no poder. Claro que partidos fazem diferença, e que um mais populista ou incompetente, como o PT, possui poder de estrago bem maior. Mas na essência é assim que funciona.

Não é difícil entender os motivos. Grupos organizados de interesse têm muito a perder ou ganhar com determinadas medidas, e por isso mesmo se unem em prol de privilégios. Os caminhoneiros, por exemplo, conseguem se unir em torno de uma causa comum, e há muito em jogo para eles. Na verdade, pode ser questão de “vida ou morte”, de sobrevivência nos negócios. Já cada um dos motoristas que usam o pedágio tem pouco interesse no seu custo final. Claro que incomoda e machuca o bolso ver um aumento na tarifa, mas ninguém vai se reunir em torno de alguns centavos a mais no preço final. É raro, pois os motoristas são milhões e se encontram dispersos, desorganizados.

É por essa lógica perversa que grupos de produtores sempre circulam em torno do governo em busca de barreiras protecionistas, empréstimos subsidiados do BNDES, etc. Para esses poucos produtores, há muito em jogo; para cada consumidor, o custo é pequeno no item específico em pauta. Quando tudo é somado, naturalmente o custo é enorme. Por isso o Brasil é tão caro. Por isso pagamos o triplo no mesmo carro em relação aos americanos. Por isso os vinhos são tão caros por aqui. Tudo isso é reflexo de um modelo que permite grande concentração de poder no estado.

Quem não chora não mama em regimes como o nosso. Quem vai para a rua de forma organizada, ameaça parar o país com greves, causa transtornos para toda a população, costuma obter vantagens. Quem não conta com tais instrumentos paga a conta. Não existe almoço grátis. O governo precisou acalmar os caminhoneiros, que estavam tocando o terror. A forma mais fácil de fazer isso foi usar as empresas que administram as rodovias para pagarem a conta. Mas claro que isso é só temporário, pois são intermediárias. No fim do dia, quem vai mesmo bancar os novos privilégios são os motoristas comuns. As formigas sem voz política, em suma…

Rodrigo Constantino

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