Soja fecha em queda na CBOT após USDA neutro; mas sobe no Brasil com dólar alto
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou, nesta terça-feira (10), seu novo boletim mensal de oferta e demanda e os números não trouxeram nenhuma novidade para o cenário da soja. Contrariando expectativas dos traders, a instituição manteve inalterados os dados para os estoques finais norte-americanos, para as exportações do país e para a safra brasileira.
Dessa forma, os principais vencimentos da oleaginosa fecharam o dia com perdas de pouco mais de 8 pontos na Bolsa de Chicago, e o mercado já trabalhando na casa dos US$ 9,80 por bushel. O contrato maio/15, referência para a safra brasileira, terminou o pregão cotado a US$ 9,84, com queda de 8,75 pontos.
Os investidores se frustaram, mais uma vez, com um relatório neutro trazido pelo USDA e optaram por liquidar parte de suas posições, uma vez que aguardavam alterações mais significativas para os números da soja, principalmente nas exportações. "O relatório não trazendo novidades é um relatório típico do USDA para essa época de início de colheita na América do Sul, bem conservador", explica Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Os estoques finais de soja foram mantidos em 10,48 milhões de toneladas nos EUA, as exportações e o esmagamento interno em 48,72 e 48,85 milhões de toneladas. No quadro da América do Sul, a produção brasileira foi mantida em 94,5 milhões de toneladas e a da Argentina em 56 milhões. Todos os números em linha com os reportados em fevereiro.
No quadro global, a produção mundial foi mantida em 315,06 milhões de toneladas e os estoques cresceram ligeiramente de 89,26 para 89,53 milhões de toneladas.
Para Brandalizze, apesar disso, o mercado ainda conta com algum suporte para os preços, principalmente, por ainda se observar uma demanda aquecida e as exportações dos Estados Unidos podendo chegar a algo, pelo menos, entre 49 e 49,5 milhões de toneladas de soja. "O mercado americano é bem vendedor nesse momento", diz o consultor.
E, paralelamente, para Brandalizze, se o mercado volta a engatar em novas baixas, perto dos US$ 9,70, os compradores devem participar ainda mais avidamente dos negócios, elevando as cotações novamente, em Chicago. Porém, na outra ponta, ainda segundo explica o consultor, há a elevação do dólar frente ao real e às demais moedas emergentes. Nos últimos dias, a divisa disparou - chegou a bater nos R$ 3,17 nesta terça-feira no Brasil - e esse poderia ser um fator de limitação para os ganhos na CBOT.
Esses ganhos do dólar têm estimulado um movimento de venda mais acentuado nas últimas semanas no Brasil, com o produtor aproveitando os melhores momentos da temporada para os preços nos portos, cenário que se configura como um componente a mais para as baixas no quadro internacional. "As vendas no Brasil deram um salto nas últimas semanas e já se estima que cerca de 52% da safra brasileira tenha sido vendida", diz Vlamir Brandalizze.
Com o dólar fechando o dia, mais uma vez, acima dos R$ 3,10 nesta terça, o valor da soja no porto de Paranaguá terminou o dia com 4,44% de alta em R$ 70,50 por saca e subindo 1,45% em Santos, para terminar os negócios em R$ 70,00. Em Rio Grande, foi registrada uma leve perda de 1,79% para R$ 71,20, depois de bater no melhor valor da temporada - R$ 72,50 - nesta segunda-feira (9).
No interior do país, o dia também foi positivo para as cotações. Em Não-Me-Toque/RS, por exemplo, o dia terminou com ganho de 2,52% para R$ 61,00 por saca e em Ubiratã e Londrina, ambas as praças no Paraná, o preço subiu 0,85% para R$ 59,50. Em Jaboticabal, no estado de São Paulo, o preço subiu mais de 15% e ficou em R$ 57,64/saca. No Mato Grosso do Sul, a alta mais expressiva foi em Chapadão do Sul, onde a cotação ficou em R$ 58,00, registrando um ganho de 0,87%.
Dólar - O dólar fechou em leve baixa nesta terça-feira, caindo 0,82% frente ao real e terminando o dia cotado a R$ 3,1040. A moeda interrompeu uma série de seis altas consecutivas, porém, para analistas, a tendência de alta não mudou e o movimentou foi pontual e temporário, com os investidores buscando garantir parte de seus lucros depois das fortes altas.
A frágil e instável cena política no Brasil ainda tem sido o principal fator de suporte para a a divisa e não há, no horizonte, sinalizações de que a possa haver uma mudança significativa no cenário para que se reverta a direção do dólar, segundo explicam economistas e consultores de mercado.
"Estamos em uma situação em que realmente precisamos de um ajuste fiscal. Foram erros cometidos pelo governo no passado, onde se buscou de maneira muito excessiva - por parte do governo - o estímulo ao consumo, em momentos em que se trabalhava com taxas de juros muito elevadas, e isso, por fim, levou a elevação dos custos e a competitividade. Até a própria redução dos IPI's acabou forçando os custos da indústria, apesar da redução dos impostos. E o cenário agora mostra que o Brasil está acima de tudo com baixa competitividade", explicou o economista Jason Vieira, em entrevista ao Notícias Agrícolas. No link abaixo, confira a íntegra da entrevista:
2 comentários
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Marcio Genciano dos Santos Ivaiporã - PR
O USDA trouxe os mesmos números do relatório de março: redução na safra do Brasil por forte estiagem, excessos de chuvas, demanda forte pela soja norte-americana..., nem os estoques de passagem dos EUA foram alterados..., a resposta com certeza virá nos próximos dias nas cotações na CBOT..., agora é importante que o produtor avalie principalmente a força do dólar, que tem deixado os preços muito atrativos.....
Liones Severo Porto Alegre - RS
Este relatório do USDA sobre a soja calou o mercado porque ficou distante da realidade. Não acredito que os players do mercado irão absorvê-lo, como foi proposto... Não existe mais bobo do lado debaixo da linha do Equador !!!