Protestos geram prejuízo de R$700 mi para indústrias de aves e suínos
SÃO PAULO (Reuters) - As indústrias de aves e suínos tiveram prejuízo de cerca de 700 milhões de reais com os bloqueios de rodovias realizados em diversos pontos do país nos últimos dias, que provocaram paralisação de abates e problemas no transporte de insumos e produtos, informou nesta terça-feira a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A entidade disse que ainda há unidades paradas nesta terça-feira, sem dar mais detalhes. Afirmou também que várias plantas conseguiram retomar os abates após o cumprimento de liminares judiciais que liberaram o tráfego de cargas.
"Tivemos conhecimento de planta que suspendeu abate nesta segunda-feira. Outras, estão receosas em retomar as atividades e enfrentar nova paralisação, que é mais oneroso que manter a planta suspensa. Há pouco também soubemos de problemas que exportadores estão enfrentando em portos", disse o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra, em nota.
"Estamos em estado de alerta, mesmo com a redução do número de bloqueios pelo país", disse.
Conforme cálculos da entidade, em torno de 70 por cento da capacidade de abate do Sul do Brasil, principal região produtora de aves e suínos, foi afetada nos dias mais graves de bloqueios realizados por caminhoneiros, entre a segunda e a sexta-feira da última semana.
Desde 21 de fevereiro, quando os bloqueios começaram a ser sentidos pelas indústrias, cerca de 60 unidades frigoríficas apresentaram desaceleração ou suspensão total da produção, disse a ABPA, incluindo unidades da JBS e da BRF.
A BRF informou na segunda-feira ter retomado as operações das unidades paradas. A JBS afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que foram retomadas na segunda-feira as operações nas oito unidades paradas na semana passada.
A distribuição da ração para as granjas, a chegada de aves e suínos para o abate e a liberação das cargas prontas para exportação e para o abastecimento dos supermercados foram afetados.
Segundo relatório desta tarde da Polícia Rodoviária Federal, ainda havia sete interdições parciais em rodovias federais do Rio Grande do Sul. Outros 13 pontos no Paraná tinham manifestações às margens das rodovias.
Em alguns momentos na semana passada, houve cerca de 100 pontos de bloqueio em estradas federais em pelo menos 10 Estados.
A Secretaria-geral da Presidência da República destacou, em nota, que onde ainda há protestos o trânsito está livre para ônibus, caminhões com alimentos perecíveis e alimentação animal, sem nenhuma interdição total.
"Equipes da Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional de Segurança Pública e polícias estaduais continuam de prontidão e trabalham para retomar a normalidade no transporte nas rodovias federais e abastecimento à população", disse a secretaria.
Os protestos diminuíram esta semana após o governo anunciar uma série de medidas, que incluíram multas de até 10 mil reais por hora.[nL1N0W02UA]
A presidente Dilma Rousseff sancionou sem vetos na segunda-feira a Lei dos Caminhoneiros, que alivia pagamento de pedágio, perdoa multas e promete ampliar pontos de paradas para descanso, numa tentativa de encerrar a greve da categoria.[nL1N0W42MG]
PORTOS
Até o início da tarde, 500 caminhões com grãos chegaram ao porto de Paranaguá, onde barreiras recentes reduziram os estoques de soja. Esse volume é suficiente para garantir as exportações, pelo menos, até quinta-feira, em vez de quarta-feira, disse um porta-voz.
Já o acesso ao principal porto exportador de carne de aves do país, em Itajaí (SC), também está bloqueado desde sexta-feira, de acordo com Fabio Rosa, gerente de um entreposto privado, perto do porto.
Armazéns como os dele estão cheios, mantendo cerca de 300 contêineres refrigerados, disse.
"Nós nunca tivemos tantos. As grandes empresas, JBS, BRF estão todas esperando para acessar os navios do porto", disse Rosa.
(Por Gustavo Bonato; com reportagem adicional de Marcelo Teixeira)
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