Soja opera com estabilidade e caminhando de lado na Bolsa de Chicago nesta 3ª feira
Nesta manhã de terça-feira (3), os futuros da soja operam com estabilidade na Bolsa de Chicago, tentanto uma ligeira recuperação em relação às fortes quedas registradas na sessão anterior. Por volta das 7h40 (horário de Brasília), os principais vencimentos subiam entre 1,25 e 2 pontos.
O mercado já observa com atenção da greve dos caminhoneiros perdendo força no Brasil e o fluxo de produtos tentando retomar seu ritmo normal. Paralelamente, segue trabalhando com os seus já conhecidos fundamentos de oferta - aguardando a conclusão da safra da América do Sul - e demanda, a qual se ainda se mostra bastante forte e crescente.
Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:
Soja começa a semana acima dos R$ 67 no Brasil com portos quase vazios
Protesto dos Caminhoneiros em Candelária/RS
Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago devolveram boa parte dos ganhos registrados na última semana e fecharam a sessão desta segunda-feira com baixas de dois dígitos - superando os 16 pontos nas posições mais negociadas. O vencimento maio/15, referência para a safra brasileira, ficou em US$ 10,13 por bushel.
Como explicou o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, a percepção de que o movimento dos caminhoneiros no Brasil começa a ser menos intenso foi um dos principais fatores de baixa para o mercado neste início de semana. Apesar de ainda haver muitos pontos de bloqueio em pelo menos seis estados nesta segunda, a greve já não mostra a mesma força que exibia na última sexta-feira (27).
"Em relação ao que se tinha no final da semana passada, a situação já está bem melhor. Em meados da semana passada, chegamos a ter menos de 10% do que estava no line-up sendo embarcado no porto de Paranaguá, depois tivemos ainda a obstrução no porto de Santos", relata o consultor. E com o fluxo comprometido no Brasil, segundo maior produtor e exportador mundial da oleaginosa, a demanda forte e crescente deve exigir cada vez mais da oferta norte-americana.
No porto de Paranaguá, onde o preço da soja fechou o dia em R$ 67,50 por saca com o produto para entrega em abril/15, o fluxo de caminhões ainda está muito abaixo do normal e deverá contar ainda com um bom tempo para que o cenário se reestabeleça. Os estoques de carga para embarque devem durar somente até esta terça-feira (03). Em Rio Grande, o preço fechou o dia valendo R$ 67,50 e em Santos, R$ 68,00/saca. Apesar das baixas em Chicago, a alta do dólar compensou parte das perdas e a moeda norte-americana subiu mais de 1% frente ao real nesta segunda, voltando a se aproximar dos R$ 2,90.
Nesta manhã, passaram pela triagem do terminal 90 caminhões, quando o normal para essa época do ano é uma média de 950 veículos. Ainda segundo Cogo, durante o dia esses números foram melhorando e isso também foi pesando sobre as cotações. No último final de semana, entre sábado e domingo, 590 caminhões descarregaram cargas no porto, contra a média de três mil para o período.
Outro fator que pesou sobre as cotações em Chicago no pregão desta segunda-feira (3) foram os números dos embarques semanais, que vieram em pouco mais de 600 mil toneladas e ficaram abaixo das expectativas do mercado, além de menores também do que as registadas na semana anterior.
Entretanto, como explica Cogo, mais importante do que esse número semanal é importante observar o quadro geral, que já aponta o total de soja embarcada na temporada 2014/15 superando 41 milhões de toneladas - bem acima dos mais de 35 milhões do mesmo período da safra 2014/15 - enquanto o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) projeta as exportações totais norte-americanas em 48,72 milhões de toneladas.
"Em uma visão de mais médio ou longo prazo, esse volume já contratado de soja norte-americano é muito elevado mesmo. Lembrando que o ano comercial se encerra somente no final agosto, e atá lá temos, praticamente, cinco meses de contratações", afirma o consultor.
Assim, a perspectiva é de que as cotações da soja na Bolsa de Chicago continuem se mantendo em um piso de US$ 10,00 por bushel, uma vez que, ainda segundo Cogo, ao se aproximar desse valor o mercado volta a ser comprador. "É importante lembrar que uma boa parte dos ganhos recentes foi em função de uma coisa muito pontual, mas o patamar de um piso de US$ 10 continua tanto para o médio, quanto para o longo prazo", diz.
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Protesto dos Caminhoneiros em Candelária/RS
Negócios x Greve dos Caminhoneiros
Os produtores brasileiros têm aproveitado de forma bastante intensa esses picos de preços no Brasil, principalmente porque, ainda segundo explicam analistas e consultores de mercado, os mesmos não ocorrem, geralmente, em época de pico de colheita no Brasil. Bons volumes de vendas foram registrados nesses últimos dias, entretanto, os armazéns estão lotados de produto nos campos, enquanto os portos estão se esvaziando.
"O protesto continua, está muito forte na região oeste, sudoeste do Estado (do Paraná), e o noroeste pega a região de Campo Mourão. É um problema sério, o pessoal não consegue se planejar, os armazéns estão começando a encher (nas propriedades rurais e cooperativas)", disse uma importante fonte do setor produtivo, que pediu para não ser identificada por temer represálias dos manifestantes à agência Reuters.
O fluxo de produto para os portos ainda está muito comprometido e deverá levar ainda alguns meses para se normalizar. Além de portos vazios, vemos ainda plantas processadoras de soja e fábricas de ração sem matéria-prima. Nas granjas, animais estão morrendo por falta de alimentação e milhões de litros têm sido desperdiçados diariamente.
O mês de fevereiro foi o pior dos últimos quatro anos para as exportações brasileiras de soja, que somaram 869 mil toneladas, refletindo não só os protestos em estradas de todo o Brasil, como também o atraso na colheita em função de adversidades climáticas. Agora, os trabalhos de campo devem ser mais uma vez atrasados, uma vez que um novo levantamento mostra que cerca de 80% dos produtores rurais de Mato Grosso já estão sem óleo diesel para abastecer suas colheitadeiras.
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