A greve dos motoristas e o agronegócio do oeste catarinense
As motivações para a greve dos caminhoneiros são legítimas. O aumento do diesel, o preço dos pedágios, as péssimas condições das rodovias, a tributação do setor e outros fatores encareceram a operação dos transportadores, ao mesmo tempo em que o mercado, em razão de sua própria dinâmica de oferta e demanda, baixou a remuneração pelo serviço. O setor entrou em crise e, provavelmente, não restou outro caminho senão a greve.
O problema é que o movimento dos transportadores está causando transtornos insuportáveis a um segmento essencial da economia brasileira – a agricultura e o agronegócio – no grande oeste catarinense, região reconhecida mundialmente pela excelência da produção de alimentos. O fluxo de matérias-primas das áreas rurais para as indústrias foi interrompido – e leite, grãos, frutas, hortigranjeiros, aves, bovinos e suínos deixaram de chegar às agroindústrias. No contrafluxo, rações, pintinhos, leitões e outros insumos deixaram de chegar aos estabelecimentos agrícolas.
As conseqüências foram catastróficas. As indústrias paralisaram a produção por falta de matéria-prima e de local para estocagem dos produtos processados. Os depósitos e os pátios ficaram repletos de mercadorias que não puderam sair em direção aos centros de consumo em razão do bloqueio das estradas.
No campo, a situação é ainda mais dramática, pois o oeste barriga-verde responde, em média, por 75% da produção agropecuária do Estado. Cerca de 6 milhões de litros de leite estão sendo jogados fora todos os dias porque não é permitido o transporte até os laticínios. Falta ração para um plantel permanente de quase 100 milhões de aves e 5,5 milhões de suínos. Esses animais já entraram em estresse alimentar e nas próximas horas começam a ser contabilizadas perdas que podem somar milhões de aves e gerar uma situação sanitária de alto risco, propício ao surgimento de epizootias.
O privilegiado status sanitário e a avançada cadeia do agronegócio que Santa Catarina construiu nos últimos 30 anos representam uma conquista de toda a sociedade, que sustenta milhares de empregos e gera bilhões em riquezas, beneficiando famílias urbanas e rurais.
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Luiz Alfredo Viganó Marmeleiro - PR
Nos primeiros dias da "greve" lideranças do agronegócio do Oeste catarinense (presidentes de sindicatos de produtores rurais e até o representante da Faesc em SJ do Cedro) foram de imediato apoiar o fechamento de rodovias e acessos às cidades da região, sem analisar os fatos e as consequencias disso, e muito menos consultar os agricultores e produtores... Deu no que deu, violência, brigas, prejuízos aos grandes e pequenos. Muita irresponsabilidade em jogar tudo no mesmo balaio, misturando preço de diesel e preço de leite, sem atentar que se aumenta o preço do frete, quem paga no fim da cadeia é o PRODUTOR, nós é que iremos pagar por toda essa "manifestação", que no fim das contas penalizará os inocentes úteis (como aquele que foi atropelado no Rio grande) e beneficiará alguns espertalhões do ramo de transporte...