Milho: Na BM&F, mercado acompanha alta do dólar e fecha sessão em campo positivo; março/15 retoma patamar dos R$ 29/sc
Na BM&F Bovespa, as cotações do milho encerraram o pregão desta quarta-feira (18) em campo positivo. As principais posições do cereal exibiram valorizações entre 0,68% e 1,68%. O vencimento março/15 era cotado a R$ 29,03 a saca.
Mais uma vez, a alta do dólar deu suporte aos preços do cereal, apesar da forte queda observada na Bolsa de Chicago (CBOT). A moeda norte-americana encerrou a sessão a R$ 2,8422 na venda, com valorização de 0,38%, ainda próximo das máximas em amis de 10 anos, de acordo com dados da agência Reuters.
O câmbio refletiu a frustração dos participantes do mercado diante da ausência de um acordo que resolva o impasse em relação à crise da dívida da Grécia. Mesmo após uma reunião para tentar encontrar uma solução ao problema no início dessa semana.
Mercado interno
As cotações do milho no mercado interno brasileiro tiveram um dia de estabilidade, após o feriado de Carnaval, nesta terça-feira (17). Nas principais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, os preços se mantiveram e no Porto de Paranaguá, a saca do cereal encerrou a quarta-feira (18) a R$ 30,00, para entrega em outubro/15.
Contudo, as cotações subiram nas duas últimas semanas. Na visão do pesquisador do Cepea, Lucílio Rogério Alves, o movimento de valorização dos preços é decorrente do bom ritmo das exportações do cereal observadas nos meses de dezembro e janeiro. Além disso, a alta do câmbio também tem dado suporte ao mercado.
"A alta do dólar acabou elevando os preços nos Portos, que, por sua vez, foram repassados para o mercado interno. Isso mesmo com estoques de 14,3 milhões de toneladas em janeiro, conforme dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), número superior ao registrado no mesmo período do ano passado, de 8,3 milhões de toneladas", destaca o pesquisador.
Em relação à produção da primeira safra, a companhia elevou as projeções de produtividade da região Sul do país. "A safra deverá ser menor, mas não tanto quanto estava sendo esperado, teremos uma oferta próxima a de 2014. Porém, se somarmos a produção de milho, primeira e segunda safra, mais os estoques e importações, teremos quase 93 milhões de toneladas do grão disponíveis para o consumo no mercado interno, nível recorde. E mesmo com um consumo ao redor de 55 milhões de toneladas, estamos falando de 38 milhões de toneladas procurando um caminho", explica Alves.
Já as exportações são projetadas ao redor de 22 milhões de toneladas para essa temporada, entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2016. Com isso, os estoques, em janeiro do próximo ano, deverão ficar entre 17 milhões a 18 milhões de toneladas. "A questão das exportações, é o que poderá mudar esse cenário. O ritmo dos negócios está acima do que víamos no ano passado", relata o pesquisador.
Segundo dados do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), cerca de 33% da produção do cereal já foi negociada até o momento. Em 2014, o índice foi alcançado somente em meados do mês de agosto. "Os preços estão melhores do que em 2014, inclusive, esse pode ser um indicativo de que teremos uma safra igual ou superior do ciclo passado", diz Alves.
O pesquisador também destaca que, há problemas em outras origens em relação à exportação, como a Argentina, Ucrânia e Rússia. "Ainda temos a situação dos EUA, uma grande ofertante do produto, mas os compradores poderão vir ao Brasil, devido à qualidade e atratividade de preços. Frente ao câmbio mais alto, a compra do produto norte-americano fica mais caro em detrimento do brasileiro, o que é um ponto positivo. Também temos o setor de proteína animal, que passa por um bom momento", acredita.
Diante desse quadro, o pesquisador ressalta que, o cenário da oferta no Brasil é favorável, entretanto, há a incerteza em relação ao clima para a segunda safra e a taxa de câmbio, que poderá gerar oportunidades de comercialização. "Os produtores devem estar atentos ao comportamento do dólar", orienta Alves.
Bolsa de Chicago
No pregão desta quarta-feira (18), os futuros do milho na Bolsa de Chicago (CBOT) terminaram com perdas expressivas. As principais posições do cereal exibiram quedas entre 5,75 e 6,00 pontos. O vencimento março/15 era cotado a US$ 3,83 por bushel, depois de ter encerrado o dia anterior a US$ 3,89 por bushel.
De acordo com informações de agências internacionais, o mercado foi pressionado pela maior disponibilidade de produto no mercado interno norte-americano. Frente aos recentes ganhos, os produtores retornaram à ponta vendedora do mercado. Paralelamente, a queda nos preços do petróleo e a firmeza do dólar frente a outras moedas, contribuíram para dar o tom negativo aos preços.
Ainda na visão do pesquisador do Cepea, nos próximos 40 dias, o mercado poderá registrar alterações diante das novas informações. "Temos a divulgação do Anual Outlook Fórum, com a sinalização de plantio nos EUA. No dia 10 de março, teremos novo relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e no final do mês, um boletim com os números dos estoques trimestrais no país", afirma Alves.
Até o momento, há muitas incertezas em relação à área que será cultivada com o cereal na próxima temporada nos EUA. "Não há muita área de crescimento para uma cultura ou outra no país. Temos indicativos de crescimento na produção, mas com ganho de produtividade, ao invés de aumento na área", finaliza o pesquisador.
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