Bancos garantem nova alta da Bovespa em dia de renúncia no comando da Petrobras
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista fechou em alta nesta quarta-feira, pelo terceiro pregão seguido, puxado pelo forte avanço de ações de bancos, em sessão marcada pela repercussão da renúncia de boa parte da diretoria da Petrobras, incluindo a presidente da estatal, Maria das Graças Foster.
O Ibovespa avançou 0,69 por cento, a 49.301 pontos. Na máxima, chegou a subir 1,5 por cento, a 49.718 pontos. O volume financeiro da sessão alcançou 8 bilhões de reais.
As ações preferenciais da Petrobras fecharam variação positiva de 0,20 por cento, após uma sessão volátil.
Os papéis da estatal chegaram a subir quase 8 por cento logo após a notícia da renúncia de Graça Foster e de cinco diretores, divulgada nos primeiros minutos do pregão. Na véspera, os papéis registraram a maior alta em 16 anos, de mais de 15 por cento, com informações sobre mudança iminente no comando da companhia.
A saída da diretoria acontece em meio a denúncias e investigações sobre um suposto esquema de corrupção na estatal e dificuldades da atual gestão em quantificar os prejuízos com sobrepreços em obras durante anos.
Novos executivos serão eleitos em reunião do Conselho de Administração da estatal marcada para sexta-feira, informou a Petrobras nesta quarta-feira.
Em nota a clientes, o analista do Santander Investment Securities Christian Audi disse que a forte alta das ações da estatal na primeira parte do pregão pareceu estar relacionada mais à cobertura de posições vendidas do que com uma real convicção em relação aos papéis.
A cautela quanto aos efeitos da renúncia da diretoria para a divulgação do balanço auditado de 2014, bem como em relação à escolha dos substitutos da equipe liderada por Graça Foster, se mostrou no arrefecimento dos ganhos, com os papéis preferenciais chegando a recuar 4,4 por cento no pior momento do dia.
"Não acreditamos que o governo vai reduzir a sua interferência na empresa durante os próximos anos", escreveram os analistas Luiz Carvalho e Filipe Gouveia, do HSBC, em relatório.
Diante do forte rali da véspera e dos últimos acontecimentos, o BTG Pactual recomendou maior cautela e sugeriu reduzir exposição neste rali, reforçando que a recomendação "neutra" do banco para a Petrobras segue inalterada.
BANCOS
Petrobras ocupou os holofotes, mas foram os bancos que guiaram os ganhos do Ibovespa, com Banco do Brasil à frente, com alta de quase 7 por cento, enquanto investidores esperam pelo resultado trimestral da instituição, previsto para o dia 10 de fevereiro.
Itaú Unibanco chegou a mostrar alguma indefinição, mas se firmou em alta e terminou com ganho de 3,68 por cento, a 31,51 reais, apesar de executivos da instituição financeira terem afirmado que o banco fez uma provisão adicional superior a 1 bilhão de reais no segundo semestre do ano passado.
O setor de educação passou a operar sem uma direção única, com Estácio fechando em alta de 5,88 por cento e ficando entre os maiores ganhos do Ibovespa, em meio à cobertura de posições por agentes que haviam alugado o papéis para vendê-los, o conhecido "short squeeze". Kroton fechou em queda de 1,86 por cento.
Os papéis da Vale atuaram na ponta negativa, com as preferenciais em queda de 1,27 por cento e as ordinárias caindo 1,53 por cento. O diretor-executivo de Ferrosos da mineradora, Peter Poppinga, afirmou em conferência do setor em Cingapura que vê a oferta de minério de ferro crescendo ainda mais.
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