Safra de 95 milhões/t no Brasil já não existe mais, mas mercado internacional só mudará seu foco se números vierem abaixo de 90 milhões/t
A safra de 95 milhões de toneladas de soja prevista para esse ano já não virá mais. Algo entre três a cinco milhões de toneladas foram perdidas pelas altíssimas temperaturas, em janeiro, em várias importantes regiões produtoras de soja. Alguns desses lugares ficaram com mais de 20 dias sem chuvas, sendo que Goiás e Bahia são os epicentros da estiagem.
“A maior dificuldade que temos agora é saber qual é o número final. O destaque desse ano é o Rio Grande do Sul, porque o potencial produtivo das lavouras é muito alto, mas tem o mês de fevereiro que será decisivo para eles. Acho que lentamente o mercado vai começar a assumir que a safra de 95 milhões de toneladas não existe mais”, explica o analista de mercado, Fernando Muraro Jr.
De acordo com Muraro, a última atualização de dados, em meados de janeiro, mostra que 30% da safra de soja foi comercializada, um número que fica de 15% a 20% abaixo do normal. A principal recomendação para os produtores que tem soja disponível é pra que fiquem atentos, porque as altas não devem se sustentar. “Estamos em um momento delicado para se comercializar, porque pegamos Chicago em baixa, com o preço menor do que U$ 10, um câmbio que vem se valorizando nos últimos 30 dias e ainda tem a China cancelando algumas compras. Para se ter uma ideia das consequências desses fatores, na primeira quinzena do mês de janeiro, a praça do Mato Grosso do Sul começou a comercializar a soja a R$ 55 e hoje já está R$ 51. Então, essa série de fatores faz com que os preços caiam antes mesmo da chegada do grande volume da safra brasileira”.
“O mercado não tem um movimento cíclico e sim elíptico, então a formação de preço é muito mais complicada. Eu não sei qual vai ser o melhor momento pra comercializar, mas se nesse mês de janeiro o mercado fechar acima de U$9,83, nós vamos ter um cenário de alta para fevereiro”.
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