Setor de máquinas do Brasil vê impacto de redução de investimentos da Petrobras
Por Marcela Ayres
SÃO PAULO (Reuters) - A indústria de máquinas e equipamentos no Brasil deve ver novo recuo no faturamento bruto em 2015 após sofrer o terceiro declínio consecutivo no ano passado, prevendo impacto para as empresas com a redução de investimentos da Petrobras.
Nesta quarta-feira, a petroleira indicou que deverá realizar menos investimentos no ano, respondendo a preocupações sobre uma eventual necessidade de captação de recursos diante do seu vultoso plano de investimentos, em um momento em que é penalizada no mercado pelos desdobramentos da operação Lava Jato.
Segundo o presidente-executivo da associação de máquinas e equipamentos Abimaq, José Velloso, o movimento da Petrobras deve acarretar "impacto muito grande" para as fabricantes do setor, muitas das quais já estão sofrendo com contas não pagas por empresas contratados pela petroleira, em função principalmente de impasses sobre aditivos de contratos.
A Abimaq estima que cerca de 120 fabricantes de máquinas estejam tendo problemas sérios com inadimplência nesse contexto, sendo que 30 empresas relataram à entidade terem cerca de 200 milhões de reais a receber.
A associação tem reunião marcada com a presidente da Petrobras, Graça Foster, para discutir o assunto no dia 4 de fevereiro.
DESEMPENHO ANUAL
Nesta quarta-feira, a Abimaq divulgou que o faturamento da indústria brasileira de máquinas e equipamentos caiu 13,7 por cento em 2014, a 71,19 bilhões de reais, e que as perspectivas para 2015 apontam para nova queda diante da fraca conjuntura econômica.
No mês de dezembro, somente, o recuo foi de 7,8 por cento sobre um ano antes, a 5,546 bilhões de reais.
O consumo aparente caiu 11,7 por cento em dezembro, a 8,554 bilhões de reais, e recuou 15 por cento no acumulado de 2014.
A Abimaq apontou que a participação da importação no consumo brasileiro de máquinas e equipamentos saiu de 49 por cento em 2008 para 71 por cento em 2014.
As exportações de máquinas e equipamentos, por sua vez, registraram declínio anual de 13,7 por cento em dezembro, a 1,153 bilhão de dólares. No ano, no entanto, houve crescimento de 7,4 por cento sobre 2013.
Segundo a Abimaq, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos viu o fechamento de cerca de 13 mil postos de trabalho no ano, encerrando 2014 com 242,2 mil pessoas empregadas - menor patamar desde maio de 2010.
Na visão do presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, deverá haver uma nova "queda forte" no quadro de funcionários da indústria já no primeiro trimestre deste ano.
"Hoje em dia claramente há excesso de trabalhadores na nossa indústria por esperança dos empresários, que está acabando, assim como o dinheiro", afirmou.
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