Na Veja: Analistas já preveem PIB negativo em 2015; Trabuco fala em ajustes desafiadores
A freada no investimento e no consumo deve fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil seja negativo este ano, já projetam alguns analistas. O pacote de ajuste da economia - que afeta a renda disponível e o consumo das famílias - somado aos desdobramentos da Operação Lava Jato, que têm impacto direto no investimento e na infraestrutura, explicam o enfraquecimento da economia brasileira esperado para 2015.
A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, já espera um PIB negativo apenas devido às condições macroeconômicas desfavoráveis. Segundo ela, os impactos da Operação Lava Jato no investimento e agora os riscos de um racionamento de energia elétrica e também de água podem, na sua avaliação, agravar esse cenário ruim. Isso significa um recuo ainda maior no enfraquecido nível de atividade esperado para 2015.
A economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados, Thais Zara, cita a piora nas expectativas em relação ao consumo. "O consumo das famílias pode até ser negativo este ano", afirma. Diante do ajuste na economia, ela prevê um primeiro semestre de recessão com uma recuperação no segundo semestre. "Mas a recuperação é muito volátil e com base nas expectativas", pondera a economista. O consumo das famílias é o fator preponderante, segundo ela, para o fraco desempenho da atividade, porque representa 60% do PIB.
Leia a notícia na íntegra no site da Veja.
Governo aumenta impostos e fala em arrecadar R$ 20 bi
Diante do agravamento do quadro fiscal e do descompasso entre a arrecadação do governo e as despesas públicas, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou nesta segunda-feira quatro medidas para turbinar o caixa do Executivo em 20,6 bilhões de reais. O pacote inclui o aumento de impostos: Levy confirmou a já esperada retomada da cobrança da Cide, o imposto sobre combustíveis; a elevação de 9,25% para 11,75% da alíquota do PIS/Cofins para produtos importados; e o aumento da faixa para operações de crédito (IOF) de 1,5% para 3%.
Também foi anunciada a edição de um decreto para equiparar o atacadista ao industrial para a cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre setor de cosméticos. Segundo o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, o governo estima impacto de 381 milhões de reais apenas com os impostos incidentes sobre os cosméticos de junho, quando entra em vigor, até dezembro deste ano.
Se não houver mudança no preço dos combustíveis cobrado pela Petrobras das distribuidoras, o aumento será de 22 centavos para o litro da gasolina e de 15 centavos para o litro do óleo diesel a partir de 1º de fevereiro. Levy não quis estimar o impacto nos preços de combustíveis na bomba.
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'Os ajustes que o Brasil precisa não são dramáticos, mas desafiadores', diz presidente do Bradesco
Para Trabuco à Veja, concessões devem liderar crescimento a partir de 2016
Poucas semanas após o início das medidas de ajuste que estão sendo colocadas em prática pelo governo Dilma, o mercado internacional já sinaliza melhora na percepção em relação ao Brasil. Essa é a avaliação do presidente do Bradesco, Luis Carlos Trabuco, que participa nesta semana do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Segundo o banqueiro, que recentemente recusou o convite da presidente para ser ministro da Fazenda, a curva de juros dos títulos brasileiros começou a cair, indicando que o governo está pagando rendimentos menores aos detentores da dívida - um sinal de que os investidores estão mais interessados em apostar no Brasil do que alguns meses atrás.
Segundo Trabuco, as medidas implementadas pela nova equipe econômica são responsáveis pela mudança de humor. "Os ajustes que o Brasil precisa não são dramáticos, mas são desafiadores. As últimas medidas que o governo adotou ajudam a integrar uma plataforma de crescimento com alicerces fortes", afirma. Para o executivo, depois que a área fiscal estiver arrumada, o crescimento deve voltar puxado, sobretudo, pelas concessões de infraestrutura. Confira trechos da conversa.
Com o anúncio de diversas medidas pela equipe econômica, é possível dizer que o Brasil está recuperando um pouco da confiança perdida?
O sentimento que captamos, pelo menos nas últimas semanas, é de que o mercado está mudando de humor. Prova disso é que os juros pagos sobre os NTNbs (Notas do Tesouro Nacional - Série B), que são títulos atrelados à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) caíram de 7% para levemente abaixo de 6% nesses últimos dias. Ainda é um rendimento alto demais, se comparado a países desenvolvidos. Ou seja, significa que o Brasil paga juros altos para se financiar no mercado de dívida. Mas nós podemos tirar uma conclusão disso: a mudança do patamar de rentabilidade dos títulos significa que há um aumento no fluxo de dinheiro entrando no Brasil, tanto por meio dos papéis pré-fixados, mas também dos de longo prazo. Os investidores estão mais animados.
Ainda não é muito cedo para isso?
Os ajustes que o Brasil precisa não são dramáticos, mas são desafiadores. As últimas medidas que o governo adotou, e que tem a presidente Dilma liderando o processo, ajudam a integrar uma plataforma de crescimento com alicerces fortes. O alicerce fiscal é fundamental, e o Joaquim Levy está cuidando disso. Em 2015, veremos que o PIB não será miraculoso. Mas teremos as bases para crescer mais em 2016, num ciclo muito mais favorável. Com as bases que estão sendo colocadas em prática agora, todos terão mais previsibilidade para investir.
Dentro dessas medidas, há aumento de impostos sobre o crédito. O consumo vai cair?
Bom, vamos ter de conquistar um superávit de 1,2% do PIB e essa conta terá de ser diluída entre a sociedade. Há situações clássicas, como o aumento dos juros, com o objetivo de controlar a inflação. Mas que, como efeito colateral, reduz a demanda. Mas precisamos olhar para o equilíbrio fiscal, pois só assim conseguimos equacionar o fardo do Tesouro e reduzir a carga tributária no futuro. Sabemos que falar em redução de impostos hoje é algo etéreo. Mas podemos falar, por exemplo, de simplificação. Isso não implica em reduzir a arrecadação do estado e deixaria o setor produtivo mais satisfeito.
Leia a entrevista na íntegra no site da Veja
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