Soja: Mercado brasileiro tem semana negativa e baixas chegam a mais de 8% no interior
Os preços da soja despencaram no Brasil nessa última semana. As baixas entre as principais praças de comercialização no interior do país pesquisadas pelo Notícias Agrícolas ficaram entre 0,92 e 8,47%. Já nos portos, o recuo semanal ficou entre 3,76 a 5,47%.
No porto de Rio Grande, a soja com entrega para maio/15 iniciou a semana com R$ 63,90 e fechou com R$ 61,50 por saca, perdendo 3,76%, enquanto em Paranaguá, o valor passou de R$ 64,00 para R$ 60,00 em uma semana, caindo 5,47%. Nas praças do interior, os valores terminaram os negócios entre R$ 51,00 e R4 54,00 por saca.
Segundo explicam analistas, a conjunção de cotações pressionadas em Chicago - as quais passaram por uma semana de intensa volatilidade - e um dólar bem mais fraco do que o observado há alguns dias foi o principal fator de pressão no mercado interno, cenário que deixou a comercialização do Brasil ainda mais travada para a soja da safra 2014/15. Na CBOT, o vencimento março/15 caiu 2,46% na semana, passando de US$ 10,16 para US$ 9,91, enquanto o maio/15 recuou 2,35% e foi de US$ 10,21 para US$ 9,97 por bushel.
Nesta sexta-feira (16), o dólar, mais uma vez, fechou em baixa frente ao real, se aproximando do patamar dos R$ 2,60. A moeda norte-americana perdeu 0,79% a R$ 2,6212. Na semana, a baixa acumulada foi de 0,67%. Segundo informações de analistas ouvidos pela agência Reuters, a divisa já deve voltar a subir na próxima semana, como disse Italo Abucater, da Icap, passado o fôlego tomado nos últimos dias pelas declarações de mais austeridade na política monetária e fiscal feita pela nova equipe econômica brasileira.
Segundo explicou o economista Roberto Troster, o cenário de volatilidade para o dólar ainda deve continuar, na expectativa de confirmação dessas novas medidas a serem tomadas pelas autoridades financeiras, principalmente por parte do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e também diante das incertezas do quadro econômico mundial. "É preciso ganhar credibilidade na política econômica, e credibilidade é consistência de decisões junto com ações", diz.
Para o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, essas baixas consecutivas da moeda norte-americana não indicam uma tendência e a maior parte dos bancos estrangeiros acreditam em um intervalo de R$ 2,70 a R$ 2,80 para boa parte de 2015.
"O dólar será o diferencial para o produtor brasileiro nesta safra. Os custos já estão realizados, e o que vai pesar bastante será essa oscilação cambial que, aparentemente, será favorável ao produtor brasileiro", acredita Cogo.
Assim, o consultor aposta ainda que melhores oportunidades de comercialização estão por vir para o sojicultor brasileiro, ao sairmos dessas baixas pontuais e com o dólar tomando um rumo melhor. Os produtores poderão voltar às vendas na medida em que os preços se aproximam novamente dos US$ 10,50 na CBOT e que o dólar recupere os US$ 2,70, ou seja, valores praticados nos portos entre R$ 65,00 e R$ 67,00 por saca, pelo menos. Até que isso aconteça, as negociações no Brasil seguem travadas.
"Os produtores não estão interessados em vender nesses níveis e têm todas as condições de reter o máximo que podem a comercialização e é mesmo o que devem fazer nesse momento", orienta Cogo.
Bolsa de Chicago
Nesta sexta-feira, na última sessão da semana, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam o dia em campo misto, com os dois primeiros vencimentos registrando ligeiras altas de quase 1 ponto. Os demais, terminaram o pregão do lado negativo da tabela. As movimentações foram pouco expressivas durante todo o dia e os investidores buscaram manter a estabilidade antes do feriado de Martin Luther King, a ser comemorado na próxima segunda-feira, 19 de janeiro, nos Estados Unidos, quando a bolsa não funciona.
A semana foi de intensa volatilidade para os negócios com a soja na CBOT diante da chegada de diversos dados importantes do quadro de oferta e demanda mundial, além das incertezas e adversidades climáticas na América do Sul, principalmente no Brasil, onde já são registradas perdas em quase todas as regiões produtoras.
Entre esses números divulgados nessa semana estão o novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os semanais de embarques e vendas para exportação, o esmagamento de soja em dezembro e as novas projeções da Informa Economics para os EUA.
Paralelamente, há ainda a influência do mercado financeiro e do quadro macroeconômico mundial ainda de olho nos desdobramentos da crise do petróleo, na saúde das principais economias globais e, principalmente, no andamento do dólar não só frente ao real, mas à cesta das princiais divisas.
Além disso, ainda nesta sexta-feira, o USDA reportou o cancelamento de uma venda de 285 mil toneladas de soja da safra 2014/15 para a China, o que ajudou a tirar a direção do mercado.
1 comentário
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Dalzir Vitoria Uberlândia - MG
Cara Carla Mendes,durante muito tempo tenho colocado minha opinião neste espaço citando o seguinte...compra para repor estoques e aproveitando bons preços não é demanda aquecida!!!!embarque não é demanda!!! e que para haver aumento de demanda há que se aumentar estoque dos consumidores do produto!!! ´para aumentar estoque há de se respeitar o ciclo operacional do consumidor e não num estalar de dedos dos analistas!!! coloquei mais que salvo fato novo( a seca pode ser um fato novo..) os preços andariam de lado ou cairiam...e minha teoria é simples para quem sabe que terminologia não é sinônimo de EFICACIA e sim de ENROLACIA...ou seja se com a safra americana os preços vieram a 9 o buschel..imaginem com estoques refeitos e a safra sulamericana de mais de 150 milhoes de tons onde o preço iria parar!!!! pra cima é que não..e quanto mais nos aproximamos da safra mais claro fica a tendencia...portanto aproveitem os picos de Chicago e dolar e vendam...pois salvo fato novo a tendencia se mostra mais clara e evidente.