Bananas desenvolvidas e recomendadas pela Embrapa são testadas na África
Treze cultivares desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético de Bananas e Plátanos da Embrapa foram enviadas para a África, especificamente para a Nigéria e Uganda, maiores produtores de bananas e plátanos daquele continente. O líder do programa, Edson Perito Amorim, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), explica que o Instituto Internacional de Agricultura Tropical (IITA) vai avaliar desempenho agronômico e aceitabilidade das cultivares nos dois países, em quatro ambientes distintos: “Essa é a primeira iniciativa da Embrapa, de forma coordenada e articulada, visando ampliar a adoção das suas cultivares de banana além-mar”.
A ação faz parte do projeto aprovado na Plataforma África-Brasil Marketplace, que tem como objetivo fomentar o desenvolvimento dos países africanos por meio do apoio técnico-científico da Embrapa. Como contrapartida desse projeto a Embrapa vai receber 33 genótipos de plátanos que serão avaliados para uma série de características agronômicas e sensoriais nos principais polos produtores brasileiros, em especial na Bahia e Pernambuco, assim como na região Norte do Brasil. De acordo com Amorim, o objetivo dessas avaliações é avaliar a adaptabilidade dos genótipos e identificar pelo menos um com potencial de recomendação aos agricultores brasileiros. Essas informações também serão utilizadas pelo programa de melhoramento de plátanos (bananas tipo Terra) da Embrapa para a definição de parentais para cruzamentos visando desenvolver novas cultivares de plátanos.
Vários países africanos, entre os quais Uganda e Nigéria, têm nas bananas e nos plátanos a sua base alimentar. O perfil de produção deles é um pouco diferente do perfil brasileiro. “Normalmente as plantações de bananas ficam bem próximas das comunidades. Existem cultivos tecnificados, claro, mas queremos trabalhar com produtores que vendem para consumo local dos tipos Prata e Maçã”, explica Amorim.
As cultivares atualmente em uso têm sido, de acordo com o pesquisador, acometidas pela Sigatoka-negra e pelo mal-do-Panamá, as principais doenças da cultura em todo o mundo. “Por apresentarem resistência às Sigatokas e ao mal-do-Panamá, de forma isolada ou em conjunto, nossas cultivares têm potencial de adoção nesses países. Além da resistência, são rústicas, o que facilita o cultivo em áreas onde o uso de tecnologia ainda é incipiente, como é o caso da África”, afirma.
Avaliação participativa
As bananas tipo Prata e Maçã são importantes para a Uganda e para a Nigéria e lá recebem outros nomes. Por isso, entre as variedades enviadas, estão a BRS Platina, BRS Princesa, BRS Tropical, BRS Garantida, BRS Caprichosa, BRS Preciosa e BRS Pacovan Ken. “Todos os híbridos que são produtos de cruzamento e foram registrados e lançados pela Embrapa estão nessa lista, além de mais alguns genótipos identificados por mutações naturais como a Prata Anã, a Pacovan e a Thap Maeo”, salienta Amorim.
O IITA, que tem base em Uganda e várias estações de pesquisa, recebeu 30 cópias in vitro de cada cultivar e vai multiplicar esses materiais em maior número para instalar unidades de demonstração ou de observação em quatro locais diferentes na Uganda e na Nigéria, sempre em regiões de produção – parte em fazendas e parte em estações de pesquisa. “O trabalho será mais forte nas estações porque vai permitir maior rigor no acompanhamento. Vai ser uma avaliação participativa. O IITA vai fazer a divulgação e os produtores vão ser convidados a visitar essas áreas e degustar frutos e produtos processados, pois lá não somente se consome in natura, mas também processam como fritura, cozimento etc., e opinar sobre as variedades”, afirma Amorim.
O planejamento é que sejam realizados pelo menos dois ou três ciclos de produção, ou seja, deve-se levar de três a cinco anos para conseguir uma tomada de decisão ou recomendação de variedades, avaliando-se ainda a questão de mercado.
A Embrapa não disponibilizou para teste na África cultivares de plátanos porque as pesquisas em melhoramento foram iniciadas em 2010, a partir da caracterização da coleção mantida em Cruz das Almas. “Cruzamentos estão em andamento nos campos experimentais da Embrapa e futuramente será possível disponibilizar aos agricultores uma nova opção de cultivar com porte baixo, boa produtividade e resistência às principais pragas e doenças da cultura, em especial a Sigatoka-negra e os nematoides”, espera o pesquisador.
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