Milho: À espera do USDA, mercado fecha sessão em alta e março/15 retorna ao patamar dos US$ 4,00/bu
A primeira semana de negociação de 2015 foi negativa aos preços futuros do milho na Bolsa de Chicago (CBOT). Apesar do fechamento positivo dessa sexta-feira (9), com ganhos entre 5,00 a 6,00 pontos, as principais posições da commodity tiveram uma semana de pressão sobre as cotações. O vencimento março/15 que terminou a segunda-feira a US$ 4,06 por bushel, encerrou o dia a US$ 4,00 por bushel.
Os últimos dias foram de volatilidade aos preços do milho frente ao relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que será reportado na próxima segunda-feira (12). Segundo algumas estimativas reportadas pelo noticiário internacional, a safra norte-americana de milho poderá totalizar 364,9 milhões de toneladas nesta temporada.
Volume abaixo do indicado no boletim de dezembro, em que a produção foi projetada em 365,97 milhões de toneladas. A produtividade das lavouras também pode ficar abaixo do último número do USDA, de 183,52 sacas por hectare, e ficar próximo de 181,5 sacas por hectare. Já a área colhida poderá recuar de 33,63 milhões de hectares, número do departamento, para 33,51 milhões de hectares, conforme estimativas do mercado internacional.
Os estoques de milho dos EUA também poderão cair de 50,75 milhões de toneladas para 49,3 milhões de toneladas. E os estoques trimestrais norte-americanos são estimados em 283,5 milhões de toneladas, enquanto que os estoques mundiais são esperados em 192,1 milhões de toneladas, próximo dos 192,20 milhões de toneladas, apontados no relatório do mês anterior.
Nesta sexta-feira, as cotações ainda encontraram suporte na movimentação dos investidores buscando um melhor posicionamento antes do boletim do USDA, conforme dados do site internacional Farm Futures. Além disso, o departamento norte-americano anunciou a venda de 136 mil toneladas de milho para a Coreia do Sul, fator que contribuiu para dar firmeza ao mercado.
Outro fator que movimentou os preços do cereal no decorrer dessa semana e permanece no foco dos investidores é o comportamento das cotações do petróleo. A pressão nas cotações da commodity, influenciaram na produção de etanol, a partir do milho, nos EUA. Conforme dados da AIE (Administração de Informação de Energia), a produção de etanol recuou 2%, equivalente a 23 mil barris por dia, na semana encerrada no dia 2 de janeiro, em relação à semana anterior.
Mercado interno
No mercado interno brasileiro, a semana foi de queda nos preços do cereal em algumas praças, de acordo com levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas. Em Não-me-toque (RS), a cotação caiu 2,13%, para R$ 23,00 a saca do grão, em Tangará da Serra (MT), a saca recuou de R$ 19,00 para R$ 18,50, uma desvalorização de 2,63%.
Em Campo Novo do Parecis, também no Mato Grosso, a queda no preço foi de 5,88%, com a saca negociada a R$ 16,00. Na região de Jataí (GO), a pressão foi menor 1,90%, com a saca do cereal cotada a R$ 20,60. No Porto de Paranaguá, a semana foi de estabilidade aos preços, que fecharam a sexta-feira a R$ 29,00 a saca.
A única praça que apresentou alta no preço do milho nessa primeira semana de 2015 foi São Gabriel do Oeste (MS). A cotação subiu 2,44%, para R$ 21,00 a saca do grão. Nas demais praças, a semana foi de estabilidade aos preços do cereal.
"Com esses valores, o mercado de portos no Brasil registrou uma movimentação expressiva durante essa semana. Já no mercado interno, a volta ao trabalho do setor de rações movimentou as cotações do milho no decorrer dos últimos dias", explica o consultor da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
Nesta sexta-feira, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reportou novo boletim de acompanhamento de safras. A produção brasileira na temporada 2014/15 deverá totalizar 79.051 milhões de toneladas, uma queda de 1,1% em comparação com o ciclo anterior, na qual, foram colhidas 79.905 milhões de toneladas do cereal.
Para a safrinha, a área cultivada nesta temporada deverá ficar em 9.182 milhões de hectares, mesmo número da safra passada. No total, a segunda safra deverá somar 49.410 milhões de toneladas, um aumento de 2,4%, em relação ao no anterior, de 48.252 milhões de toneladas.
Contudo, as informações vindas dos campos vão na contramão das projeções da companhia. Em Sorriso (MT), a área destinada ao milho na safrinha deverá recuar em torno de 20% em função do atraso no plantio da soja. Cenário que se repete em Sinop (MT), onde as altas temperaturas e o menor volume de chuvas, poderá registrar uma diminuição expressiva na área cultivada.
Em São Gabriel do Oeste (MS), a situação se repete e o recuo na área poderá ficar acima de 25%. Além disso, a tecnologia destinada à produção também já é uma certeza no município.
“Os agricultores deverão investir em cultivares mais baratas, porque o produtor está com medo dos preços recuarem novamente. Chegamos a ter um valor em torno de R$ 15,00 a R$ 16,00 e não cobre os custos de produção. Atualmente, a cotação reagiu e subiu para R$ 22,00 a R$ 23,00, no entanto, não temos previsão de um aumento significativo, a não ser que aumente as exportações, pois os estoques na cidade são altos”, ressalta o presidente do Sindicato Rural do município, Júlio César Bortolini.
BM&F Bovespa
Após uma semana de queda, as cotações do milho negociadas na BM&F Bovespa fecharam o pregão desta sexta-feira (9) em alta nas principais posições. Os vencimentos exibiram valorizações entre 0,24% e 1,28%, apenas o contrato janeiro/15 caiu 0,29%, cotado a R$ 27,76 a saca. A posição março/15 era cotada a R$ 29,27 a saca.
O mercado esboçou uma recuperação depois das perdas no decorrer das últimas sessões. As cotações futuras também acompanharam a movimentação do mercado internacional e do dólar. Nesta sexta-feira, a moeda norte-americana encerrou a R$ 2,6390 na venda, com queda de 1,25%.
Na mínima do pregão, o câmbio atingiu o nível de R$ 2,6270, segundo a dados da agência Reuters. O dólar foi pressionado pelas informações indicando queda dos salários nos Estados Unidos no mês de dezembro e na expectativa de que o Federal Reserve, Banco Central do país, poderá ser cauteloso na elevação dos juros.
Veja como fecharam os preços nesta sexta-feira:
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