Produção industrial tem queda inesperada de 0,7% em novembro e acende alerta sobre PIB
Por Walter Brandimarte e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A produção industrial brasileira recuou 0,7 por cento em novembro sobre o mês anterior, num resultado inesperado que mostrou desempenho pífio em todas as categorias e indica a possibilidade de a economia como um todo ter contraído em 2014.
Na comparação com um ano antes, a produção despencou 5,8 por cento em novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia a Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, nono resultado negativo seguido e queda mais forte desde junho --quando ela foi de 6,9 por cento.
Com isso, o setor acumula em 12 meses recuo de 3,2 por cento, o mais acentuado desde janeiro de 2010 (-4,8 por cento), reflexo da baixa confiança do empresário e do consumidor, da evolução mais lenta da demanda doméstica, da restrição maior ao crédito e da formação de estoques do setor como um todo, entre outros fatores, segundo o economista do IBGE André Luiz Macedo,
"Esse ano de 2014 foi de menor intensidade para a indústria. No fim do ano houve uma predominância de relatos de paralisação das atividades produtivas, concessão de férias coletivas. É uma tentativa de adequação da produção corrente à demanda atual", explicou Macedo.
A expectativa de analistas em pesquisa da Reuters era de que a produção industrial crescesse 0,5 por cento em novembro sobre outubro, quando a atividade teve alta de 0,1 por cento em dado revisado pelo IBGE. Na comparação anual a expectativa era de queda de 4 por cento.
BENS DE CONSUMO
Segundo o IBGE, a produção de Bens de Consumo Duráveis recuou 2,1 por cento em novembro sobre o mês anterior, chegando a uma queda de 11 por cento na comparação com um ano antes.
Já os Bens de Consumo Semiduráveis e não Duráveis tiveram perda de 1,3 por cento sobre outubro, com queda de 3,1 por cento na base anual.
Somente a produção de Bens Intermediários não teve queda no mês, mas ficou estagnada. Na comparação anual, porém, registrou queda de 5,8 por cento.
Dos 24 ramos pesquisados, 11 mostraram queda em novembro sobre outubro, sendo o principal impacto negativo registrado por produtos alimentícios, com recuo de 3,4 por cento.
"A seca que afetou a região Sudeste do país provocou queda na produção de açúcar, o que explica em grande parte do setor alimentício em novembro", Macedo.
CONTRAÇÃO
A indústria tem se mostrado um dos principais pontos de fraqueza da economia brasileira, que não vem conseguindo deslanchar em um ambiente de inflação e juros elevados, encarecendo o custo dos empréstimos.
A contração do setor industrial este ano já é dada como certa há tempos, mas a surpresa do resultado de novembro deve piorar mais uma vez as projeções, segundo especialistas.
"Faltando apenas um mês para o fim do ano, as perspectivas são ruins", avaliou o economista-chefe do Banco Fator em nota, José Francisco Gonçalves, calculando que resultado estável em dezembro na base anual levará 2014 a fechar com queda de 3 por cento na produção industrial.
A queda inesperada da indústria em novembro também pode ter consequências negativas no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado.
"Coloca em risco o resultado positivo do PIB do ano, já que soma-se à sequência de resultados mais fracos. A indústria está puxando para baixo de novo o PIB, e o comércio não tem tido desempenho brilhante", afirmou o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank Flávio Serrano.
Ele ainda projeta crescimento de 0,1 por cento do PIB em 2014, mas não descarta revisão para território negativo a depender do resultado das vendas no varejo na próxima semana.
Por enquanto, projeção de economistas em pesquisa Focus do Banco Central é de que a produção da indústria encerrou 2014 com contração de 2,49 por cento e crescerá apenas 1,04 por cento em 2015. Para a expansão do PIB, as perspectivas são de, respectivamente, de 0,15 e 0,50 por cento.
Buscando recuperar a confiança de agentes econômicos e empresários, a nova equipe econômica --encabeçada pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), além do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini-- vem sinalizando maior rigor fiscal.
(Reportagem adicional de Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)
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