Em Chicago, manhã de tentativa de recuperação para a soja nesta 4ª feira
O mercado internacional da soja, que há semanas vem precificando as excelentes perspectivas para a nova safra dos Estados Unidos na temporada 2014/15, parece exibir alguma reação na sessão desta quarta-feira (27). Depois de duas sessões consecutivas de queda, as cotações dos vencimentos de médio e longo prazo trabalhavam em campo positivo por volta das 7h40 (horário de Brasília), e subiam pouco mais de 4 pontos. Já o contrato setembro, que fechou o pregão anterior com mais de 50 pontos negativos, tinha queda de apenas 5,25 pontos, cotado US$ 10,70 por bushel.
A pressão sobre os preços da soja em Chicago ainda vêm das condições favoráveis de clima no Meio-Oeste americano que devem permitir que a produção seja consolidada e confirme essas elevadas projeções para a colheita. Por outro lado, os baixos estoques norte-americanos e a demanda ainda forte, principalmente a interna dos EUA, dá alguma suporte aos preços e tem feito os prêmios explodirem.
Tanto nos EUA quanto no Brasil, os prêmios têm se elevado à medida que os preços recuam em Chicago. Algumas processadoras americanas, segundo analistas, chegaram a praticar um prêmio de mais de US$ 4,00 bushel sobre o valor da CBOT para garantir seu produto. No golfo do México e nos portos brasileiros, os exportadores ainda ofereciam um prêmio na casa dos US$ 2,50.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Soja: recuo em Chicago derruba preços no Brasil nesta terça-feira
Nesta terça-feira (26), o mercado futuro da soja fechou a sessão regular em baixa pelo segundo dia consecutivo nessa semana. Em um movimento intenso de realização de lucros e de especulações, a posição setembro/14 fechou o dia perdendo mais de 50 pontos e cotada a US$ 10,75 por bushel. Os demais vencimentos, por outro lado, mostraram alguma recuperação, devolveram parte das perdas, mas ainda assim fecharam o dia no vermelho, com perdas de menos de 1 ponto.
O último dia de fixação para o setembro/14 acontece nesta quarta-feira (27) e essa pouca vida útil encoraja essa correção técnica para o vencimento, após sucessivas altas registradas na CBOT. Apesar da baixa expressiva nas últimas duas sessões, esse é o contrato que ainda reflete a situação ajustada dos estoques norte-americanos frente à demanda. Dessa forma, a nova referência para o mercado passa a ser a posição novembro/14, que fechou o pregão valendo US$ 10,28/bushel, já que no próximo dia 1º se inica o novo ano comercial para a safra de soja 2014/15.
"Havia uma expectativa de que agosto pudesse contar com um movimento mais positivo para os preços do contrato setembro, que é o último representante da safra velha, mas o que aconteceu foi um movimento especulativo para a saída de posições. Em contrapartida, os prêmios para a safra velha nos EUA ficaram entre US$ 3,00 e US$ 4,00 por bushel e no Brasil na casa dos US$ 2,50 para as ainda remanescentes exportações da temporada", explica o analista de mercado e economista da Granoeste Corretora, Camilo Motter.
Apesar desses bons prêmios, no entanto, os preços da soja nos portos brasileiros também exibiram um recuo expressivo nesta terça-feira. Em Paranaguá e Rio Grande o preço encerrou o dia a R$ 63,00 por saca para a soja disponível, com baixa de 1,56% e 3,08%, respectivamente. Aliada à forte baixa registrada em Chicago, as cotações no mercado doméstico foram ainda mais pressionadas pela forte desvalorização do dólar, que fechou a R$ 2,26, com queda de 0,96%. Da mesma forma, também foram observadas quedas nos preços da oleaginosa no interior do país. Em Não-Me-Toque/RS, por exemplo, a baixa foi de 3,39% e em Cascavel/PR, de 2,59%, com R$ 57,00 por saca em ambas as praças.
Com isso, de acordo com fontes consultadas pelo Notícias Agrícolas, o mercado disponível ficou travado no Brasil. Poucos negócios foram efetivados e alguns produtores não conseguiram nem mesmo travar os valores de prêmios e despesas portuárias.
Clima nos EUA
Além do movimento técnico e especulativo que pesa sobre o contrato setembro, as boas condições de clima e a excelente qualidade das lavouras da nova safra dos Estados Unidos seguem atuando como os principais fatores de pressão sobre as cotações da soja na Bolsa de Chicago.
As notícias que continuam chegando sobre o quadro no Meio-Oeste amricano, principal região produtora de grão, seguem positivas. Para essa semana, são esperadas chuvas em regiões que vinham exibindo alguns pequenos bolsões de seca e isso também atua como mais um componente negativo para o andamento dos negócios.
Segundo informações do NOAA, o Corn Belt deverá receber boas chuvas em todas as suas regiões diariamente nos próximos 5 a 6 dias, com maior intensidade no Nebraska e em Iowa. Nesses estados as precipitações podem ultrapassar os 75 mm.
São condições como essas que têm mantido os bons níveis de umidade no solo e afastado as possibilidades de quaisquer ameaças climáticas daqui em diante. Nem mesmo geadas precoces, que poderiam atingir as lavouras no período de colheita - principalmente as plantadas um pouco mais tarde -, estão sendo observadas nos mapas climáticos.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou, nesta segunda-feira (25), um novo boletim de acompanhamento de safras e trouxe o índice de lavouras de soja em boas condições em 70%, com apenas uma ligeira queda em relação à semana anterior, quando o número era de 71%. Essa é a melhor classificação das lavouras em 20 anos. Assim, a projeção do USDA para a nova safra de soja dos EUA se aproxima das 104 milhões de toneladas.
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