Com intensa demanda pela soja dos EUA, mercado fecha com forte alta em Chicago

Publicado em 06/03/2014 17:25

Os números da demanda sobre a soja dos Estados Unidos surpreenderam o mercado e os contratos futuros da oleaginosa fecharam o dia com mais de 17 pontos de alta nos vencimentos mais próximos na Bolsa de Chicago. A posição maio/14 é referência para a safra brasileira e a mais negociada nesse momento e fechou o dia valendo US$ 14,38 por bushel. 

Nesta quinta-feira (6), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou seu novo relatório de exportações semanais e o volume de soja referente à safra 2013/14 ficou acima das expectativas do mercado. 

Enquanto as projeções variavam de 450 mil a 750 mil toneladas, o departamento reportou as vendas da semana que terminou no último dia 27 em 772,7 mil toneladas. Com esse volume, o total de soja comprometida para o atual ano comercial ultrapassa as 44 milhões de toneladas, contra  a projeção do órgão de 41,1 milhões de toneladas. 

Apesar de algumas notícias de movimentos de washouts (trocas de origens), segundo explicou Stefan Tomkiw, analista de mercado da Jefferies Corretora, de Nova York, a semana ainda foi positiva para as exportações norte-americanas e as compras dos principais importadores mundiais ainda são contínuas. 

O analista explica ainda que a demanda global ainda muito focada no mercado norte-americano reflete o baixo fluxo comercial no Brasil. Apesar de as vendas externas de fevereiro terem registrado um aumento de 193,8% em volume e somado 2,789 milhões de toneladas, ficando acima do índice registrado no ano passado, esse ainda é um número considerado baixo pelo mercado. 

Os produtores brasileiros têm se mantido mais reticentes na hora de efetivarem suas vendas frente às incertezas sobre o quadro mundial de oferta e demanda, principalmente em função das condições adversas de clima pelo qual passa a produção brasileira. 

Muitas estimativas de consultorias públicas e privadas já têm sido revisadas para baixo e o número que, em alguns casos, superava as 90 milhões de toneladas no início do ano comercial, agora estão sendo reduzidos a 87 ou 88 milhões de toneladas, com alguns analistas mais pessimistas falando até mesmo em 84 milhões de toneladas, ainda segundo o representante da Jefferies. 

Dessa forma, o mercado brasileiro também tem se mostrado bastante firme e mantém sua tendência positiva, uma vez que a pressão de oferta tem sido menor do que o registrado em anos anteriores. No Porto de Rio Grande, nesta quinta-feira, a soja fechou o dia valendo R$ 75,00/saca e, no de Paranaguá, R$ 72,50. 

Em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, a valorização da soja é de 0,83% e o valor bate nos R$ 60,50/saca; em Ubiratã, no Paraná, alta de 0,78% com a saca de soja valendo R$ 65,00. Em Ijuí/RS, ganho de 1,57%, valendo R$ 64,50 por saca e, em São Paulo, na região de Avaré, a cotação da oleaginosa chegou a R$ 65,50, subindo 1,55%. 

Para que as vendas pudessem voltar a acontecer no Brasil, portanto, ainda de acordo com Tomkiw, os produtores teriam que ver oportunidades de comercialização ainda melhores e, portanto, para que a demanda pudesse se voltar para o produto brasileiro, a oferta teria que aparecer de forma mais expressiva para estimular ambas as pontas do mercado. 

No entanto, até que isso não aconteça, a expectativa do mercado é de que o USDA reveja seus números, principalmente de demanda, no novo relatório mensal a ser divulgado na próxima segunda-feira, dia 10 de março. Como explica Stefan Tomkiw, o departamento norte-americano poderia também trazer alterações nos números do volume do chamado residual, para tentar equilibrar os atuais números das exportações com os estoques e o presente e forte movimento da demanda. 

Assim, o analista acredita que ainda há uma firmeza no cenário internacional, já que o mercado mantém sua tarefa de elevar os preços para tentar restringir o interesse comprador pela soja norte-americana frente à severa escassez de produto nos Estados Unidos. Isso justifica, portanto, a alta mais expressivas registradas nas posições mais próximas.  

Milho: Mercado interno reflete o clima adverso no Brasil e segue sustentado

Por Fernanda Custódio

Os preços do milho no mercado interno brasileiro permanecem firmes. O clima adverso em importantes regiões produtoras do país continua sendo o principal fator de sustentação aos preços. Nesta quinta-feira (6), a saca do cereal chegou a ser negociada a R$ 36,00 em Campinas (SP) CIF.

A produtividade da safra de verão, em alguns estados como São Paulo e Minas Gerais, foi severamente comprometida com a ausência de chuvas e o calor intenso. O plantio da safrinha também segue atrasado em algumas localidades devido às adversidades climáticas. No PR, as chuvas do final de semana, ainda foram insuficientes para as lavouras, conforme destaca o analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari. 

Já no Mato Grosso, algumas cidades como Sorriso já decretaram estado de emergência em função do excesso de precipitações. Do mesmo modo, a situação atrasa a implantação da safrinha de milho. E, para essa semana, as previsões climáticas apontam para mais chuvas na região.

Ainda nesta quinta, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior divulgou que as exportações de milho brasileiras somaram 1,063 milhão de toneladas em fevereiro. O número representa um recuo de 60% em relação ao mês anterior e uma diminuição de 58,3% frente ao embarcado no mesmo período do ano passado. Na visão do analista de mercado, os produtores estão segurando os preços à espera de melhores oportunidades. 

O clima também tem impulsionado os contratos da commodity negociados na BM&FBovespa. As principais posições registraram mais um dia de alta, com valorizações de mais de 2,5%. O Indicador Esalq/BM&FBovespa referente à região de Campinas (SP) finalizou o mês de fevereiro com valorizações de 27,39% e terminou cotado a R$ 33,95 a saca de 60 kg, segundo informou o Cepea nesta quinta-feira.

CBOT

As cotações futuras do milho encerraram a sessão na Bolsa de Chicago do lado positivo da tabela. Ao longo das negociações, os contratos ampliaram os ganhos e fecharam o pregão com altas de mais de 9 pontos nas principais posições. O contrato maio/14 era cotado a US$ 4,91 por bushel.

O desempenho favorável das exportações semanais refletiu positivamente nos preços do milho em Chicago. As exportações norte-americanas de milho da safra 2013/14, na semana encerrada em 27 de fevereiro, somaram 1.518.000 toneladas, conforme informou o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O número ficou acima do registrado na semana anterior, de 840.800 toneladas, e da expectativa do mercado de 600 até 850 mil toneladas.

Para a safra 2014/15, o departamento reportou as exportações em 164.500 toneladas, no mesmo período. O percentual também maior do que o divulgado anteriormente, de 1.500 toneladas. 

“O mercado também observa as perspectivas do plantio norte-americano, já que, há a expectativa de redução na área cultivada com o cereal na safra 2014/15. E as exportações semanais do milho vieram fortes. Na próxima segunda-feira (10), no relatório de oferta e demanda, o USDA pode aumentar as exportações dos EUA e reduzir os estoques”, explica Molinari.

Por outro lado, o analista de mercado da Corretora Jefferies, Stefan Tomkiw, sinaliza que a crise política e econômica na Ucrânia continua sendo observada pelo mercado internacional de grãos. “A situação não está completamente resolvida e a demanda que poderia ser atendida pela região pode ser deslocada para os EUA. Os estoques ainda são confortáveis, mas se o mercado enxugar esse excedente podemos ter uma nova valorização nos preços em Chicago”, relata. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Liones Severo Porto Alegre - RS

    Para boa ordem, não é verdade que os produtores brasileiros não estão vendendo soja. Diariamente são negociados de 250 a 500.000t no mercado brasileiro. O problema é que oferta disponível resultante da colheita, ainda não é suficiente para atender a demanda. Essa interpretação equivocada somente serve para intrigar os produtores brasileiros com os mercados de consumo. Os brasileiros já venderam cerca de 60% da produção, quantidade essa que nem foi colhida e nem se sabe o tamanho da safra.

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