Soja: Mercado encerra semana com forte queda em Chicago
No último pregão da semana, os futuros da soja fecharam o dia com forte queda na Bolsa de Chicago. Nesta sexta-feira (11), a oleginosa operou durante todo o tempo do lado negativo da tabela e encerrou os negócios com baixas de mais de 18 pontos nos contratos mais negociados. A posição novembro, referência para a safra americana, terminou a US$ 12,66, recuando 21,25 pontos.
O boletim mensal de oferta e demanda de outubro do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) deveria ter sido divulgado hoje pelo órgão, no entanto, devido à paralisação do governo americano, as informações não foram reportadas e o mercado continuou às escuras, sentindo uma pressão de forte baixas sobre as cotações.
Desde que os EUA paralisou importantes atividades, os investidores vêm operando sem referencial e, por isso, têm se mantido na defensiva, o que justifica um menor volume de negócios em Chicago. Não há informações sobre o andamento da colheita, sobre a produtividade que vem sendo obtida, estoques ou demanda.
Entretanto, pressão maior sobre os preços exerce o avanço da colheita da nova safra no Meio-Oeste norte-americano. Mesmo sem os números oficiais, o mercado trabalha com expectativas de que os índices de rendimento em importantes estados produtores como Iowa e Indiana estão acima do esperado e os trabalhos de campo têm evoluído bem com um cenário climático mais favorável.
"A colheita avançou bem e há uma pressão. A pressão vem da entrada física de produto no mercado e também dos resultados que estão sendo obtidos acima do que vinha sendo esperado anteriormente. Com isso, as últimas previsões privadas que saíram nas duas últimas semanas vieram com números acima do USDA de setembro, e por isso cria no mercado a expectativa de que, no fundo, quando o USDA soltar o relatório veremos um número um pouco melhor do que as 86 milhões de toneladas", explicou Flávio França, analista da Safras & Mercado.
O que impediu que os preços recuassem ainda mais, porém, ainda segundo França, foi o movimento que tem sido exercido pelos produtores norte-americanos de permanecerem mais retraídos nas vendas diante de preços baixos.
Entretanto, apesar dessa recente pressão negativa sobre o mercado internacional da soja, analistas afirmam que o quadro de oferta e demanda ainda é muito ajustado e esse cenário deverá voltar ao foco dos investidores depois de a colheita ter passado algo entre 50 e 60% da área. França explica ainda essa safra de 86 milhões de toneladas, apesar de um pouco maior do que as estimativas mais pessimistas do mercado, não aliviam a relação de estoque x consumo ainda muito apertada. Essa situação, portanto, deverá impedir uma queda muito acentuada dos preços.
A escassez de farelo de soja, que tem elevado os preços dos produto a níveis recordes, também tem sido um termômetro para a avaliação do quadro de oferta e demanda. A escassez de farelo tem sido registrada no Brasil, Estados Unidos, Europa, China, entre outros países. "As margens de esmagamento batem recordes ao redor do mundo, principalmente na China onde a margem de industrialização (ou seja, o preço que as indústrias ganham em margens para industrializar 1 tonelada de soja) está custando US$ 100/tonelada e nos Estados Unidos com us$ 1,00/bushel, recordes em ambos os países", explicou o consultor de mercado Liones Severo, do Sim Consult.
"Se não houver nenhuma notícia extravagantemente altista para a soja, como o próximo relatório do USDA (capaz de elevar os preços a nível de racionamento), não haverá alimento suficiente para os rebanhos e alojamento de aves, que terão que ser sacrificados à nível global", completou Severo.
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