Clima no Brasil deve ser favorável para início do plantio da safra 2013/14
O início do plantio da nova safra brasileira de verão deverá contar com condições climáticas favoráveis. Segundo meteorologistas, o fenômeno chamado de Neutralidade Climática, provocado por uma ligeira variação de temperatura das águas do oceano Pacífico, deve continuar. Assim, a quantidade de chuvas deve ficar dentro da média, porém, o que pode causar alguma preocupação é a irregularidade em sua distribuição.
Os meteorologistas alertam, potanto, que o início dos trabalhos de campo podem registrar um período alternando algumas regiões com chuva em excesso e outros com a falta dela. Dessa forma, a orientação é para que, no caso da soja, por exemplo, os produtores diversifiquem o uso de suas cultivares e utilizem o método de escalonamento na hora da semeadura.
"Este ano o clima deverá ser bem mais favorável do que no ano passado. A chuva virá na hora certa, sem atrasos. Em todas as áreas do país, a temporada de chuva será melhor até mesmo no Nordeste", disse Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo.
Região Sul e Sudeste- Para a região Sul, as precipitações deverão ficar acima da média no Rio Grande do Sul e dentro do esperado para Santa Catarina e Paraná, de acordo com Gustavo Verardo, meteorologista da Somar Meteorologia. A partir do dia 20 de setembro, uma massa de ar polar deve chegar à região, porém, não será um frio tão intenso quanto o que foi registrado há alguns meses.
"Haverá também uma frequência maior de dias úmidos em setembro, com pancadas de chuvas", disse Verardo. Em outubro, ainda segundo o meteorologista, as precipitações no Paraná, divisa com o Mato Grosso do Sul, devem ficar acima da média.
A região sul, como explicou Mozar Salvador, meteorologista do InMet, deverá contar com uma variação mais significativa entre chuvas mais e menos intensas, e poderá registrar ainda uma concentração em Santa Catarina.
Para o sudeste, o InMet indica uma intensidade menor de chuvas, com exceção do litoral da região.
Região Centro-Oeste - Para este mês, segundo a Somar, já há a formação de áreas de instabilidade, com acumulados de chuvas no Mato Grosso do Sul. Porém, o padrão de precipitações também deverá ficar dentro da média. Há, porém, a previsão de chuvas abaixo da média para setembro no norte do Mato Grosso.
Já de acordo com informações do InMet, setembro é um período de transição entre a seca e o período chuvoso na região, o que varia muito de ano a ano. Principalmente Goiás e Mato Grosso devem contar com pontos isolados de chuvas mais volumosas.
Em outubro, a previsão é de que as chuvas fiquem abaixo da média de uma forma geral na região, com um déficit maior no leste do Mato Grosso e norte de Goiás, na divisa com o Tocantins.
Região Nordeste e MATOPIBA - Para a região Nordeste, segundo os meteorologistas, o regime de chuvas também virá dentro da normalidade. Agora em setembro, as precipitações até poderiam indicar alguma redução e a região do semi-árido poderia, segundo o InMet, registrar chuvas mais em novembro e janeiro.
"Ainda não será aquela temporada cheia de chuva na região, mas nada comparável ao ano passado - onde foi registrada a pior seca dos últimos cinquenta anos", disse o meteorologista da Climatempo.
Já na região conhecida como MATOPIBA, setembro é o período de transição e algumas chuvas já deverão ser registradas, ainda de acordo com o INMet, a partir de outubro no Piauí e oeste da Bahia. Para a região, em linhas gerais, as precipitações deverão ficar dentro da média.
A orientação de Mozar Salvador, do InMet, é de que o produtor não se antecipe na hora do plantio e que aguarde por um período realmente chuvoso. "É importante esperar uma sequência maior de dias e volume de chuvas para aguardar a recuperação dos níveis de umidade do solo adequados".
Salvador afirma ainda que para os próximos 15 dias a previsão é de um volume menor de chuvas e em áreas isoladas, principalmente nos estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. "Nesses estados o período de transição exige mais cuidado", afirmou.
Para Alexandre Nascimento, da Climatempo, outro período que pode exigir mais atenção dos produtores é ao longo de março, com o prolongamento das chuvas podendo comprometer os trabalhos de colheita no Sudeste e no Centro-Oeste.
Previsões climáticas para a próxima safra de verão (2013/14), por Carlos Pitol*
Sato Comunicação
O início de plantio da próxima safra de verão se aproxima e, enquanto o produtor se prepara para lançar as sementes ao solo na expectativa de uma boa safra, uma das preocupações ou aspecto importante que deve ser considerado pelos produtores é a previsão climática para o período da safra de verão, que vai da semeadura à colheita e tem relações com a safra de outono e inverno.
As previsões climáticas são feitas pelos climatologistas, baseadas no comportamento dos principais fatores macroclimáticos ou fenômenos que influenciam nas variações climáticas, fazendo-se uma relação da possível influência no desenvolvimento das culturas. Portanto, as previsões tem uma probabilidade de não se concretizarem cem por cento, mas não podem ser ignoradas.
Para a próxima safra de verão (safra 2013/14), as informações atuais indicam a continuidade do fenômeno da Neutralidade Climática, provocada pela pequena variação da temperatura das águas em relação à temperatura média do Oceano Pacífico, na linha equatorial. Nesta situação, deveremos ter uma condição climática muito similar à ocorrida na safra 2012/2013. A quantidade de chuvas no total previsto é próximo da média, o que não seria ruim, mas a sua irregularidade na distribuição é o problema. Nesta condição ocorre irregularidade na distribuição tanto no tempo como geograficamente, podendo ocorrer períodos com falta de chuvas alternados com momentos de excessos, assim como locais com chuva normal ou excesso, enquanto falta em outros locais.
Dentro destas possibilidades, é importante ficar ciente de que podemos ter falta de chuva num momento e excesso em outro. A dúvida maior é se isto vai ocorrer nos momentos críticos dacultura da soja.
Por esta razão, o ideal é diversificar em termos de cultivares de soja e escalonar na época de semeadura, de modo que as fases críticas da cultura não fiquem excessivamente concentradas e, em caso da ocorrência de uma adversidade climática, toda a lavoura seja afetada.
As previsões atuais indicam para o estado do Mato Grosso do Sul um atraso no início das chuvas e uma regularização ao longo do mês de outubro. Isto nos diz que devemos ter muita cautela no início da semeadura da soja. Semear com pouca umidade no solo ou no seco, apostando na previsão de chuva pós-plantio, pode ser de alto risco.
Atualmente, a soja sinaliza para um bom preço na próxima safra, enquanto que para o mercado do milho há muitas dúvidas. Então o que é racional que se faça? Com certeza não é semeando a soja de qualquer jeito, pensando no plantio de 100% da área de milho safrinha. As áreas de lavoura com mais de 4 a 5 anos de monocultura soja/milho safrinha necessitam de rotação de culturas e este acreditamos ser um ano favorável para abrir espaço também para outras culturas, como trigo, aveia, nabo forrageiro, crambe e outras culturas conhecidas do produtor.
Não adianta o produtor reclamar que o custo de produção está alto e o preço do produto está baixo se ele não faz nada para que isto seja diferente.
Estamos em tempo de tomar precauções e agir mais conscientemente, nos antecipando a problemas previsíveis.
(*) Carlos Pitol é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, 1981), especializado em manejo do solo e do estado nutricional de plantas pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE, 1999). Atua como pesquisador do setor de Fitotecnia Soja da Fundação MS.
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