Monsanto decide destruir 600 mil sacas de sementes de Intacta
A direção da Monsanto decidiu na tarde desta terça-feira, em comunicado oficial, anunciar a destruição de 600 mil sacas de sementes que estavam sendo oferecidas a produtores brasileiros, que iriam fazer teste de campo com a nova tecnologia. A polêmica surgiu na semana passada, através da Aprosoja/MT, que passou a alertar aos produtores dos riscos embutidos neste teste, pois a responsabilidade da guarda da colheita seria inteiramente do sojicultor.
Caso o novo grão fosse misturado com cargas das sojas já aceitas pelo mercado, os carregamentos poderiam vir a ser rejeitados pela China, maior comprador da soja do Brasil. Diante dos argumentos contrários, a Monsanto recuou no seu projeto, e decidiu pela interrupção dos testes de campo, enquanto aguarda aprovação final pela China. A polêmica, no entanto, tem novos desdobramentos (ver entrevistas e opiniões publicadas pelo NA).
30 MILHÕES DE SACOS DE GRÃOS
Os 600 mil sacos de sementes colocados nos campos são suficientes para produzir um volume equivalente a 30 milhões de sacos de grãos (1 milhão e 800 mil toneladas), que, ao preço de mercado (safra nova, base porto), significariam R$ 2 bilhões e 100 milhões de Reais. A compra dos grãos seria feita por empresas autorizadas pela Monsoy, com o compromisso dos grão apenas irem ao mercado com a aprovação chinesa. Mas como o risco de contaminação é latente, haverá a destruição, conforme informa a empresa.
Produtores argumentam que a Monsanto estaria, com esses teste de campo, obrigando indiretamente a China a aceitar a nova tecnologia, pois os chineses dependem do fornecimento da soja brasileira para sua segurança alimentar. Mas, na opinião de produtores ouvidos pelo NA, essa atitude seria temerária, pois a China poderia não só recusar as cargas contaminadas, como até aceitá-las, mas pedindo um ágio (uma quebra de preço), pela não aceitação da nova tecnologia. "Aí o prejuízo seria só do produtor e do Brasil", como disse o vice-presidente da Aprosoja/MT, Ricardo Tomzick.
Segue o posicionamento da Monsanto a respeito da tecnologia INTACTA RR2 PRO™ para a safra 2012/13:
Agricultores brasileiros terão a oportunidade de participar do programa Eleitos 2.0na safra 2012/13
A soja INTACTA RR2 PRO™, desenvolvida pela Monsanto, foi aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em agosto de 2010. Além do Brasil, a nova soja também já está aprovada em diversos países, como Estados Unidos da América, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Colômbia, México, Filipinas, Tailândia, Taiwan, Argentina, Japão e Coréia, além da União Européia (UE).
Na safra 2011/2012, a Monsanto convidou 500 produtores brasileiros, em 275 municípios espalhados em 10 estados (Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Goiás e Bahia) e no Distrito Federal, para plantar a soja INTACTA RR2 PRO™ lado a lado com campos com a tecnologia Roundup Ready em suas propriedades. Todas as 500 áreas seguiram critérios de gestão responsável do produto, sendo monitoradas desde o plantio até a colheita, com posterior destruição dos grãos.
Graças à parceria e à participação desses agricultores pioneiros, chamados “Os Eleitos”, foram comprovados, mais uma vez, os três benefícios proporcionados pela nova tecnologia: resultados de produtividade sem precedentes, devido a tecnologias avançadas de mapeamento genético, seleção e inserção de genes em regiões do DNA com potencial impacto positivo na produtividade; proteção contra as principais lagartas que atacam a cultura da soja; e tolerância ao glifosato proporcionada pela tecnologia Roundup Ready (RR).
A Monsanto reafirma que segue fiel ao seu compromisso voluntário de não lançar comercialmente novas tecnologias até a liberação para importação nos principais destinos da soja brasileira. Assim, na safra 2012/13, o plantio de INTACTA RR2 PRO™ se limitará a áreas demonstrativas, seguindo os mesmos procedimentos e princípios de gestão responsável do produto já consagrados com o programa “Os Eleitos” na safra anterior. Os agricultores que decidirem fazer parte dessa rede de demonstração – chamada de “Eleitos 2.0” – terão, mais uma vez, a oportunidade de experimentar em primeira mão os benefícios trazidos pela tecnologia em suas propriedades.
Para garantir o cumprimento da gestão responsável do produto, a Monsanto irá destruir 600.000 sacas de sementes com a tecnologia INTACTA RR2 PRO™, apesar de estarmos em um ano de forte demanda por soja em função de inúmeros fatores, como o aumento do consumo mundial e a quebra da safra em razão da seca em regiões como Estados Unidos, Argentina e o Sul do Brasil.
A Monsanto continua comprometida em trazer soluções inovadoras que aumentem a produtividade da agricultura brasileira, de forma sustentável, e a trabalhar colaborativamente com a cadeia produtiva.
MEDO NÃO!, por Almir Rebelo (sobre a polêmica da contaminação da soja Intacta)
Por Almir Rebelo, presidente do Clube Amigos da Terra em Tupaciretã (RS).
Quando lutamos para liberar a Soja Transgênica da Monsanto RR1, investigamos e descobrimos que a Argentina carregava 45 mil toneladas da soja no navio que completava a carga em Rio Grande com mais 15 mil toneladas de soja convencional com destino a qualquer país do resto do mundo.
O maior argumento dos “contra a Biotecnologia” era (ainda é): Quem garante que os transgênicos são seguros?
Com todo o respeito que temos pela Aprosoja, mas com toda a experiência de 15 anos nessa luta, temos o dever de manifestar nossa posição sobre essa nova realidade que deu o maior salto de qualidade da história da agricultura brasileira.
Foi marcante a época em que a soja vivia um momento de grande demanda mundial e os preços alcançaram níveis positivos históricos, o maior comprador mundial precisava de um motivo para derrubar os preços, e os “contra os transgênicos” apostando que não seria aprovada uma medida provisória e a conseqüente Lei de Biossegurança, (o produtor voltaria a plantar soja convencional), trataram as sementes com fungicidas e posteriormente deram de graça aos chineses o motivo para quase liquidar o produtor brasileiro.
Não satisfeitos, inventaram o Protocolo de Cartagena para “certificar” a soja brasileira com um custo de 10% sobre o preço da soja para o produtor pagar em função do “medo” de “possível” contaminação causando “danos” para a biodiversidade mundial.
Essa posição do produtor brasileiro fez com que nesta safra(2012/2013) o Brasil cultive 88% de soja transgênica de seus quase 30 milhões de hectares de soja e 87% do milho também transgênico.
Quando o mundo apela ao Brasil para atender a demanda mundial de alimentos, sabemos que precisamos aumentar a produtividade, diminuir custos e preservar o meio ambiente. Com os benefícios da soja RR1 e do milho Bt pedimos aos Cientistas que fizessem para o Brasil uma cultivar de soja com as duas características.
Na safra 2011/2012 fomos um dos eleitos e comprovamos serem verdadeiras as qualidades contidas na tecnologia intactaRR2pro.
Conforme estabelecido, para evitar “contaminação” o esmagamento da soja na lavoura nos fez lembrar a época do obscurantismo quando assistimos no Rio grande do Sul, roçarem soja e/ou queimarem a “semente da morte”!
Não temos dúvidas de que como brasileiros que acreditamos que nosso país será o celeiro do mundo com tecnologias modernas, a Biotecnologia será fundamental.
No Brasil lutamos para que a CTNBio liberasse o cultivo e comercialização, o que já foi feito. Este ano comemoramos a liberação no mercado mais exigente que é a União Eropéia.
Estamos aguardando o mercado Chinês que já come RR e Bt. Será uma questão de tempo. Tempo esse que não podemos perder.
Instituições Brasileiras possuem grandes disponibilidades de sementes que precisam ser multiplicadas para atender o mercado brasileiro da safra 2013/2014, é preciso plantar!
O contrato para cultivo este ano diz que devemos plantar com a mesma responsabilidade de 2011/2012 mas com uma vantagem: Não deveremos destruir, esmagar a soja como em 2012.
O Brasil está liberado para segregar e industrializar a IntactaRR2Pró de forma moderna e responsável.
O futuro do Brasil depende do que fizermos ou não no presente.
Nosso presente de hoje foi construído a duras penas pela coragem e visão de desenvolvimento do produtor rural.
É por isso que vamos plantar a IntactaRR2pro de forma responsável e vamos mostrar ao mundo que um país para ser celeiro tem que ter coragem, conhecimento científico para ter desenvolvimento e jamais ter medo.
Não esqueçam que nós produtores somos os primeiros consumidores.
Deveríamos ter medo de perder 37 ou 53 milhões de hectares para um Código Florestal Irracional e não para a Biotecnologia.
Falar em critério social tem um preço, e quem está pagando esse preço é o produtor rural.
5 comentários
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João Carlos Kopp Porto Alegre - RS
Boa Noite Prezados, Roger Augusto Rodrigues e Néri Perin.
Fiquei muito feliz ao receber no meu e-mail que mais duas pessoas haviam comentado o mesmo artigo que eu comentei, pois acredito que um povo soberano é aquele que tem conhecimento o suficiente para tomar suas decisões e um bom diálogo, aonde possamos mostrar os pontos e contrapontos, podem auxiliar o nosso produtor a tomar a melhor decisão o possível. Primeiramente não posso estender meu comentário referente ao contrato que a MONSANTO apresentou para os produtores, pois não tive acesso a ele, se vocês puderem me enviar é [email protected] Segundo, quero deixar claro que não tenho nenhuma ligação com quaisquer empresas que desenvolva sementes ou as revenda. Para começar meu comentário, gostaria de parabenizar a APROSOJA pela constante luta política que tem feito em Pró-Agricultura e consequentemente em prol da economia Brasileira que é extremamente depende da cadeia Agrícola. O meu comentário é mais para tentar trazer um contra ponto, em nenhum momento estou defendendo instituição A ou B. Me parece razoável que o produtor seja o responsável por armazenar os grãos das variedades TESTE e os Grãos COMERCIAIS, pois quem cuida da lavoura é o produtor. Segundo ponto, este posso estar errado pois não vi o contrato, o produtor que testa variedades geralmente tem um incentivo financeiro, seja Ganhando as sementes que nesta safra em algumas regiões mais que dobraram de valor ou vendendo a produção para a própria empresa que deseja realizar o teste. Agora o ponto fundamental. Corremos o risco de 2008, se misturarmos as variedades, "SE". Na minha humilde opinião, uma boa recomendação seria, analise a sua capacidade de MANTER AS VARIEDADES TESTE SEPARADAS DAS COMERCIAIS. Se não tiver, por quaisquer questões de logística ou infraestrutura NÃO PLANTE. Devemos separar Alhos de Bugalhos, assim fazendo uma reflexão da nossa capacidade de produção, podemos sim, buscarmos mais rendimento, sem riscos. Espero que mais pessoas venham comentar este texto, e criarmos uma rede que possa auxiliar cada vez mais os nossos produtores. Sou apenas um consultor de Mercado que busca esclarecer o nosso produtor. Vamos continuar a conversa ela só tende a ajudar nossos produtores. Um grande Abraço, João Carlos Kopp. Há um ditado antigo, que diz que a beleza ou a falta dela está nos olhos de quem vê;Néri Perin Passo Fundo - RS
Referi em meu comentário a Almir Rebelo e não a Aldo Rebelo. Néri Perin
Néri Perin Passo Fundo - RS
Medo, não, CAUTELA E RESPONSABILIDADE SIM. O trabalho e esforços que a APROSOJA tem dispendido para exigir o cumprimento dos compromissos assumidos pela transacional é digno de nota. Concorco com o Sr. Roger Augusto Rodrigues. O Sr. Aldo Rebelo trata de situações antagônicas como se fosse idênticas, e não são. Respeito a normas de condutas, a pactos comerciais e de legislações internas é dever das partes. O contrário não deve ser instigado. Arriscar o mercado brasileiro para satisfazer interesse de uma empresas e de "seus amigos", é irresponsabilidade, não ato de coragem. A companhia dos membros da Aprosoja certamente é mais educativa, esses são, sem disfarces, "amigos da terra". Basta ler a matéria subscrita pelo senhor Liones Severo para atestar a lisura, a responsabilidade da atuação da Aprosoja. Congratulações.
Néri Perin - Assessor Jurídico da APROSOJA RSROGER AUGUSTO RODRIGUES Cuiabá - MT
A Aprosoja MT só está trabalhando para preservar a renda do produtor brasileiro. Numa época tão favorável ao nosso negócio, não temos o direito de colocá-lo em risco. A associação é totalmente aberto às novas tecnologias, tendo inclusive participado da comitiva que foi a Europa por ocasião desta liberação no velho continente. Estamos prontos, no que for necessário, para também ajudar neste caso da China, mas daí a correr o risco de colocar este perigoso ingrediente novo no mercado mundial, achamos imprudente.Sou Diretor Administrativo da Aprosoja MT.
João Carlos Kopp Porto Alegre - RS
Gostaria de Parabenizar o Srº Almir Rebelo, pela excelência e posição no artigo.
Meus sinceros parabéns. João Carlos Kopp.