Fala Produtor - Mensagem

  • Ana Lucia Protasio de Almeida Ribeirão Preto - SP 24/01/2010 23:00

    PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E MEIO-AMBIENTE: O noticiasagricolas.com.br traz uma discussão bastante atual sobre o tema. Há uma dificuldade dos segmentos produtivos, do governo e de ambientalista em chegar a um consenso sobre a questão da produção de alimentos e de cana-de-açúcar, no caso etanol, sobre as terras disponíveis para uso agrícola sobre áreas do Pantanal e Amazônia.

    É preciso saber que o zoneamento ecológico-ecônomico é uma proposta para uso do solo de forma mais racional, ou seja, produzir em locais que sejam propícios para a agricultura comercial, associado à proteção e resguardo dos elementos fundamentais para a preservação ambiental. Implica também em conhecer as potencialidades do solo, das condições hídricas dos locais definidos por estudos que mostrem a capacidade de suporte dos elementos naturais que compõem cada zona escalonada conforme suas especificidades. Então esse zoneamento está apto a determinar as localidades que podem apresentar condições favoráveis para as atividades agrícolas comerciais, de grande escala, assim como as tradicionais, que produzam para a subsistência local.

    Mesmo que o Ministro da Agricultura aponte para o cumprimento da legislação ambiental e do uso da ciência a favor da capacitação do uso do solo racionalmente, não é só essa a resposta para esses conflitos que devem ser vistos.

    O Código Florestal é uma lei e deve ser cumprido em todo o seu âmbito, pois até então, se for revisto, é preciso se rever as condições ambientais das terras brasileiras. Na verdade não foi formulado para se regular as condições de uso, mas sim para salvaguardar ecossistemas e biomas necessários para a sobrevivência das espécies e do próprio homem. Não há o que se rever nele, há sim o que se cumprir.

    Por outro lado o zoneamento ecológico-econômico não é uma ferramenta política, mas sim de nortear o uso racional do espaço produtivo. E a ciência é um mecanismo de melhoria para as condições de manejo das espécies, sejam elas comerciais como a melhoria dos defensivos e adubos, bem como de bancos genéticos comerciais ou do bioma natural.

    Então, o que há de conflito em tudo isso? Não seria uma determinação de uma política ambiental agregada ao uso dos espaços produtivos comerciais que coadunem com uma produção comercial que ao mesmo tempo gere um uso do solo mais adequado tecnicamente e de forma democrática?!! Sob outra perspectiva, será que pequenos produtores serão obrigados a se renderem a uma política reducionista, que os levem a se agregarem somente a um uso comercial de sua produção?!!

    Se for visto por esse ângulo, como se produzir alimentos se o espaço para a produção está sendo reduzido dando lugar à agricultura comercial de grande escala? Qual seria então o lugar de produção de alimentos, de produção diversificada?!! Não seria então a falta de espaço para a produção de alimentos que estaria sendo sobrepujada por uma política voltada para a produção comercial em grande escala?

    Todas essas seriam perguntas a serem feitas num projeto de políticas para produção alimentar. O caso é que a produção comercial em grande escala não abastece as necessidades do povo, como o Presidente Lula quer. A ciência não vai resolver essa questão, pois não é de sua habilidade e o zoneamento ecológico-econômico tão pouco define a produção alimentar.

    O consenso não estaria em definir o papel do Brasil na produção comercial em larga escala para o mundo e ao mesmo tempo alimentar seu próprio povo?!!!

    Talvez tudo isso sejam questões de definições de política agrícola que dê um norte para a subsistência do povo brasileiro, e que dê chance para o pequeno produtor estar produzindo na sua pequena propriedade. Talvez o papel do pequeno produtor seria tão importante quanto do grande produtor comercial!!! Quem sabe a ciência estaria mais próxima da aplicação de suas pesquisas, pois seria, também, quem sabe fomentada por projetos e financeiramente praticada para quem necessita de ajuda técnica!!! A Embrapa, Emater, realiza tudo isso, mas não seria o caso de ampliar a participação dessas entidades na vida do pequeno produtor.

    E por fim, não seria também viável se estabelecer uma melhor divisão das terras, e mais ainda se viabilizar uma real e concreta reforma agrária?!!!

    Comentário referente a notícia: [b]Entre a produção de alimentos e o meio ambiente[/b]

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