Fala Produtor - Mensagem

  • leonardo mussury Dourados - MS 20/01/2010 23:00

    SOJA: TENDENCIAS DE UM MERCADO -

    Aos 19 dias do mês de Janeiro de 2010 tivemos no Mato Grosso do Sul a soja comercializada nos níveis de R$ 34,00 a saca de 60 Kgs . Esse valor só para se ter uma idéia é 15% menor ao preço praticado em dezembro que girou na faixa de R$ 40,00 a saca de 60 Kgs na região de Dourados. Levando em consideração o baixo nível de volume ofertado no mês de Janeiro, denota-se uma queda bastante expressiva e ai fica a seguinte pergunta ? Porque caiu tanto? Qual o cenário desse mercado para os próximos meses ?

    Essas perguntas não serão respondidas por mim nesse artigo, mas você leitor deverá traçar a sua resposta diante dos fatos que serão aqui narrados:

    1- Confirmada a safra Americana de 91 milhões de toneladas, 65 milhões de toneladas para a safra brasileira e 52 milhões de toneladas para a safra Argentina, temos a reposição de nossos estoques mundiais e colocamos níveis de passagem bastante significativos desse produto para futuro incremento da demanda mundial. Isso por si só , deixa os compradores numa situação bastante confortável de compra , pois podem entrar no mercado toda vez que essa comoditie apresentar níveis de preços aquém daqueles historicamente praticados.

    2- Um segundo aspecto se prende ao pouco numero de compradores no mercado interno ou indústrias de esmagamento, que buscam esse produto no mercado. Isso porque o ICMS gerado na compra dos nossos produtos ( Mato Grosso do Sul ) representa um custo e assim, preferem postergar suas compras ou comprar da mão para a boca o necessário para fazer suas industrias rodarem, até que o soja de suas regiões entrem no mercado. Isso é notado pela forma que as indústrias do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo vem atuando no mercado. Por essa razão não temos visto, preços para entrega em Março de 2010. A idéia é comprar soja das regiões onde estão instaladas e esse soja mais tardio deverá enfrentar dificuldades de comercialização e de preço.

    3- Um terceiro aspecto se deve as grandes dificuldades de armazenagem que o Mato Grosso do Sul enfrentara nessa safra. Pois, partes das unidades estão com grande volume de milho e trigo das safras passadas e obrigará por certo os produtores partirem para fixar seus produtos durante a boca da safra e essa pressão de oferta será determinante na formação de preços. Atenta-se ainda, que melhorias das cotações na bolsa de Chicago, podem ser anuladas pela alta dos fretes que comporão boa parte das despesas da empresas compradoras.

    4- Um quarto aspecto resulta da concorrência de nosso estado com estados vizinhos como Mato grosso, Goiás que deverão colher seu produto ( soja ) primeiro que o nosso Estado e isso fará com que os primeiros sejam melhor remunerados que àqueles que entrarem nos meses seguintes. Assim, a queda de dezembro para janeiro é perfeitamente entendível se analisarmos a lei da oferta e da procura. ou seja, mais oferta preços em queda.

    5- Um outro aspecto que pode parecer imperceptível, mas de grande importância na formação do preço em nosso Estado ( Mato Grosso do Sul ) é a pauta fiscal vigente para os produtos comercializados para fora do estado como é o desejo de nosso governo. R$ 52,80 é o valor referencia o que garante ao Estado a importância de R$ 6,33 por saco de cada soja vendido para as indústrias de outros estados. Esse valor além de não retratar a realidade do mercado, é escabroso, vergonhoso, e se caracteriza como um roubo legalizado ao setor que mais sofreu nos últimos 3 anos por contas das secas , geadas ocorridas e que na expectativa de uma recuperação , vê seus possíveis ganhos serem anulados pela ganância arrecadadora de nosso governo.Para se ter uma idéia desse assalto, a soja hoje foi comercializada em Maringá- Pr, por R$ 37,00 + ICMS o que deveria compor R$ 42,04 ou seja , R$ 5,04 deveria ser pago ao estado do Mato Grosso do Sul nessa operação. Entretanto nosso estado deseja receber por essa operação que não contribuiu em nada no seu processo produtivo R$ 6,33 por saco de ICMS. Pasmem o Estado que não deu a semente, a Terra, a Mão de Obra e tantos outros insumos quer receber R$ 1,29 por saco a mais ( R$ 6,33 – R$ 5,04 ) de tudo que for comercializado; e o resultado disso acaba refletindo no preço final para o produtor rural em R$ 1,29 por saco . Em outras palavras se o soja deveria valer R$ 34,00, o produtor vai receber R$ 32,70 pela ganância arrecadadora do governo.

    Inúmeras vezes foram reclamadas ao Órgão responsável pela determinação da Pauta fiscal interestadual e interna e nada foi feito. Ao que parece, as férias continuam; e trabalhar mesmo, talvez só em fevereiro ou se Deus ajudar março.

    Finalizando, fica ai a realidade nua e crua do mercado de soja em nosso Estado e a torcida que nosso governador tome conhecimento o mais breve possível dessa realidade e faça com que possamos vender o nosso produto pelo que ele vale antes que falte armazém para estocar aquilo que por razões acima expostas estão dificultando a comercialização da mesma ou para a exportação se o Câmbio ajudar.

    Fonte: Economista Leonardo Mussury

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