Usando uma frase que o Telmo Heinen, de Formosa (GO), costuma repetir – “comunicação não é aquilo que a gente diz, mas sim o que o outro entende” - quero dizer ao Sr. Valdir Sversutti que, infelizmente, ele não me entendeu. Minhas colocações não estão endereçadas aos verdadeiros agricultores que estão participando deste debate sobre a causa do nosso endividamento, mas sim àqueles que ficam pelas esquinas repetindo frases surradas, cheias de preconceitos, que só servem para denegrir ainda mais a nossa classe. Estes tentam introduzir em nosso meio uma manobra diversionista, para evitar que possamos nos unir e chegarmos ao cerne da questão que nos impedem de progredir.
São para esses diversionistas a minha critica. Agora minhas considerações sobre o debate do endividamento da agropecuária:
1 - Apontam nossas incompetências para resolvermos a questão do endividamento e depurarmos os caloteiros que mancham os honestos. Reconheço que existem incompetências sim, mas elas fazem parte do somatório dos problemas. Por exemplo: nossos financiadores nos cobram “de acordo com que acham que podemos pagar” e não “com margens de lucros pré-estabelecidas”, ocasionando lucros absurdos a quem nos emprestam. E quando o dólar sobe os preços de nossos insumos também sobem; mas quando o dólar cai, os preços nas revendas não baixam. Somente o valor de nossos produtos é que baixam. Logo, ficamos inadimplentes. Portanto, neste debate, nossa “incompetência” está em nossa falta de união ou no associativismo, para lutarmos contra esta injustiça e termos ganho de escala.
2 - Outra “incompetência” é não reagirmos e ficarmos esperando que, sempre, outros façam por nós. Além disso continuamos produzindo sem entender o mecanismo da demanda e oferta. Por isso tudo, e sem política agrícola que nos dê garantia de renda, a agropecuária não resistirá. Os grandes grupos tomam conta de tudo, ameaçando a existência dos pequenos e médios produtores. De que forma?? Através dos mecanismos financeiros. Por exemplo: estamos aceitando pagar U$ 900,00 a ton. de adubo, mas há poucos anos era U$180,00?? Por que aceitamos isso??
3 - Sobre a questão de vender no pico de preços: 70% dos produtores não conseguem o melhor preço por vários motivos -- um deles, a falta de compreensão sobre a venda a futuro (e outras formas de compromissos a futuro, como as opções). Um dos problemas é que, antes de fixar o preço a futuro, existe a realidade: é que o que produzimos não é mais nosso, já não estão mais em nosso poder. Outro problema: Aqui no Mato Grosso existem poucas cooperativas devido aos maus administradores do passado e por isso que estamos nas mãos das tradings. (Em Primavera do Leste foi constituído uma cooperativa recentemente e está tendo sucesso). Portanto, deveríamos nos unir em torno desses exemplos de sucesso, senão continuaremos sendo incompetentes em não nos unirmos para obtermos ganhos de escala.
4 - O endividamento dos produtores mato-grossenses chega a 47% dos créditos concedidos pelo Banco do Brasil; e nos bancos das montadoras a inadimplência é de 70%, independentemente de tamanho do produtor. Inadimplência essa causada principalmente por termos um custo alto com logística – que quase inviabiliza a produção (pagamos pelo frete da soja ao redor R$ 12,00/SC até o porto – contra R$ 45 no porto) e pelo milho recebemos 70% do valor vendido para exportação).Temos ainda que descontar os impostos (funrural e fethab), com o custo de produção em torno de R$1.650,00/ha e produtividade média com boa tecnologia de 50 scs/ha.
5 - Nossa lideranças trabalham sem apoio da base, pois os produtores parecem mais preocupados em reclamar e cobrar, mas esquecendo-se de colaborar com sustentação das entidades e com ações para que as lideranças possam realizar seu trabalho. Portanto, ficamos que nem tatu na toca, pensando que pagando as contribuições impostas por lei é o suficiente. O caminho é outro: tem que haver envolvimento e muito trabalho dos produtores junto das lideranças e não ficarmos nas esquinas, simplesmente criticado e não agindo.
Claro que criticar é bem mais fácil que agir e realizar.
Usando uma frase que o Telmo Heinen, de Formosa (GO), costuma repetir – “comunicação não é aquilo que a gente diz, mas sim o que o outro entende” - quero dizer ao Sr. Valdir Sversutti que, infelizmente, ele não me entendeu. Minhas colocações não estão endereçadas aos verdadeiros agricultores que estão participando deste debate sobre a causa do nosso endividamento, mas sim àqueles que ficam pelas esquinas repetindo frases surradas, cheias de preconceitos, que só servem para denegrir ainda mais a nossa classe. Estes tentam introduzir em nosso meio uma manobra diversionista, para evitar que possamos nos unir e chegarmos ao cerne da questão que nos impedem de progredir.
São para esses diversionistas a minha critica. Agora minhas considerações sobre o debate do endividamento da agropecuária:
1 - Apontam nossas incompetências para resolvermos a questão do endividamento e depurarmos os caloteiros que mancham os honestos. Reconheço que existem incompetências sim, mas elas fazem parte do somatório dos problemas. Por exemplo: nossos financiadores nos cobram “de acordo com que acham que podemos pagar” e não “com margens de lucros pré-estabelecidas”, ocasionando lucros absurdos a quem nos emprestam. E quando o dólar sobe os preços de nossos insumos também sobem; mas quando o dólar cai, os preços nas revendas não baixam. Somente o valor de nossos produtos é que baixam. Logo, ficamos inadimplentes. Portanto, neste debate, nossa “incompetência” está em nossa falta de união ou no associativismo, para lutarmos contra esta injustiça e termos ganho de escala.
2 - Outra “incompetência” é não reagirmos e ficarmos esperando que, sempre, outros façam por nós. Além disso continuamos produzindo sem entender o mecanismo da demanda e oferta. Por isso tudo, e sem política agrícola que nos dê garantia de renda, a agropecuária não resistirá. Os grandes grupos tomam conta de tudo, ameaçando a existência dos pequenos e médios produtores. De que forma?? Através dos mecanismos financeiros. Por exemplo: estamos aceitando pagar U$ 900,00 a ton. de adubo, mas há poucos anos era U$180,00?? Por que aceitamos isso??
3 - Sobre a questão de vender no pico de preços: 70% dos produtores não conseguem o melhor preço por vários motivos -- um deles, a falta de compreensão sobre a venda a futuro (e outras formas de compromissos a futuro, como as opções). Um dos problemas é que, antes de fixar o preço a futuro, existe a realidade: é que o que produzimos não é mais nosso, já não estão mais em nosso poder. Outro problema: Aqui no Mato Grosso existem poucas cooperativas devido aos maus administradores do passado e por isso que estamos nas mãos das tradings. (Em Primavera do Leste foi constituído uma cooperativa recentemente e está tendo sucesso). Portanto, deveríamos nos unir em torno desses exemplos de sucesso, senão continuaremos sendo incompetentes em não nos unirmos para obtermos ganhos de escala.
4 - O endividamento dos produtores mato-grossenses chega a 47% dos créditos concedidos pelo Banco do Brasil; e nos bancos das montadoras a inadimplência é de 70%, independentemente de tamanho do produtor. Inadimplência essa causada principalmente por termos um custo alto com logística – que quase inviabiliza a produção (pagamos pelo frete da soja ao redor R$ 12,00/SC até o porto – contra R$ 45 no porto) e pelo milho recebemos 70% do valor vendido para exportação).Temos ainda que descontar os impostos (funrural e fethab), com o custo de produção em torno de R$1.650,00/ha e produtividade média com boa tecnologia de 50 scs/ha.
5 - Nossa lideranças trabalham sem apoio da base, pois os produtores parecem mais preocupados em reclamar e cobrar, mas esquecendo-se de colaborar com sustentação das entidades e com ações para que as lideranças possam realizar seu trabalho. Portanto, ficamos que nem tatu na toca, pensando que pagando as contribuições impostas por lei é o suficiente. O caminho é outro: tem que haver envolvimento e muito trabalho dos produtores junto das lideranças e não ficarmos nas esquinas, simplesmente criticado e não agindo.
Claro que criticar é bem mais fácil que agir e realizar.