A RECENTE CRISE INTERNACIONAL E O AGRONEGÓCIO – NOVAMENTE, OS PRODUTORES PODEM SER OS MAIORES PREJUDICADOS -
Sem ser alarmista - mas sério e responsável - segundo os pronunciamentos recentes, e uma série de informações externas e internas recebidas nos últimos dias, são seguintes as principais tendências para a crise mundial e para os seus efeitos no agronegócio brasileiro: Contudo, é importante entender que são tendências, e segundo as conjunturas atuais, e não certezas, pois ninguém tem “bola de cristal” e a economia está agitada e mudando a cada momento.
a) a crise ainda está no inicio e sua solução pode se estender por até 180 dias (a depender das vontades dos governos e políticos e da inibição e maior controle dos especuladores e dos ditos “analistas de riscos e de investimentos”, que erraram feio);
b) a tendência é de estender para outros países desenvolvidos, sobretudo da U.E. e Ásia, e mesmo alguns em desenvolvimento (nem tão blindados), prejudicando as finanças, os investimentos, as moedas e, principalmente, ampliando a inflação e reduzindo os consumos, em especial de alimentos;
c) para recuperar as perdas e controlar a inflação, os Governos e Bancos tendem a ampliar os juros, o que pode, inicialmente, reduzir os investimentos estrangeiros e reduzir o crédito;
d) uma nova ordem econômica e social mundial pode surgir com fortalecimento dos países em desenvolvimento (BRICA = Brasil, Rússia, India, China e África do Sul) e que colaborarão para reduzir a fome na África. Aos poucos aumentarão os investimentos produtivos nestes países;
e) pode haver severa redução do número de bancos no mundo, liderados por alguns poucos bancos da U.E. e da Ásia (no máximo 6) e que estarão mais voltados para investimentos produtivos, sociais e cooperativismos; o BIS (banco central dos bancos centrais) tende a fortalecer, pelos seus acertos em relação aos necessários “Planos de Basiléia” (que agora vê-se que só serviram para os países em desenvolvimento) e o FMI tende a enfraquecer;
f) quem sabe todos os países desenvolvidos seguirão o bom exemplo da U.E , que recentemente criou um Fundo de US$ 1,0 bilhão para alavancar a produção de alimentos para os países mais pobres (e ainda de agronergia), ou mesmo da Noruega que, recentemente, doou igual US$ 1,0 bilhão para a progressiva recuperação socioeconômica e ambiental da Floresta Amazônica. O produtor rural brasileiro precisa muito é deste tipo de parcerias de longo prazos (até 30 anos) para produzir alimentos e energias para o mundo, mas não quer mais ser espoliado e ainda culpado pelas degradações ambientais (na verdade os pagando pecados de produtores europeus, norte-americanos, e agora chineses, que dizimaram seu solo e ambiente há muitos anos). Certamente, com boa renda liquida garantida por longo prazo (o que ocorreria com vendas diretas aos consumidores finais e compras diretas de insumos e bases químicas dos países fornecedores, inclusive trocando por alimentos), a devastação não ampliará no País, pois há terra sobrando e só o que se precisa é de recursos baratos e em parcerias - benéficas e não especulativas - para ampliar as produtividades, reduzir custos e recuperar os solos (sobretudo as pastagens degradadas);
g) as commodities agrícolas e minerais – após subirem muito seus preços nos últimos 2 anos e até a 90 dias (exatamente pela bem maior liquidez, o que facilita as especulações de compras) - tendem a recuar seus preços internacionais ainda mais, prejudicando os produtores brasileiros neste momento de pré-plantio e com custos elevadíssimos (ampliação de até 150%); haverá redução do consumo de alimentos e de commodities nos países ricos e em desenvolvimento;
h) alguns estimam que o petróleo possa recuar para US$ 80,00 e até US$ 60,00/barril em até 02 anos. Já o minério de ferro poderia recuar, perigosamente, para até US$ 35,00/t.;
i) a economia brasileira, sobretudo a bancária, realmente está bem blindada, mas os produtores rurais não, pois seus preços são totalmente dependentes das Bolsas internacionais, dos consumos e dos preços internacionais de alimentos e, principalmente, do comportamento das agroindústrias fornecedoras e compradoras internas e que hoje já dominam, veladamente, pelo menos 35% do agronegócio brasileiro e, se considerarmos as suas atuações como Bancos e nos crescentes Programas de Integração Rural (também chamados de projetos de Fomento Rural) - inclusive com muitas terras próprias em alguns casos como o de florestas e cana - pode-se estimar uma participação entre 50% e 60% no resultado líquido anual do agronegócio;
j) alguns analistas entendem que o câmbio possa ampliar, progressivamente, para até R$ 2,50 em 01 ano no Brasil, o que é muito bom para as empresas exportadoras, e em parte para os produtores (podem anular em parte as previstas quedas das cotações nas bolsas de Chicago, Bolsa de Nova Iorque e Bolsa de Dalian);
k) no Brasil quem comprou insumo mais cedo – como vem sendo amplamente recomendado há anos - se dê por feliz, mas não se esqueça de fazer a proteção de preços, e assim da renda liquida, na BM&F (cotações ainda remuneradoras). Quem ainda não comprou insumos vai vê-los encarecer ainda mais em R$, embora tenham sido importados a cerca de 30 a 60 dias e com câmbio muito barato (até R$ 1,60= US$ 1,00); Aqui, a renda poderá ser francamente negativa (prejuízos). Em 2009, os preços dos fertilizantes podem ampliar ainda mais com o câmbio em alta;
l) felizmente, o PROER muito colaborou para blindar a maioria dos bancos brasileiros (não todos). Hoje há controle muito mais rígido pelo BACEN dos financiamentos, de suas garantias, redescontos etc.. e das adequações às exigências de Basiléia). Contudo, não se pode dizer o mesmo para os produtores rurais na recente e pretensa solução do endividamento agrícola, pois as causas e as “verdades” dele (quedas seqüentes da renda agrícola) continuam vigentes, e em ampliação, embora nada se faça para resolvê-las, e isto desde a Securitização, PESA, PESINHA, RECOOP etc.;
m) sem entrar no mérito, até porque não concordo muito, alguns economistas desconfiam que o principal objetivo da crise “em curso” seria a garantia de lucros elevadíssimos para os especuladores internacionais, orientados pelos chamados “Chicago boys”. Assim, primeiro eles quebraram as empresas chamadas de “ponto.com“ (empresas de programas de computador); depois, nos últimos 2 anos ganharam muito dinheiro especulando com commodities agrícolas nas bolsas (que só subiam) e agora atacam os bancos de investimentos e de hipotecas (“subprimes”, inicialmente no Japão e Coréia e agora nos EUA), e onde o principal objetivo real seria derrubar ao máximo o valor das ações das principais empresas mundiais, sobretudo de energia, alimentos, minérios etc., para, então, comprarem avidamente nas bolsas e terem elevadíssimos lucros por pelo menos mais uns 5 anos com as valorizações e seus dividendos (será ?). Na visão clássica e operacional de tais “boys”, o único propósito das empresas e corporações privadas é “ganhar o máximo de dinheiro possível para seus acionistas“. Assim, para H. Henderson, ganância, egoísmo, individualismo e “curto-prazismo” foram misturados com liberdade e democracia e elevados à triste condição de filosofia moral. “e pior, aceita por muitos como verdade absoluta” (é óbvio que há exceções, em especial no Brasil).
“QUE O BRASIL SIRVA DE LIÇÃO PARA O MUNDO, POIS AINDA HÁ TEMPO DE CONSERTARMOS O RUMO DO NOSSO AGRONEGÓCIO: O CELEIRO DO MUNDO”.
Prof. Clímaco Cezar de Souza
www.agrovisions.com.br -Brasília (livros-vivos para o agronegócio, sendo grátis os da versão 2006)
A RECENTE CRISE INTERNACIONAL E O AGRONEGÓCIO – NOVAMENTE, OS PRODUTORES PODEM SER OS MAIORES PREJUDICADOS -
Sem ser alarmista - mas sério e responsável - segundo os pronunciamentos recentes, e uma série de informações externas e internas recebidas nos últimos dias, são seguintes as principais tendências para a crise mundial e para os seus efeitos no agronegócio brasileiro: Contudo, é importante entender que são tendências, e segundo as conjunturas atuais, e não certezas, pois ninguém tem “bola de cristal” e a economia está agitada e mudando a cada momento.
a) a crise ainda está no inicio e sua solução pode se estender por até 180 dias (a depender das vontades dos governos e políticos e da inibição e maior controle dos especuladores e dos ditos “analistas de riscos e de investimentos”, que erraram feio);
b) a tendência é de estender para outros países desenvolvidos, sobretudo da U.E. e Ásia, e mesmo alguns em desenvolvimento (nem tão blindados), prejudicando as finanças, os investimentos, as moedas e, principalmente, ampliando a inflação e reduzindo os consumos, em especial de alimentos;
c) para recuperar as perdas e controlar a inflação, os Governos e Bancos tendem a ampliar os juros, o que pode, inicialmente, reduzir os investimentos estrangeiros e reduzir o crédito;
d) uma nova ordem econômica e social mundial pode surgir com fortalecimento dos países em desenvolvimento (BRICA = Brasil, Rússia, India, China e África do Sul) e que colaborarão para reduzir a fome na África. Aos poucos aumentarão os investimentos produtivos nestes países;
e) pode haver severa redução do número de bancos no mundo, liderados por alguns poucos bancos da U.E. e da Ásia (no máximo 6) e que estarão mais voltados para investimentos produtivos, sociais e cooperativismos; o BIS (banco central dos bancos centrais) tende a fortalecer, pelos seus acertos em relação aos necessários “Planos de Basiléia” (que agora vê-se que só serviram para os países em desenvolvimento) e o FMI tende a enfraquecer;
f) quem sabe todos os países desenvolvidos seguirão o bom exemplo da U.E , que recentemente criou um Fundo de US$ 1,0 bilhão para alavancar a produção de alimentos para os países mais pobres (e ainda de agronergia), ou mesmo da Noruega que, recentemente, doou igual US$ 1,0 bilhão para a progressiva recuperação socioeconômica e ambiental da Floresta Amazônica. O produtor rural brasileiro precisa muito é deste tipo de parcerias de longo prazos (até 30 anos) para produzir alimentos e energias para o mundo, mas não quer mais ser espoliado e ainda culpado pelas degradações ambientais (na verdade os pagando pecados de produtores europeus, norte-americanos, e agora chineses, que dizimaram seu solo e ambiente há muitos anos). Certamente, com boa renda liquida garantida por longo prazo (o que ocorreria com vendas diretas aos consumidores finais e compras diretas de insumos e bases químicas dos países fornecedores, inclusive trocando por alimentos), a devastação não ampliará no País, pois há terra sobrando e só o que se precisa é de recursos baratos e em parcerias - benéficas e não especulativas - para ampliar as produtividades, reduzir custos e recuperar os solos (sobretudo as pastagens degradadas);
g) as commodities agrícolas e minerais – após subirem muito seus preços nos últimos 2 anos e até a 90 dias (exatamente pela bem maior liquidez, o que facilita as especulações de compras) - tendem a recuar seus preços internacionais ainda mais, prejudicando os produtores brasileiros neste momento de pré-plantio e com custos elevadíssimos (ampliação de até 150%); haverá redução do consumo de alimentos e de commodities nos países ricos e em desenvolvimento;
h) alguns estimam que o petróleo possa recuar para US$ 80,00 e até US$ 60,00/barril em até 02 anos. Já o minério de ferro poderia recuar, perigosamente, para até US$ 35,00/t.;
i) a economia brasileira, sobretudo a bancária, realmente está bem blindada, mas os produtores rurais não, pois seus preços são totalmente dependentes das Bolsas internacionais, dos consumos e dos preços internacionais de alimentos e, principalmente, do comportamento das agroindústrias fornecedoras e compradoras internas e que hoje já dominam, veladamente, pelo menos 35% do agronegócio brasileiro e, se considerarmos as suas atuações como Bancos e nos crescentes Programas de Integração Rural (também chamados de projetos de Fomento Rural) - inclusive com muitas terras próprias em alguns casos como o de florestas e cana - pode-se estimar uma participação entre 50% e 60% no resultado líquido anual do agronegócio;
j) alguns analistas entendem que o câmbio possa ampliar, progressivamente, para até R$ 2,50 em 01 ano no Brasil, o que é muito bom para as empresas exportadoras, e em parte para os produtores (podem anular em parte as previstas quedas das cotações nas bolsas de Chicago, Bolsa de Nova Iorque e Bolsa de Dalian);
k) no Brasil quem comprou insumo mais cedo – como vem sendo amplamente recomendado há anos - se dê por feliz, mas não se esqueça de fazer a proteção de preços, e assim da renda liquida, na BM&F (cotações ainda remuneradoras). Quem ainda não comprou insumos vai vê-los encarecer ainda mais em R$, embora tenham sido importados a cerca de 30 a 60 dias e com câmbio muito barato (até R$ 1,60= US$ 1,00); Aqui, a renda poderá ser francamente negativa (prejuízos). Em 2009, os preços dos fertilizantes podem ampliar ainda mais com o câmbio em alta;
l) felizmente, o PROER muito colaborou para blindar a maioria dos bancos brasileiros (não todos). Hoje há controle muito mais rígido pelo BACEN dos financiamentos, de suas garantias, redescontos etc.. e das adequações às exigências de Basiléia). Contudo, não se pode dizer o mesmo para os produtores rurais na recente e pretensa solução do endividamento agrícola, pois as causas e as “verdades” dele (quedas seqüentes da renda agrícola) continuam vigentes, e em ampliação, embora nada se faça para resolvê-las, e isto desde a Securitização, PESA, PESINHA, RECOOP etc.;
m) sem entrar no mérito, até porque não concordo muito, alguns economistas desconfiam que o principal objetivo da crise “em curso” seria a garantia de lucros elevadíssimos para os especuladores internacionais, orientados pelos chamados “Chicago boys”. Assim, primeiro eles quebraram as empresas chamadas de “ponto.com“ (empresas de programas de computador); depois, nos últimos 2 anos ganharam muito dinheiro especulando com commodities agrícolas nas bolsas (que só subiam) e agora atacam os bancos de investimentos e de hipotecas (“subprimes”, inicialmente no Japão e Coréia e agora nos EUA), e onde o principal objetivo real seria derrubar ao máximo o valor das ações das principais empresas mundiais, sobretudo de energia, alimentos, minérios etc., para, então, comprarem avidamente nas bolsas e terem elevadíssimos lucros por pelo menos mais uns 5 anos com as valorizações e seus dividendos (será ?). Na visão clássica e operacional de tais “boys”, o único propósito das empresas e corporações privadas é “ganhar o máximo de dinheiro possível para seus acionistas“. Assim, para H. Henderson, ganância, egoísmo, individualismo e “curto-prazismo” foram misturados com liberdade e democracia e elevados à triste condição de filosofia moral. “e pior, aceita por muitos como verdade absoluta” (é óbvio que há exceções, em especial no Brasil).
“QUE O BRASIL SIRVA DE LIÇÃO PARA O MUNDO, POIS AINDA HÁ TEMPO DE CONSERTARMOS O RUMO DO NOSSO AGRONEGÓCIO: O CELEIRO DO MUNDO”.
Prof. Clímaco Cezar de Souza
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